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A manhã estava fria, mais uma, o verão parecia que nos tinha abandonado definitivamente. Alguns apostavam que, se no final de janeiro o calor já nos tinha deixando, a partir de maio sofreríamos com o pior tempo frio de todos os tempos, até chegar o rigoroso e temível inverno.

Eu tremia, não muito pelo frio, estava bem agasalhado, mas pela ansiedade que me consumia.

O Café da Renée foi para onde Renan nos levou no dia seguinte. Nos disse que encontraríamos uma tal amiga quem costumava iniciar suas manhãs no Café antes de enfrentar mais um dia cansativo.

Alguém que não acusaria Otavio de nada, ele nos avisou, mas que poderia afirmar que o que tinha em mente fazia sentido.

Renan não estava seguro, nos avisou antecipadamente que talvez estivesse completamente enganado, era apenas uma suposição, repetiu, apenas isso.

Nos pediu que agíssemos com calma, e fossemos gentis com quem iríamos nos encontrar. Talvez ela se contrariasse, talvez não.

Não consegui compreender o que quis dizer com essas palavras no primeiro momento e isso me assustou.

Estávamos em uma mesa, próximo a porta, esperando. O Café estava movimentado fazendo com que a porta abrisse e fechasse minuto a minuto, acionando uma campainha sobre o batente toda vez que a porta sofria algum movimento.

Seguimos suas instruções, nos mantendo quietos, Raica e eu. Raica nem falou, eu ainda insisti em tirar algumas dúvidas mas Renan disse que no momento certo me responderia.

O vento frio que invadia o Café toda vez que a porta era aberta fez me encolher o máximo para me manter aquecido. Conforme a ansiedade oscilava, o frio me dominava, e vice-versa.

O silêncio e a espera estavam me matando por dentro. Raica calada com os olhos fixos na tv atrás do balcão, e Renan com os olhos em todos que passavam pela porta.

Eu apenas os observava.

Não sentia mais raiva de Raica, ela se desculpou no mesmo dia, e o meu sentimento por ela era tão grande que não deixava outro sobrepor. Mas queria provar a ela que estava errada, eu era inocente, tinha absoluta certeza que sim, e, segundo Renan, essa resposta viria em minutos.

Assim que decidi perguntar a Renan sobre quanto tempo ainda esperaríamos, ele fez menção para que eu me calasse e com os olhos seguiu uma moça desde que entrou até que sentar-se na última mesa, no fundo.

- Quem é? – perguntei.

- Alessandra Halli. – sussurrou.

- Quem?

Insisti, mas Renan me ignorou, fazendo um gesto para a garçonete.

O ouvimos pedir um café a garçonete e mandou que levasse até onde a moça estava sentada.

Acompanhamos a garçonete se distanciar e então Renan nos guiou até a última mesa.

- Podemos te fazer companhia?

Renan disse em um tom educado, a moça tirou os olhos do cardápio e guiou até ele.
O encarou, me parecendo que forçava a memória para se lembrar quem era o rapaz que estava a sua frente.

- Renan? – disse em um tom temendo errar.

Ele sorriu como resposta. Ela fez um gesto aprovando seu pedido.

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