Acho que meia hora já havia se passado, um dos médicos finalmente saiu da sala, chamou os pais de Cris, perguntando se eles gostariam de entrar, eles aceitaram e foram, meus pais se levantaram e ficaram próximos a janela conversando enquanto me olhavam, pareciam preocupados com a minha situação, desde que cheguei ali estava quieta de braços cruzados, nem me movimentar e nem dizer nenhuma palavra.
Alguns instantes depois, os pais de Cris sairam, piores do que entraram, chorando muito, inclusive o pai dele, mas me mantive firme, tentei não demonstrar fraqueza, tentei não chorar, eles se aproximaram de meus pais e conversaram com eles perguntando se eu queria entrar, e então todos eles vieram ao meu redor, meu pai abaixou-se e me olhou nos olhos
- Querida, você vai querer entrar? Para...para vê-lo? - gaguejou
Não disse nada, apenas levantei o olhar e balancei a cabeça em sinal de negação, então os pais dele se despediram de mim com um outro abraço, mais abraços em meus pais e foram embora, ouvi-los dizer que já teriam que preparar o funeral...
- Vamos embora? - minha mãe me dirigiu a palavra
- Falamos com o diretor da escola, ele disse que daria apenas uma adivertência por ter fugido da escola mas que poderia passar essa semana em casa, o tempo que quiser. - completou meu pai
Continuei quieta, apenas me levantei e caminhei em direção a saída do hospital, eles me seguiram, apressaram o passo, assim caminhando ao meu lado.
Entrei no carro, coloquei o cinto e passei o caminho todo olhando pela janela, meus olhos permaneciam cheios de lágrimas, mas eu recusava em solta-las.
Meu pai estacionou o carro na garagem, descemos e entramos, só dei uma olhada na casa, respirei fundo e subi pro meu quarto, deixei a porta aberta e deitei na cama, fiquei um bom tempo olhando pro teto até que lembrei que estava com os celulares no bolso, peguei primeiro o meu, olhei-o por alguns segundos e deixei em cima da comoda, peguei o de Cris e fiquei observando, até que tomei coragem e desbloqueei, entrei nas fotos e vi diversas delas dele comigo, sorri mas logo me lembrei que eu nunca mais o veria, e então fechei o sorriso, a cada foto que eu passava era um tiro em meu peito, não aguentei e deixei as lágrimas escorrerem sem parar pelo meu rosto.
Meu pai passou no corredor e ficou parado na porta me olhando, demorou um tempo para que eu o percebesse ali, mas quando o olhei, ele abaixou a cabeça e seguiu andando, acho que estava de se aproximar de mim e acabar falando bobagem, bom, eu acho que ele está certo, tudo que eu quero agora é ficar quieta na minha.
Fiquei mais um tempo olhando as nossas fotos juntos, até que meu celular tocou, peguei-o, olhei e era Lari me ligando, respirei fundo e atendi, mas não falei nada, esperei ela pronunciar-se
- Amiga? - disse com uma voz tristonha
- Fala - sequei as lágrimas
- Eu fiquei sabendo, o diretor já avisou todos da escola, eu sinto muito, como você está se sentindo?
- Eu não quero falar sobre isso, tudo que tenho a dizer que esta sendo muito dificil pra mim, depois a gente conversa, ta?
- Ta bom. Beijos
- Beijos - desliguei
Respirei fundo e joguei o celular no tapete do quarto, deitei-me de barriga pra baixo e cobri meu rosto com as mãos, pus-me a chorar novamente, acho que chorar era a única saída por toda essa situação, não via outra escolha, era tudo que conseguia fazer no momento.
Senti alguém tocando no me ombro e cochichando no meu ouvido "eu estou aqui", a voz era semelhante a de Cristopher, confesso que aquilo me assustou, arrepiei-me toda e olhei ao meu redor, respirei fundo e resolvi descer pra sala, aquilo me deixou com medo.
Meus pais estavam no quarto dormindo já, liguei a tv e coloquei na minha série preferida, The Vampires Diaries, e fiquei assistindo, já era pra mim estar dormindo, mas como tudo que aconteceu, duvido que eu nao consiga dormir por um bom tempo. Resolvi ir fazer um leite quente para mim, caminhei até a cozinha e preparei, 5 minutos depois já estava pronto, resolvi subir pro quarto e tomar lá mesmo, tranquei a porta, liguei minha tv e deitei na cama, só que senti mais uma vez alguem me tocando, dessa vez na minha mão, e ouvi novamente a voz de Cris
- Não tenha medo, eu estou aqui
- Meu Deus! - gritei e derrubei o copo com leite na cama
- Hailey - continuou a voz falando comigo
Olhei para todos os cantos, para ver se conseguia o ver, mas nada adiantava, só ouvia a voz, e aquilo estava me assustando, corri para um canto do meu quarto, sentei-me e abaixei a cabeça, tampando os olhos na expectativa daquilo passar
- Por que comigo? Me deixa em paz, me deixa em paz.. - eu cochichava
- Hailey - senti tocar no meu ombro novamente
- Me deixa em paz!! - gritei assustada
Meus pais saíram correndo do quarto, bateram na porta e eu corri para abrir, abracei meu pai que foi o que primeiro que vi e comecei a chorar
- O que foi querida? Ta tudo bem, ta tudo bem - me deu um beijo na testa
- Manda ele me deixar em paz - disse ainda nos choros
- Ele quem meu amor? - me olhou
- Ele, eu não sei quem é, é a voz de Cristopher
Meu pai olhou para minha mãe e arqueou as sobrancelhas, percebi tudo e os encarei
- Eu não to doida, se é o que vocês estão pensando! Ele me tocou! Duas vezes e me chamou! Eu só não o vi
- Querida, seu dia foi muito complicado hoje, é melhor você deitar e dormir
- Pai, eu to falando sério, e eu to com medo
- Vai ficar tudo bem - me abraçou novamente
Eles insistiram para que eu voltasse para a cama, mas me ajudaram com o leite que derramei no cobertor, trocaram e me obrigaram a deitar-me, eles saíram do quarto e segurei firme o travesseiro, eu estou com esse sentimento horrivel de luto e ao mesmo tempo com medo, aquilo estava me atormentando, será que eu to delirando?
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~Sempre Ao Seu Lado~
RomanceQuando ele é marrento, ela é mais marrenta ainda Ele que nunca foi de se apegar, se apegou Ele que sempre magoava, se magoou Se odiavam, e esse ódio se transformou em um amor inquebrável. Se afastavam cada vez que se viam, agora não vivem sem o ou...