~ O Tiro Destruidor ~

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Eu nunca pensei em dizer isso, pois nunca imaginei a possibilidade disso acontecer, na verdade eu não queria, se acontecesse eu não ia suportar a dor, mas acreditava que isso estava muito longe de ocorrer, que teríamos uma vida inteira juntos, não foi bem assim...

Aquela foi nossa última noite juntos, nosso último momento, nossa última troca de olhares, meu coração saiu pela boca e o arrependimento e a dor invadiram meu peito, nunca senti algo assim, entrei em desespero e fiquei sem reação ao ver o outro homem que não sabia o que fazer, decidir os próximos segundos, ele sacou a arma e disparou dois tiros em direção a Cris que estava de costas empurrando o homem, o primeiro atingiu o ombro, ele assustou-se, sentiu a dor e virou-se, foi ai que disparou-se o segundo tiro, atingindo-o o no peito, o disparo que trouxe a mim uma dor infinita, minha mente esvaziou-se, meu corpo estremeceu, gelou-se completamente, tudo parecia estar em câmera lenta, inclusive a dor que chegará em meu peito, Cristopher desviou o olhar do bandido para o meu rosto em aflição, colocou as mãos no peito, olhou para o ferimento, retornou a me olhar e sorriu, seu corpo caiu rapidamente no chão, ele gemia de dor. 

- O que você fez cara?!! - desesperou-se o homem que estava brigando com Cristopher - não era pra atirar em ninguém!!

- Eu não sabia o que fazer! - largou a arma no chão

- Vamos embora! - largou nossos celulares e correu junto do outro

- Cristopher!! - gritei e corri até ele

Finalmente as palavras conseguiram ser expressadas, minha vista estava embaçada, os olhos ocupados com muitas lágrimas que escorriam pelo meu rosto, ajoelhei-me ao lado dele e acariciei o cabelo, olhei para o ferimento e me desesperei mais ainda, ele não parava de sangrar, não tinha muito tempo, eu pude ver nos olhos dele, a dor o corroia, tremia e gemia de dor, o brilho que sempre manteve em pé nos olhos dele, estava partindo.

- Pelo amor de Deus não me deixa Cristopher

Ele sorriu e conseguiu acariciar meu rosto

- Você prometeu que não ia me abandonar! - chorei mais ainda

- Eu vou sempre estar com você - cochichou com o pouco de voz que lhe restava

- Eu vou ligar pra ambulância, você vai superar isso! - inclinei-me e peguei meu celular

- Hailey, você foi a melhor coisa que me aconteceu, eu te amo - pronunciou-se com os olhos cheios de lágrimas

- Não por favor Cris, não faz isso comigo - desabei mais ainda - eu te amo meu amor

Fora nossa última conversa, nossa últimas palavras ditas, "eu te amo", a última vez que pude ouvir aquela voz rouca e ao mesmo doce, eu estava com raiva, raiva daqueles homens, raiva de mim de não ter feito nada, raiva até dele por ter me abandonado, ele prometeu, Cris fechou os olhos e sua alma foi embora, deixando-se deslizar pelo seu lindo rosto uma última lagrima, uma lágrima de tristeza, de dor, de amor.

Deitei meu corpo sobre o dele, o abracei e sussurrei o nome dele repetidamente, quando finalmente consegui me recuperar por alguns segundos do choro, liguei para a ambulância, por sorte era perto dali, fiquei sentada ao lado dele, segurei bem firme sua mão e observava atentamente cada detalhe do rosto dele. 

Aquele tiro não havia atingido apenas o coração de Cristopher, o meu também, e como havia atingido...

A ambulancia chegou juntamente da policia, em torno de 10 minutos depois, pediram para que eu me afastasse e contasse melhor o que aconteceu, me levantei e fiquei ao lado do policial observando os médicos analisarem a situação de Cris, mandaram fazer uma ronda pelo bairro, para ver se encontrariam os homens, um dos policiais recolheu a arma e disse que levaria para fazer uma analise, assim conseguiria facilmente achar as digitais dos homens e prende-los, fiquei um pouco mais aliviada, mas aquela dor não saia do meu peito. Colocaram Cris na maca, em seguida dentro da ambulancia, entrei na viatura, e fomos todos para o hospital. 

Chegando lá, levaram Cristopher para uma sala, o policial foi até a recepção e pediu para ligar para os familiares de Cris e para os meus, fiquei na sala de espera, ainda chocada com a situação. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

Os pais de Cristopher chegaram 10 minutos depois, entraram desesperados no Hospital, os olhei e a mãe dele estava desabando, o pai não chorava, mas eu ia nos olhos dele o arrependimento da maneira que tratou o filho, respirou fundo e desviei o olhar, eu estava sem reação. 

Eles procuraram saber mais noticiais, quiseram até entrar para vê-lo mas não era possível, os médicos e policias estavam o acompanhando, foram encaminhados para a sala de espera, me viram e correram para me abraçar, não os abracei, pois como disse, eu não tinha noção do que fazer, não tinha nem forças para me levantar direito, parecia que meu mundo havia desabado, meu corpo doía intensamente, só não mas que meu coração,  ele estava despedaçado, havia conhecido um novo sentimento, a verdadeira dor, o luto. 

Os segundos a chegar foram meus pais, assim como os de Cris já estavam ciente do que havia acontecido, afinal eu havia detalhado ao policial o que acontecerá. 

Foram até a recepção saber onde eu estava e correram até mim, meu pai foi conversar com os de Cris, tentar conforta-los enquanto minha mãe me abraçava e agradecia a Deus por eu estar bem, não pronunciei nenhuma palavra, apenas a olhei com os olhos cheios de lágrima e sentei-me. A vez de minha mãe conforta-los, enquanto meu pai sentava do meu lado e pegava na minha mãe, segurou firme e me olhou

- Eu sinto muito - foi tudo que ele conseguiu dizer me olhando fixamente nos olhos

Também não me pronunciei, ele soltou minha mão e foi em direção aos pais de Cris novamente. Eu achei que eles iriam me dar uma bronca por ter fugido do colégio, mas não, por sorte eles se conscientizaram do que acontecerá, de que eu havia perdido uma das pessoas mais importantes da minha vida. 




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