Capítulo 12

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     — Então, quem é você? — Eu me afastei um passo para trás, pronta para me defender de qualquer ataque. Eu não entendia o porque essa garota loira tinha me arrastado até aqui.  Ela parecia ter quase dois metros de altura, uma típica altura de Nefilim.
     — Eu sou Nyx, e o prazer é todo seu. — Ela disse de forma arrogante mas com um tom divertido — Gostei muito do que fez lá dentro. A décadas ninguém confronta Francis daquela maneira. — Então ela havia gostado do modo em que fiquei petrificada no meio daquele pessoal todo, e pelo seu tom de voz ela não parece muito feliz com a situação.
     — Eu sou Mandy, e... Obrigada? — Respondi. Ainda estava em espera de um ataque. A altura dela me intimidava, dois metros perto de meros um e setenta e cinco são de dar medo.
     — Eu ainda não consigo entender o porque fazemos isso, toda essa guerra. De século em século metade de nossa espécie morre. Mas Francis sempre quer guerra. Também, ele fica de escanteio, nunca entra no campo de batalha. Mas se entrasse eu mesma cravaria meu machado naquela testa enrugada. Tudo culpa do Brett, aquele sem noção...
     — Espera, Brett? Quem é? — Ela falava muito rápido, as vezes atropelava as palavras. Era um pouco difícil acompanhá-la.
     — Você nunca ouviu a história sobre a criação da maldição dos lobos? Então, Brett era o feiticeiro que desafiou um cavaleiro e perdeu, mandando a maldição naquele pobre homem.
     — Então o mago se chamava Brett? Ele fez tudo isso com a família dos lobos?
     — Sim. É ainda pior ter uma ligação direta com o sangue dele. Minha família é toda da geração dele, os Gleave's. É de sangue sempre ter raiva daqueles que nos fazem sentir inferior. Mas os lobos não merecem esse tipo de coisa, já foram amaldiçoados, o maldito do Brett já estragou a vida deles e agora faz parte do nosso "destino" matá-los? Não! Não vou matá-los. — Eu me espantei. Ela era contra os ideais dos Nefilins?
     — Você está do lado dos lobos? — Perguntei num sussurro. Eu tinha medo de alguém escutar a nossa conversa. Pois todos que estavam dentro do galpão tinham uma audição estupenda.
     — Claro, meu namorado é um lo... — Ela parou de falar. Seus olhos ficaram espantados, assim como os meus. Ela tinha um namorado lobo? Ela era, como eu?
     — Você tem um namorado lobo? — Eu perguntei espantada. Tive medo de ela pensar que eu contaria para Deus e o mundo, mas ela apenas concordou com a cabeça. — Como? — Foi só o que consegui dizer.
     — À uns dois anos atrás eu fiz intercâmbio na África. Lá, no alojamento da faculdade eu sempre via um homem, ele estava um ano a frente de mim, mas ele era tão encantador que comecei a gostar dele mesmo não tendo trocado nenhuma palavra. Uma noite, eu e minha colega Cíntia saímos para jantar, ela convidou o namorado e o mesmo convidou dois amigos. Um deles era aquele homem, e seu nome era Gord. Nós nos conhecemos naquela noite e a paixão só foi ficando mais intensa. E então, os dez meses que me restavam naquele país nós namoramos. — Ela disse agora mais devagar, parecia ter nostalgia ao se lembrar do namorado.
     — Ele descobriu que você é Nefilin? — Perguntei mais interessada do que achei que estava. Eu achei uma garota igual a mim, com uma situação parecida e isso me deixou muito feliz, como se um enorme peso tivesse saído das minhas costas.
     — Eu o contei quando ele me mostrou sua forma. Eu já sabia o que ele era pois senti um sentimento forte por ele na primeira vez que o vi, e isso é como o nosso radar para lobos. Mas mesmo assim eu o amei. Ele não se importou e disse que me amava e queria me apresentar a sua família, sua alcatéia. Naquele almoço eu estava cortando um pedaço de queijo e a faca estava muito afiada, ela escorregou do queijo e acabou cortando meu dedo, um corte fundo. O que me entregou foi a cura rápida, que em menos de dois segundos o corte já estava cicatrizado. Tive que vir embora no mesmo dia, pois os familiares dele queriam me matar. — Concluiu e então sorriu, novamente com o olhar nostálgico.
     — Isso é demais, quer dizer, a parte do namoro. Eu também tenho um namora... Um lobo na minha vida, que amo mais que tudo. — Eu contei com um sorriso no rosto.
     — E como ele se chama? — Ela perguntou, parecendo ter o mesmo sentimento que eu por causa daquela situação.
     — Pether Chase. — Ela me olhou com os olhos apertados. Parecia me analisar.
     — Gord me contou que um Alfa desta região foi até a África para travarem um acordo e um dos homens se chamava Pether, o Alfa tinha o sobrenome Chase e o nome era alguma coisa com M... Matheus, Micael...
     — Miguel? Miguel Chase. — Respondi.
     — Sim. Graças a ele Gord está vindo para cá, o verei de novo depois de tanto tempo. Diga a ele que estou agradecida. — Ela disse socando novamente de leve meu ombro. Eu sorri. — Eu tenho que ir. Estou me preparando com treinos separados. A conselheira Debby quem está me dando aulas de esgrima. Posso dizer a ela que você vem treinar, se quiser.
     — Não, obrigada. Eu já treino com o Kush. — Respondi. Ela pareceu surpresa novamente.
     — Kush Kumira? — Eu afirmei com a cabeça. — Uau, você treina com o braço direito do Sr. Jeff, que é braço direito do Major Francis. Você deve ser uma favorita. — Ela disse impressionada. Eu estava do mesmo jeito. Kush era braço direito do meu pai? E porque ela chamou o Jeff de Senhor? Ela me deu as costas dizendo: "Até a próxima reunião" e se misturou na multidão que se espalhava pelo pátio de terra avermelhada. Eu segui até o civic cinza, agora sujo. Meu pai e Michel já estavam lá, me esperando. Entrei  no carro e seguimos viajem em silêncio.
     — Conversaremos sobre o seu acontecido de hoje, amanhã. Entendeu? — Disse Jeff. Eu concordei sem olhá-lo. Chegando em casa apenas tomei uma xícara de chá e peguei minhas chaves e o capacete saindo apressada com a moto pelas ruas geladas para colocar os pensamentos no lugar.

Toca do Lobo - Batalha entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora