Segunda Chance

Capítulo 10 - Anahi

Anahi

- Está chateada comigo, Any? - Chris me pergunta suavemente.

- Não. Você fez o que achava que era certo. Como sempre, estava cuidando de mim.

- Não acredito como o Koko é tão imbecil. Como é que ele pode esconder isso do Poncho? - Pergunta Maite.

- Eu não sei. Mas eu posso te dizer que Poncho está furioso. Não tenho certeza do que ele vai fazer, mas tenho um palpite de que não será bom. - Chris responde.

Inclino-me sobre a mesa para me servir de outro copo de vinho. Quando Poncho cancelou o nosso encontro esta noite, eu fiquei magoada. Mesmo que ele tenha me assegurado que explicaria, minha mente se encheu imediatamente de maus pensamentos. Christian apareceu alguns minutos depois com duas garrafas do meu vinho favorito e eu soube que alguma coisa estava acontecendo. Maite já estava aqui para ajudar a me vestir, por isso ela ficou e ouvimos a história que Chris tinha pra contar. O alívio me inundou quando ele me disse que o recado no carro de Poncho era dele.

- Bem, vou descobrir logo. Ele disse que faríamos planos de novo amanhã. Talvez tentar levar Miguel para a praia de novo.

- Vamos falar sobre você e Poncho. Como se sente sobre tudo isto? - Chris olha para mim com preocupação no rosto.

- Confusa, assustada, sobrecarregada porque a ideia dele de levar as coisas com calma e a minha são completamente diferentes. Ele me disse que a mãe dele quer me ligar para saber sobre nosso filho. Ela iria vir até aqui para conhecê-lo.

- É uma coisa boa. Ele vai adorar.

- Isto não está indo muito rápido? Ele descobriu sobre o pai praticamente ontem. Agora, vou apresentar toda uma nova família para ele.

- Não está muito rápido. Pela impressão que ele me deu esta noite, não acho que Poncho vá a algum lugar. Miguel vai se adaptar.

- Tem razão.

- Outra coisa, Any, eu contei pra ele a nossa história. Eu podia dizer que ele ainda tinha dúvidas sobre nosso relacionamento. Eu queria esclarecer as coisas quando você me disse que ele pensava que eu era o seu refúgio na faculdade, mas esperei para ver se ele tinha boas intenções com você. Se ele vai estar na sua vida, achei que ele devia saber.

O choque me atinge. Chris nunca fala sobre o seu passado.

Ele teve um lar terrível e ambos os pais eram bêbados. Conhecemo-nos na escola primária e os meus pais souberam imediatamente que alguma coisa não estava bem. Eles tentaram várias vezes conversar com seus pais, mas nada mudou. Quando chegamos ao ensino médio, as suas notas eram baixas e ele estava ficando agressivo. Foi aí que os meus pais o levaram para morar conosco em nossa casa e ameaçaram entregar a mãe e o pai dele ao Serviço Social. Eles preencheram a papelada apropriada para se tornarem tutores de Christian. Isso foi um despertar para a mãe de Chris, que entrou na reabilitação na semana seguinte. Seu pai caiu fora. Ele enviou os papéis do divórcio um ano mais tarde. Nós pensamos que isto enviaria a sua mãe de volta ao fundo da garrafa, mas ela nos surpreendeu.

Christian voltou para casa, mas sempre teve um quarto na minha casa. Quando os meus pais morreram, ele ficou devastado, mas foi forte por mim. Nós sabíamos que eu tinha de mudar para casa da vovó Mari, por isso Chris perguntou se podia ir também. Vovó abriu a casa dela para ele de bom grado. Ele alternava entre ficar com a sua mãe e conosco. Conhecemos a Maite no nosso primeiro ano no ensino médio e o nosso trio era inseparável, não havia qualquer dúvida de que iríamos para a faculdade juntos.

Nunca ninguém compreendeu o laço que eu e Christian partilhávamos. Mas, realmente, ele é como um irmão para mim. Ele agradece aos meus pais por o ajudarem a entrar no bom caminho e não jogar fora a sua vida. Ele também acredita que foi a interferência deles que ajudou sua mãe a ficar sóbria. Eles nunca reconstruíram a relação, mas ele está agradecido que ela não bebeu até à morte.