Capítulo 8

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Algum tempo depois, que por mim foram apenas minutos, meu celular toca. Olho na tela e era Kush, eu estava muito atrasada. Eu já não estava na sala do apartamento, estava em uma das camas com Pether me abraçando, dormindo profundamente. Não sabia se Brianna ainda estava ali, pelo jeito peguei mesmo no sono. Meu celular marcava uma e quinze da manhã. Levantei-me apressada e passei a jaqueta de couro pelos braços, na sala peguei meu capacete e saí apressada do apartamento sem fazer nenhum barulho. Em frente ao prédio finalmente atendi o celular.
- Mandy, você está atrasada. - Gritou Kush do outro lado da linha, ele parecia irritado. - Onde foi que se meteu?
- Estarei em casa por volta de quinze minutos. - Respondi rapidamente e desliguei, subindo na moto e saindo em disparada pelas ruas.

Quando virei na minha rua pude ver o único carro estacionado ali, e estava em frente a minha casa. Deixei a moto em frente a garagem e fui para o carro dele, jogando o capacete e a jaqueta no banco de trás. Fizemos o percurso sem dizermos nenhuma palavra e isso foi bom.

Na casa de Emma, Kush pula a janela e a chama para nos encontrarmos no quintal. Enquanto ela se arrumava, ele estaciona o carro para que fique de frente para nós, assim o farol ilumina no lugar das pequenas lanternas. Emma chega carregando sua pequena lanterna que logo apaga ao ver o carro.
- Olá garotas, hoje nós vamos aprender lutas com espadas. - Arregalei os olhos, não estávamos prontas para esse tipo de arma. - Não com as verdadeiras digo. Fiz através de madeira de carvalho dois pares de espadas correspondente a cor do seu time, ou seja, Mandy amarelo e Emma azul. Não haverá regras, ambas podem fazer o que acharem melhor, quem conseguir derrubar a outra em menos tempo, ganha mais pontos. Prontas?
- Sim. - Respondi firmemente.
- Prontas. - Responde Emma um pouco insegura. Kush nos lança as espadas e pego a minha rapidamente por causa dos meus reflexos aguçados. Emma deixa a dela cair.

Kush já estava com a prancheta em mãos e rabiscava algumas coisas nela, talvez um novo gráfico de desemprenho. Nos posicionamos uma de frente para a outra e esperamos o apito, até que ele finalmente é tocado. Fico imóvel esperando Emma que vem correndo em minha direção, a agonia de querer me defender é grande mas eu preciso deixar que Emma dê os primeiros golpes. Ela acerta com toda a força a espada pesada no meu braço direito, em seguida no lado esquerdo e me derruba com um chute. Ela fica ofegante com estes simples movimentos, ela me ajuda a levantar e sem demora a acerto no ombro esquerdo. Ela cambaleia alguns passos para trás e eu vou pra cima dela tentando ser intimidadora e não fazendo movimentos rápidos para que ela possa se defender. Tento uma investida e ela desvia atacando minha perna, a acerto na parte direita do rosto e caio de joelhos. Ela derruba a minha espada e me acerta no queixo, derrubando-me de vez no chão. Kush comemora por Emma.

Eu me levanto e pego a espada, a dor do golpe já havia se dissolvido a um tempo. Emma já estava sangrando muito e aquilo me preocupava, os golpes em que a acertei não eram para ser tão fortes a ponto de machucá-la. Ela não se recuperaria e Kush com certeza iria notar. Kush da o sinal para recomeçarmos e eu corro na direção de Emma, dou um curto salto e a acerto no pescoço. Ela levou a mão na garganta e pensei em finalizar logo, dou um meio giro mas sou golpeada na costela fazendo uma lufada de ar sair depressa pela minha boca. Me recupero rapidamente e a golpeio no braço, vi seus olhos revirarem e em fração de segundos ela já estava no chão, ofegando. Ajoelho-me ao seu lado e lhe peço desculpas. Eu deveria ter racionado ainda mais a minha força, Emma é humana, não Nefilin. Kush também já estava ao nosso lado e a olhava confuso.
- Por que não está se curando? - Perguntou e uma ruga se formou no meio de suas sobrancelhas.
- O processo de cura dela é muito lento, temos que parar por hoje Kush. - Não consegui esconder a angústia na voz. Ele concorda e rapidamente a ajudo a se levantar e a entrar na casa, a deito em sua cama e vou ao banheiro pegando um kit de primeiros-socorros que achei por ali, e comecei a limpar as feridas dela.
- Me desculpe Emma, eu fiquei frustrada por não estar te derrubando que acabei me esquecendo. - Menti. Não queria dizer que não consegui controlar minha força, achei que poderia soar fraco demais.
- Não precisa se desculpar, você foi bem! Tenho dó dos Nefilins na batalha, você acabará com todos assim. - Ela diz e não consigo reprimir um sorriso. Ela acaba dormindo e eu continuo enfaixando seu braço já com manchas arroxeadas destacadas na pele meio pálida e limpando o sangue de sua sobrancelha.

No caminho de volta Kush não falou nada de novo, apenas um "boa noite" quando me deixou em casa. Não fiquei frustrada, eu gosto de pessoas que não acham necessidade de preencher o silêncio. São o tipo de pessoas mais fáceis de se conviver. Mais uma vez eu pulei a minha janela e me joguei na cama, dormindo profundamente.

Acordo as 06:00hrs com o celular gritando ao lado. Tomo um banho quente e visto uma calça jeans clara, camiseta cinza, uma jaqueta de couro e all star preto. Pego meu capacete e a mochila da escola já saindo de casa, não como nada para não me dar ainda mais sono durante a manhã gelada. Subo na minha moto e após um longo bocejo, dirijo por entre as ruas cobertas de neblina.

Toca do Lobo - Batalha entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora