Descontrolo

230 22 5
                                    

Ártemis regressou ao colégio e reparou que a porta do quarto estava destrancada. Teria Crystal chegado do seu estágio na Holanda?

Ártemis abriu a porta e quase gritou quando viu Oliver sentado no sofá a observar uma navalha muito atentamente.

Ela fechou a porta.

- Como é que conseguiste entrar? - perguntou ela, com medo.

Oliver continuou a observar a navalha e apontou para o livro que Ártemis estava a ler.

- Tens um grande interesse por lobisomens. - notou ele.

Ártemis encolheu os ombros, fazendo-se desinteressada.

- É um bom livro. - adiantou ela.

Oliver olhou-a nos olhos, concentrado.

- O que estás aqui a fazer? - quis saber Ártemis.

- Como correu o passeio? O James mostrou o seu lado romântico outra vez? - riu-se ele.

" Nós beijá-mo-nos" - foi o que quis dizer Ártemis, mas conteve-se.

Oliver levantou-se e aproximou-se e ela recuou por instinto, a sua atenção focava-se na navalha que Oliver segurava firmemente.

Ele apercebeu-se disso.

- Não te vou fazer mal, Ártemis. - prometeu-lhe.

Ártemis queria acreditar nas suas palavras, mas era difícil.

- Implorei-te para que não fosses. - disse ele, aproximando-se mais. Ártemis recuou e estava quase encostada á parede.

- Porque haveria de o fazer? - desafiou-o ela.

- Gostas dele?

Ártemis vacilou, se ele continuasse a aproximar-se era bem capaz de sair dali a correr. Oliver encurralou-a no canto, com os punhos encostados á parede e com a navalha junto aos cabelos dela, que estava presa no centro dos braços musculados do rapaz.

Ela petrificou ao senti-lo cada vez mais perto. Nunca tinha sentido nada assim.

Oliver continuou a aproximar a sua cabeça à dela e continuou, lentamente. Ártemis podia ver o brilho da lâmina afiada pelo canto do olho. E então, quando Oliver estava perto o suficiente, ele apertou seus lábios contra os dela.

Ártemis sentia o toque dos seus lábios suaves e um fogo espalhou-se pelo seu corpo, obrigando-a a corresponder ao beijo.

Então ela começou a beijá-lo realmente e entrelaçou o cabelo dele nos dedos, puxando-o mais para si. Ártemis sabia que era ali que queria estar e por momentos esqueceu-se da navalha que continuava nas mãos de Oliver.

Foi então que ele se afastou como se fosse espicaçado e agarrou-se ao abdómen que jorrava sangue e Ártemis reparou que tinha a navalha nas suas mãos. Tinha acabado de esfaquear Oliver.

Oliver olhou para ela, primeiro chocado, depois com o olhar carregado de cólera.

- Oliver... - disse ela.

Oliver saiu a correr do quarto e Ártemis seguiu-o.

- Oliver, espera! - gritou-lhe ela.

Ele entrou no seu quarto furtivamente e Wally entrou a seguir. Ártemis parou na porta.

- Oliver, eu não sei o que aconteceu, eu perdi o controlo do meu corpo! - tentou explicar-se ela.

Oliver tentou manter-se calmo enquanto tentava estancar o sangue com a mão.

- Ártemis, sai daqui! - ordenou ele, arrogante.

- Oliver desculpa, última coisa que queria era magoar-te. - continuou ele.

- Sai daqui agora! - bradou-lhe ele.

Wally tentava tirar Ártemis do quarto, mas ela resistia.

- Preciso que me perdoes, eu faço-te um curativo. - disse ela.

- Wally, tira-a daqui. - pediu ele.

- Oliver... - insistiu Ártemis.

- Tira-a daqui, Wallace! - gritou-lhe Oliver, furioso. - Eu não me estou a conseguir controlar!

- Preciso que me perdoes. - fungou ela.

Oliver respirou fundo para se acalmar e depois olhou-a nos olhos.

- Eu perdoo-te, agora sai daqui.

Ártemis foi empurrada por Wally e viu a porta fechar à sua frente e então ouviu algo partir-se, ela não percebeu o que aconteceu a seguir mas só conseguiu sentar-se ali á espera.

Passados vinte minutos de puro silêncio, Wally saiu e fechou a porta atrás de si.

- Ele está bem? - perguntou-lhe ela com uma expressão preocupada no rosto.

- Vai ficar. - respondeu ele, basicamente. O que é que aconteceu entre vocês os dois?

Ártemis baixou os olhos, não iria entrar em detalhes sobre o que acontecera entre ela, Oliver e aquele beijo... intenso.

Wally sentou-se ao lado dela.

- Porque é que lhe espetaste uma navalha? - voltou a perguntar ele, mais diretamente.

- Eu não sei. Nem sei como é que a navalha me chegou às mãos. - contou-lhe ela.

- É estranho...

- Eu sei que parece impossível, mas não fui eu, não era eu... acho que perdi o controlo de mim por um segundo, não sei explicar! - exclamou ela, atónita com tudo o que se tinha passado.

- É... acho que não é lá muito possível. - admitiu Wally.

- Podes não acreditar em mim, mas eu não era capaz de o magoar. Eu amo-o. - desabafou ela, sem conseguir evitar que as palavras saíssem. Era exatamente isso que sentia, e teve a certeza depois de ele a ter beijado. Ela amava Oliver, sabia disso.

Ele provocava-a e tentava magoá-la com as palavras, ele gostava de a ver irritada. Era desafiador, mas ela gostava dele.

Wally sorriu, quase de alegria e de triunfo, mas durou pouco tempo.

- Ele agora não quer ver ninguém. Talvez seja melhor falares com ele amanhã. - Wally levantou-se e deixou-a ali sentada.

Ártemis levantou-se também e caminhou lentamente até ao seu quarto. Ela deitou-se na sua cama, queria adormecer e acordar só na manhã seguinte, mas um instinto fê-la pegar no livro, estava ansiosa para descobrir o que iria acontecer a seguir.

Ia na parte em que Yasmin estava obcecada para descobrir o que John tentava esconder a todo o custo.

Tinha esfaqueado Oliver e não sabia como tinha acontecido. Perdera o controle de si, era como se alguém tivesse entrado no seu corpo. Teria sido possuída? E pior! Oliver iria acreditar nesta história?

Ele tinha-a recebido da pior forma possível e depois teve uma repentina mudança de comportamento, salvou-lhe a vida e agora beijara-a.

E depois havia James, era verdade o que sentia por Oliver, mas James tinha sido tão querido com ela desde o início! Estaria a ser injusta com ele se o deixasse agora. Ártemis sentia-se dividida

A Um Passo Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora