Capítulo 3

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Alguns dias depois...

Samid***

Muitas coisas estão acontecendo aqui na cidade desde que por aqui cheguei, fiquei por dois dias somente no Hotel Central, logo o Zé Mentirinha ajudou- me a encontrar uma casa, para alugar.
Hoje eu vou à uma imobiliária em busca de alguma coisa para comprar e vamos ver no que vai dar.
Após o almoço o corretor chamou- me em sua imobiliária para apresentar- me algumas coisas.
Cheguei...
- Olá senhor Clóvis, tudo bem com a sua pessoa?
Eu estendi a minha mão direita e ele disse ao esticar a sua também:
- Olá senhor...
Eu disse:
- Pode me chamar de Samid.
- Pois bem, Samid.
Notei que ele marcou em um papel o meu nome.
- Seja bem vindo aqui em minha imobiliária, vamos ver se eu vou conseguir te ajudar, saiba que é o meu maior desejo poder ajudar- te, afinal, eu te ajudando, também estarei ajudando- me.
Rimos juntos e ele continuou:
- O quê o senhor deseja?
Ele disse isto enquanto ligava o computador.
Eu olhei para ele e disse:
- O quê você tem aí para mostrar?
O senhor Clóvis, ajeitou- se na cadeira e posicionou o seu computador, de forma que dava para ele e eu vermos ao mesmo tempo a tela, ele começou a ver algumas fazendas à venda...
- Bem...
Ele começa a expor o que tem para vender.
- Eu tenho esta aqui, senhor...
Olhou para a sua marcação e continuou:
- Samid, muito boa localização, preço muito bom.
Ele falou os detalhes e eu fiquei atento a tudo, no entanto não agradou- me em nenhuma e quando eu estava prestes a sair da imobiliária, ele disse- me:
- Senhor Samid, aqui está a fazenda que eu tenho certeza que o senhor vai gostar.
Eu sentei- me novamente e fiquei atento ao que ele tinha para dizer- me, aí ele começou a mostrar- me a tal fazenda:
- Dê uma olhada, ela é sensacional, muito aconchegante e bela por natureza.
Eu posicionei- me para analisar melhor o que ele estava falando. Ele continuou:
- Com uma belíssima cachoeira ao centro, rodeada de eucaliptos, que ao uma certa hora do dia, o sol bate direto na bacia da cachoeira que reflete raios solares para todos os cantos da fazenda, com quarenta alqueires de terra, já tudo pronto para morar e em ótimo estado de conservação. Uma localização privilegiada com vista para as montanhas que cortam a cidade, uma casa grande verde ao meio, onde se acorda todos os dias com os sons dos sabiás, tico tico, garças e outros visitantes cantantes que vem ocupando esta fazenda, O Reino Dourado. Com toda infraestrutura instalada e pronta para morar.
Meus olhos encheram- se de emoção, a forma que ele disse deixou- me um tanto animado e no mínimo curioso.
- Quero ver O Reino Dourado.
Disse para o Clóvis.
Saímos na mesma hora para ver a fazenda.
Tenho aprendido nos últimos dias que a oportunidade é dada e devemos aproveitar na mesma hora.
Não muito longe do centro, o Clóvis anuncia:
- Chegamos!
Quando ele disse isto, olhei para a placa bem de frente escrito:
" O Reino Dourado "
Antes mesmo de entrar, eu comecei a olhar para todos os detalhes do lugar. Era de fato encantador, uma paz que emana deste reino dourado que não dá para descrever.
Tudo estava em seu lugar, não havia nada que pudesse mudar ou que precisasse fazer alguns alguns justos, era cada coisa em seu lugar.
Ao entrar, pude compreender na prática o que exatamente o senhor Clóvis tinha dito ao dizer sobre O Reino Dourado.
Que cachoeira mais linda que os meus olhos contemplaram neste lugar.
Ao terminar de olhar tudo, ainda no caminho, perguntei para o senhor Clovis:
- Posso imaginar que este lugar deve custar uma fortuna...conta- me, qual o motivo desta pessoa ter deixado este lugar tão maravilhoso e depois mudar- se seja lá para onde foi?
O senhor Clóvis coçou a cabeça e começou a falar, dizendo:
- Bem, é uma história muito longa, mas, eu posso te resumir assim. Esta fazenda foi de uma família bem tradicional daqui de Paraisópolis. Mas, uma sequência de mortes foi tomando conta deles, todo ano morriam dois da família, com isso eles foram desaparecendo, eram velhos, jovens e crianças, não tinha idade para a morte levar. Então, os últimos decidiram vender e ir embora, achavam que era culpa da cidade e deixaram na minha imobiliária para vender. Para falar bem a verdade, eles pediram para eu vender bem barato, para vender logo, sabe...
Ele respirou um pouco e continuou a falar:
- Normalmente, eu não conto esta história para os possíveis compradores, pois, eles ficam com medo, mas, uma coisa não tem nada a ver com outra, não é verdade mesmo?
- É, também acho que não tem nenhuma ligação com os fatos...
Respondi e em seguida perguntei:
- Quantos reais que eles estão querendo na fazenda?
O senhor Clóvis, não demorou nada para responder e disse:
- Ele está querendo quatrocentos mil reais na fazenda.
Eu fiz uma careta:
- Puxa não tenho todo este dinheiro, mas, ficaria com ela se ele abaixasse um pouco e continuei:
- Será que ele diminui um pouco mais e eu vejo quais são as minhas possibilidades?
Nisso já estávamos chegando a imobiliária e ao se despedir de mim, ele finalizou a conversa:
- Senhor Samid, eu vou ver o que consigo fazer e o senhor pode vir aqui amanhã a tarde?
Respondi com um tom de sorriso:
- Combinado, volto amanhã e espero uma resposta boa para nós.
Saí e voltei para a casa onde estou morando.
Joguei- me na cama e fiquei pensando na loja de produtos para sexo...
Aqui tem tudo para dar certo, pois, afinal de contas não existe nenhuma destas lojas aqui, a minha será a primeira.
Comecei a ver fornecedores dos produtos, logo deu- me um estalo, fui para rua tomar uma cerveja e conversar sobre o assunto da loja aqui na cidade; fui fazer uma pesquisa, só para sentir a aceitação do povo.
Entrei na padaria e pedi uma cerveja bem gelada.
Comecei a tomar e para a minha surpresa, o Antônio, lá do hotel central, sentou- se ao meu lado e sem perceber quem era eu, disse para para o garçom:
- Por favor, manda- me uma cerveja! Por que hoje eu quero beber!
A cerveja chegou, ele tomou um copo atrás do outro, quando faltava um copo, ele pediu uma outra cerveja e terminou de beber o último copo de primeira cerveja.
Aí ele olhou para mim e disse:
- Oi Desculpas, eu me chamo Antônio e você?
Percebi que ele já estava um pouco alterado, pois nem lembrou- se de mim, estendi a minha mão e disse:
- Prazer, me chamo Samid.
Ele tomou mais um copo e falou, tipo desabafando:
- Você entende né? Vida de casado não é nada fácil, principalmente quando somos jovens.
Eu respondi:
- É, eu imagino, são duas cabeças pensantes e se não afinarem as ideias, a coisa tende a não dar certo.
Nossa! Estava eu ali dando conselhos para um cara que nem tinha afinidade, para o marido de uma mulher que eu achei um maravilhosa, que coisa né?
Ele ficou bastante pensativo no que eu disse e tomamos mais cerveja em silêncio.
Ele olhou para mim sério e disse:
- O quê você acha que devo fazer?
Nesta hora, deu- me uma forte vontade de falar para ele que jogasse a aquele avião no meu colo que eu daria um jeito, mas, contive- me e disse somente:
- Cara...
Pensei para não dizer besteira:
- Tenho uma ideia boa agora.
Agora, por que a que eu tinha pensado antes não era nada boa para ele, mas, para mim sim. Continuei:
- Meu amigo, mantenha acesa a chama do seu amor a qualquer preço, isso muitas vezes vão ser caríssimos, mas, ao final valerá sempre a pena.
Ele pegou um pedaço de papel e tirou a sua caneta do bolso e anotou o que eu havia dito e disse ao término da sua anotação:
- Gostei do que você disse, anotei para não esquecer. Obrigado pelos conselhos, hoje não estou bom das ideias, mas, prometo analisar direitinho o que você disse.
Aí ele ficou um bom tempo pensativo, eu não quis interromper os seus pensamentos, continuei a tomar a minha cerveja, mas, depois de suas reflexões, perguntou:
- Me parece que eu te conheço de algum lugar, mas, não estou conseguindo lembrar- me, faz tempo que você mora aqui?
Eu limpei a garganta para poder falar e disse:
- Não, faz pouco tempo que eu estou aqui na cidade, eu cheguei no dia do Festa da Pinga e estou ajeitando- me por aqui.
Ele balançou a cabeça e quis saber mais:
- Desculpas perguntar, mas, você está hospedado na casa de familiar?
Aí eu percebi que estava filtrando para saber se foi no hotel que ele me viu, eu respondi o que ele queria saber:
- Não, não tenho familiar aqui não, eu fiquei hospedado naquele hotel ali, o central e depois arrumei uma casa para passar alguns dias, até eu consegui comprar alguma coisa para mim, pois a minha intenção é montar um comércio aqui e ficar por aqui mesmo, gostei muito desta cidade.
O Antônio fechou um olho e apontando um dedo para mim, disse como se estivesse lembrado- se da minha pessoa:
- Agora eu sei da onde eu te conheço, eu trabalho no hotel em que você se hospedou, aliás, minha mulher e eu nós trabalhamos lá, faz pouco tempo, sabe, eu estava desempregado, talvez seja este o motivo de minha mulher está agindo desta forma, aí o padrinho dela vendo esta situação, arrumou trabalho para ela e para mim lá no hotel.
Comentei:
- É verdade mesmo, acho que eu me lembro de você sim, logo na primeira noite que cheguei eu te vi, quando fui pegar as chaves, lembra?
Ele ficou pensativo e logo disse:
- Isso mesmo. O que você pretende comercializar aqui em Paraisópolis?
Eu na verdade, não queria falar sobre o assunto para não haver polêmica antes mesmo de estar montada a loja, por isso respondi:
- Na verdade, ainda não posso dizer- te sobre o que é, pois, nem mesmo eu sei, mas, posso te garantir que é um negócio que vai vir para revolucionar a forma das pessoas verem as coisas, de aceitar a vida de uma forma diferente, talvez melhorar até os relacionamentos conjugais, por quê não?
Disse isso, ora olhava para ele ora olhava para cima, como se eu estivesse buscando ideias para dizer ao meu novo amigo.
Ele deu um sorriso e disse animadamente:
- Gostei...Pode convidar- me para a inauguração que eu estarei lá sem falta.
Eu peguei em sua mão que já estava estendida e falei:
- Pode ficar tranquilo, que o convite número um será em seu nome.
Dalí em diante, tomamos mais um pouco, conversamos bastante e fui embora, descansar um pouco, pois, ainda estou na esperança do proprietário abaixar um pouco mais o valor da fazenda e eu comprar para continuar com o meu objetivo, que é montar o meu comércio aqui na cidade.
Foi interessante o comentário do Antônio sobre a mulher dele estar fria com ele, que ao seu ver, tem a ver com a falta de dinheiro para viverem.
O meu caso com a Sandrinha também é exatamente isso, acredito eu, ela só não ficou comigo por que eu não tinha condições de proporcionar uma vida melhor para ela, por um lado estas mulheres estão coma total razão, pois, para saírem de seus lares e passarem dificuldades, é melhor não casar com ninguém.
Porém, pensando melhor, os seus pais tem uma vida melhor que seus respectivos e futuros maridos, por que já percorreram um bom caminho na frente e já passaram por muitas coisas par terem o que tem hoje, aí está o segredo, as moças não podem esperar que seus namorados, que estão começando a vida agora tenham um nível financeiro igual a de seus pais.
É bem provável que seus pais passaram por momentos não tão bons como os de agora.
É isso que as moças precisam ter em mente, que as coisas são conquistadas e não vem de mão beijada, na maioria dos casos.
Quando os dois conquistam as coisas juntos, a probabilidade de manter um casamento mais sólido aumenta consideravelmente, pois, ambos darão valor no que conquistaram e assim serão mais felizes.
Uma coisa tem a ver com a outra, quanto mais coisas conquistam juntos, mais amor, consideração e respeito haverá um pelo outro.
Crescendo juntos em tudo, no amor, na amizade, no respeito, nos bens materiais, na paciência para conquistarem tudo isso, aí reside o verdadeiro propósito de uma vida a dois e consequentemente, uma a vida a três, quatro e assim por diante.
Com tudo isso, quero dizer que, a vida tem mais sabor, propósito, prazer, quando é conquistada junto, quando se sofrem juntos, quando se alegram juntos, se perdoam e se arrependem juntos, quando o propósito de um é o mesmo do outro.
Quando ambos remam o barco da vida no mesmo sentido, suando a camisa para alcançar o mesmo objetivo.
Neste caso, não existem milagres, existem sim, trabalho árduo, amor, responsabilidade, desejo mútuo de montar uma família.
Estou falando isso, pois, o meu maior desejo é um dia poder reencontrar com a Sandrinha e quem sabe poder conquistá- la para montarmos a nossa família, sei que as coisas agora mudaram, mas não quero que ela venha namorar comigo só por causa do meu dinheiro, quero sim um amor genuíno que possa emanar de seu coração e asssim amar- nos eternamente.
É interessante observar que, quando estamos amando, ficamos mais propensos a falar mais coisas bonitas relacionadas ao amor e a tudo o que é mais belo, nada impede- nos de vencer o invencível, de sobrepujarmos o impossível, pois afinal, com o amor tudo se pode, tudo se consegue.








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