O barulho do trovão me fez acordar, assustado. Sem perceber adormeci, estava exausto com a noite mal dormida e, com o silêncio, não resisti. Caí no sono.
Não chovia, mas os sons dos trovões assustavam, e clareavam o céu cinzento.
Imediatamente me recordei das palavras de Otavio e tentei mais uma vez adivinhar sobre o que ele escrevera, ou sobre quem. Rapidamente um desconforto em minha cabeça me fez desistir, precisava estar melhor fisicamente e então pensaria mais sobre o assunto.
Eu olhei para o despertador ao lado da minha cama e vi que já era final de tarde.
Me lembrei então do diário, o achei meu lado, sobre a cama.
Enquanto me espreguiçava, planejando o que comeria, a maçaneta da porta do meu quarto se moveu.
- Alexandre?
A voz fraca de minha mãe do outro lado.
- Um momento.
Joguei o diário sob minha cama e abri a porta. Ela surgiu com um semblante desconfiado.
Vestia seu conjunto bege social e os cabelos já estavam um pouco mais soltos no fim da tarde.
- Porta trancada?
- Deve ter batido com o vento. Desculpe.
Justifiquei para que não entrássemos em mais um sermão. Portas trancadas significavam segredos, e boas famílias nunca tinham segredos, era o que meu pai dizia.
- Você recebeu o recado?
- Recado?
Me joguei sobre a cama novamente.
- O senhor Lobos me ligou hoje à tarde perguntando sobre você, disse que tentou te ligar mas não teve retorno.
Bocejei.
- Estou sem celular, mãe. A chuva do Ano Novo o molhou.
- Deveria ter me falado, filho. Não pode ficar sem celular nos dias de hoje. Como vamos nos comunicar?
- Vou ver se consigo consertá-lo, prometo.
Sorri querendo finalizar o assunto sobre o celular. Ela me encarou por um momento em silêncio.- Algum problema, filho? Parece abatido.
Rapidamente pôs a mão na minha testa e depois no meu pescoço, mania que tinha de medir a temperatura do meu corpo.
- Está se sentindo mal?
- Mãe, eu estou bem. Apenas não dormi direito estas noites, preciso descansar mais.
- Tem certeza?
Finalizou posicionando minha cabeça para próximo ao dela e me olhando no fundo dos olhos.
- Absoluta. – resmunguei.
Me olhou desconfiada, e claro que iniciou seu pequeno sermão.
- Dorme mal porque certamente fica ansioso. Acha que hoje eu não te vi saindo logo cedo?- Eu não saí escondido.
- E posso saber onde você foi?
- À casa do Otavio saber notícias sobre ele. – seus olhos demonstraram seu desconforto. – Estava preocupado, desconfiando que ele não tivesse voltado ainda.
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Diário do meu melhor amigo.
Mystery / Thriller- Três fatos, duas versões, dois amigos, uma verdade. O benefício de eliminar lembranças que nos machucam, traumas que nos destroem, e medos que nos aterrorizam. Por outro lado, os malefícios de não ter nenhuma lembrança, nenhum momento bom, e nem n...