Os dias voaram, e fevereiro chegou sem que eu percebesse. Eu não era mais o mesmo, como eu já te disse, eu mudei, para pior.
Minha vida estava diferente, minha rotina, meus gostos, meus pensamentos, minhas atitudes...
Não deixei de ir ao ASA, quando as aulas se iniciaram, sendo a única atividade que ainda mantive, mas não comparecia a faculdade com a intenção de estudar.
Mal prestava atenção no que os professores diziam, trocava mensagens pelo celular durante as aulas sem que eles percebessem.
Também não me importava se me mandassem para fora da sala. O fato era que nada me preocupava mais. Se fosse expulso da sala, tudo bem, se não fosse, tudo bem também. Viveria o que viesse para mim, sem medo, sem receio, sem arrependimento.
Eu tive meu celular de volta, não graças a minha mãe, mas graças a mim. Era uma boa ferramenta de comunicação para conseguir realizar meus desejos mais audaciosos.
Enviava mensagens a todas as garotas da minha sala, menos a Raica.
Ela tentou conversar comigo, mas eu a evitei no primeiro instante fazendo com que desistisse. Não fiz o mesmo com Renan porque ele respeitou meu espaço, me dizendo que estaria próximo quando eu precisasse.
Eu não queria mais saber de nada daquilo, Raica, Lincoln, minha mãe, Renan, Otavio, e diário, nada me interessava mais.
Aliás, devo dizer que Otavio ainda estava desaparecido, para sua sorte. Quando eu o encontrasse, se eu o encontrasse, ele sentiria fisicamente toda a raiva que havia guardado em mim durante um bom tempo.
Otavio estava certo: Ninguém é bom. Então por que eu seria?
Eu estava em uma nova fase, em uma nova vida, em estase. E gostava de estar. Se eu fosse crucificado, e acusado, então, que tivessem razão, que tivessem motivos, certo? Eu mesmo estava dando a eles, a quem quisesse. A minha mãe, a família de Otavio, a toda Campos do Jordão. Até ao delegado Fausto, eu não o temia mais, aliás, me senti muito idiota por ter um dia temido aquele homem.
Quando os professores pediam que fizéssemos grupos para alguma atividade, eu sempre me inseria em grupos que tinham mais garotas. E não conversávamos sobre o que a atividade exigia, os assuntos eram sobre supostos encontros.
Eu não pensava em outra coisa. Queria me divertir. Queria ser e fazer a diversão.
Durante a semana eu me encontrava com diversas garotas no ASA e então saciava meu desejo.
Cheguei a fazer sexo com mais de cinco garotas no mesmo dia.
Uma antes do início das aulas, em um local longe dos prédios do ASA, uma no intervalo, na última sala do corredor que não era mais utilizada, no final da tarde na sala de reuniões da biblioteca, contando com a ajuda do atendente, me custando quase cinqüenta reais.
E duas na noite, em casa, enquanto minha mãe estava fora. Posso contar duas não é? Fiz sexo com as duas, então conto dois. Certo?
Tanto faz.
Claro que todas pensaram ser exclusivas, mas eu não era de ninguém, nem de mim mesmo.
O lado bom é que eu nunca havia me sentido tão livre.
Não abandonei minha mãe, a seu pedido, mas não a encarava. Nossas refeições eram separadas, sob essa condição eu decidi ficar.
Ela nunca soube do vício que eu obtive. Sim, eu decidi por isso. Sabia o mal que me faria, mas, já te disse que nada me preocupava? Então, para mim era como se tomasse balas. Exatamente isso, balas.
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Diário do meu melhor amigo.
Mystery / Thriller- Três fatos, duas versões, dois amigos, uma verdade. O benefício de eliminar lembranças que nos machucam, traumas que nos destroem, e medos que nos aterrorizam. Por outro lado, os malefícios de não ter nenhuma lembrança, nenhum momento bom, e nem n...