Capítulo 14

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Oito meses depois da minha chegada aqui em Paraíso...

Samid***

O tempo tem passado rápido demais, as coisas acontecem em uma velocidade inacreditável...
A Natália, seu marido Antônio, a prima Ção e a amiga Cecília estão um pouco sumidos, depois daquela festinha surpresa de aniversário da Natália, tivemos a oportunidade de nos encontrar algumas vezes mais, não com muita frequência, mas, não foi por falta convite da parte deles, Natália e Antônio vieram várias vezes aqui, a Ção chegou à vir sozinha, conversamos um pouco, assim como aconteceu com amiga Cecília, mas, a minha vida em suma, está muito corrida, os trabalhos na fazenda estão consumindo muito o meu tempo, na verdade não tenho tempo para nada.
Quando tenho a oportunidade de ir para loja, é um descanso e uma distração para mim.
Eu ainda não tive a chance de chamar os meus irmãos e mãe para virem aqui, eles estão cobrando- me e já faz um bom tempo.
Devo contentar- me, pois, afinal de contas, ainda bem que está bastante corrido, isto quer dizer que tem muito serviço, para quem há pouco tempo reclamava da vida que não tinha sorte, agora até que enfim a sorte chegou e chegou para valer.
Agora está na época da colheita da cana, o trabalho está em alta voltagem, tendo até que contratar mais mão de obras.
Graças aos meus amigos e braço direito as coisas estão dando certo, daqui à pouco tempo, vamos começar a lucrar com a melhor pinga da cidade, detalhe, não vou querer vender para os compradores daqui, vou ter uma marca própria, da qual já estou providenciando tudo.
Estou negociando com os compradores e os importadores. Hoje mesmo recebi várias mensagens, de interessados em nossa pinga, depois de fazer muitos contatos, agora estou recebendo o retorno.
Para mim, administrar tudo não está sendo nada fácil, até deixei a minha vida social, mas, parece que agora que eu contratei mais trabalhadores para a fazenda vai dar- me mais um pouco de tempo para a minha vida social.
Em falar em vida social, tenho vários convites para festas sociais aqui na cidade e cidades vizinhas.
Apesar dos vários convites e de todos os trabalhos, fiz a minha mala, coloquei no carro, avisei Débora que trabalha comigo na loja e aos trabalhadores que estava saindo para uma viagem e que voltaria somente no domingo a tarde.
Hoje é quinta feira à noite e sabe quando dá aquela vontade de ir à algum lugar e se você não obedecer esta vontade, você não fica bem?
Pois é, foi isso que deu- me nesta tarde e arrumei- me e fui, rumo à São José dos Campos, eu estava um pouco receoso de voltar, mas, já faz um tempo razoável e acredito que eu não vou ter problema algum.
A saudade da minha mãe e a saudade dos meus irmãos falaram mais alto, o que moveu- me com toda força a largar tudo aqui e ir ao encontro deles.
No carro, joguei alguns cd's e segui rumo à casa da minha família, com um detalhe, eu não avisei ninguém, mas, o gostoso da vida é isso, surpreender as pessoas que amamos.
No caminho fui ouvindo Legião Urbana, várias músicas, pois eu sou muito fã deles, aproveitei e passei em algumas lojas no Center Vale Shopping, comprei alguns presentes para eles, sei que eles vão gostar muito.
Também fui pensando nas minha presepadas, desde quando eu saí de São José e fui para Paraisópolis Minas Gerais.
Por outro lado, fiz muitas coisas boas e a vida é assim mesmo.
Também tenho uma outra coisa, como será a minha chegada lá no bairro onde eu morei um bom tempo, ou melhor, a minha vida toda?
Como será quando eu ver a Sandrinha? Será que ela vai querer ficar comigo?
Como será a minha reação diante destas situações?
É, eu tenho tantas outras dúvidas e não sei como lidar com elas.
Cheguei em São José, mais precisamente em meu bairro, pareceu- me que a cidade cresceu de uma hora para outra. Entrei no bairro com o meu carro, a S10 da Chevrolet.
Ao entrar, as pessoas que viram - me cumprimentaram e davam- me os parabéns, ninguém sabia o que de fato havia acontecido, então não fiquei a vontade de dizer a verdade e os que quiseram saber, eu apenas dizia que era do meu trabalho.
Parei o carro em frente a casa da minha mãe e bati palmas:
- Quem é?
Ouvi o meu irmão Demétrius perguntar e vindo de encontro.
Quando ele viu- me, correu para abraçar- me e ao abraçar- nos, choramos de saudades, muitas saudades...
Depois de muito custo, a minha voz conseguiu sair:
- Meu irmão, como você está forte, está bonito, que saudades de vocês todos. Como está a mãe e o Dennis?
Ele calou- se e fomos andando pelo quintal até a entrada da casa.
Minha mãe quando viu- me ali diante de seus olhos, parece que não acreditava no que os olhos dela mostravam.
Ela deu um grito:
- Ai meu Deus!
Correu para agarrar- me e beijar- me, ao mesmo tempo Dennis abraçava- me e beijava- me.
Foi uma explosão de alegria naquela casa, chorávamos, ríamos, mas, tudo de felicidade.
Quando finalmente deu para falar, eu disse:
- Minha mãe e meus irmãos, eu trouxe aqui alguns presentes para vocês, espero que sejam de seus agrados.
Minha mãe, não foi abrir os presentes dela, só queria ficar abraçando- me o tempo todo.
Depois da euforia, conversamos, acredite, a noite toda, falamos de como estava a minha vida lá em Minas Gerais, também quis saber como está a vida por aqui.
Depois da nossa conversa de como estatava aqui, eu disse para minha mãe:
- Minha mãe, eu sei que aqui a senhora e os meus irmãos tem uma vida, amigos e tudo mais, mas, quero fazer um pedido para a senhora e para meus irmãos.
Eles ficaram olhando- me aguardando o que eu tinha para lhes dizer, continuei:
- Eu quero muito que vocês vão morar comigo lá em Minas Gerais, estou precisando de vocês do meu lado, lá temos de tudo, os meninos farão uma faculdade, poderão ajudar- me em qual trabalho eles quiserem.
Minha mãe pensou um pouco e disse:
- Filho, se for para manter- nos unidos, nós vamos sim e você não pode imaginar o quanto esperamos ouvir isto de você, nossa vida aqui não está nada fácil, principalmente para os meninos...nós vamos sim!
Nós nos abraçamos de novo e combinamos que não íamos falar para ninguém da nossa vida e nem para onde estávamos indo, todos concordaram.
Aí veio em minha mente a garota que eu gostava dela, a Sandrinha e então, perguntei para a minha mãe:
- Diga- me, a Sandrinha que fim deu?
Minha mãe começou a falar, dizendo:
- Bem, você sabe que ela não ficou com você, por que você não tinha dinheiro, foí quando ela conheceu um rapaz pela internet, que dizia ter dinheiro, carros e até apartamentos. Aí os olhos dela cresceram em cima do rapaz, pois era isso que ela procurava, ele apareceu várias vezes de carro, um mais bonito que o outro, ela entrava no carro e se achava a rainha da cocada preta.
A minha mãe continuou a falar:
- Ela chegou até quase casar- se com o rapaz que ela julgava ser o bom da boca, mas, ele queria mesmo é aproveitar desta ganância dela, pois, era tudo mentira, ele não tinha nada, ele é filho da empregada da casa, a mãe do rapaz não tinha nem onde morar, ele chegou a humilhar até própria mãe, perto da Sandrinha, se passando de filho da patroa da própria mãe. Ela só descobriu que ele não tinha nada e que era filho da empregada, quando eles foram marcar o casamento, mas, aí era tarde demais, a Sandrinha estava grávida de gêmeos do picareta, ao descobri a farsa, ela voltou para casa dela e esta semana ela ganhou os bebês, agora está aí cuidando dos bebês e na pobreza.
Eu fiquei escutando atentamente a minha mãe falar da Sandrinha, a garota que eu amava de verdade, que recusou- se ficar comigo, por que eu simplesmente era pobre?
Não teve como esconder, eu fiquei muito triste em saber que ela só não ficou comigo por falta de grana da minha parte, também fiquei triste por ela ter sido enganada.
Fazer o que, as coisas vão de encontro ao que procuramos, ela procurou e achou o que procurava.
Na sexta feira, fui ver alguns amigos que havia muito tempo que não nos víamos.
Enquanto isso, minha mãe estava tomando as providências para a nossa viagem à Minas Gerais no domingo.
No sábado à tarde, resolvi chamar a Sandrinha para conversar um pouco, ao que ela atendeu- me prontamente.
Assim que bati palmas na frente da casa dela, a mãe dela saiu lá fora e disse:
- Dimas?
Eu sorri e repondi:
- Isso mesmo, a Sandrinha se encontra?
Ela veio e abriu o portão para mim, dizendo:
- Dimas meu querido, pode entrar, ela está dando de mamá para os filhos dela, você ficou sabendo que ela ganhou bebês esta semana?
Enquanto entrávamos, eu respondi dizendo:
- Sim, minha mãe falou- me ontem que havia nascido umas crianças por aqui.
Sorrimos e entrei com ela dizendo:
-Sandra, olha quem veio visitar vocês?
Sandrinha, outrora linda de curvas bem definidas, com uns peitos médios e duros aparentemente, mas, agora, estava acima do peso, com os peitos grandes e uma criança em cada peito, ao ver- me, não acanhou- se, apenas disse com um sorriso cansado:
- Dimas, que bom vê- lo aqui de novo!
Eu aproximei- me, dei- lhe um beijo no rosto e disse baixinho:
- O prazer é todo meu em revê- la, como estão as crianças e você?
Ela fez uma careta do tipo " feliz/insatisfeita "...
A primeira reação, foi levantar a fralda que cobria os rostos das crianças e mostrar os seus anjos, fiquei encantado, eram lindos e fofos, eu comentei:
- São lindos, não conheci o pai, mas, posso dizer com total certeza que são parecidos sim, com a mãe deles, forma um trio perfeito.
Ela abaixou a cabeça, como se estivesse com vergonha e estava mesmo, falou com algumas lágrimas nos olhos:
- Dimas, quero pedir- te perdão, por não ter ao menos tentado namorar com você, eu fui tola e idiota, mas, a vida ensinou- me e colocou- me em meu lugar.
Eu fiquei meio sem jeito e com poucas palavras, disse :
- Minha querida, isso não tem nada a ver, a vida é feita de decisões e no momento em que estamos a tomar tal decisão, nunca sabemos o resultado de ante mão, por isso fique tranquila, você não deve pedir perdão para mim de jeito nenhum.
A mãe dela, pegou os bebês e ela quis dar- me um abraço e eu acrescetei:
- O quê você está precisando no momento que eu possa ajudar, pois amanhã eu estarei indo embora.
Ela chorou um pouco mais e respondeu- me:
- Olha, não vou ser mais orgulhosa, como eu disse a vida ensinou- me e pôs em meu lugar, o que você puder ajudar- me, eu serei eternamente grata a você.
Eu fui até o carro, peguei um envelope e deixei um cheque para elas, com a quantia suficiente para elas viverem um bom tempo sem preocupar- se com despesas, mas, disse para elas:
- Vou pedir duas coisas para vocês, não fale a ninguém que fora eu quem deu esta ajuda e mais uma coisa, só abrem o envelope segunda feira, posso confiar?
Elas concordaram, entreguei então o envelope nas mãos da Sandrinha e fui embora.
Antes de sair, porém, a Sandrinha falou- me:
- Dimas, muito obrigada pela visita e pela consideração que acabara de ter por mim e meus filhos, saiba que eu nunca vou esquecer este seu gesto.
Abraçou- me novamente, eu a beijei no rosto e fui.
Confiante que estava fazendo o bem, não importando- me o que ela havia feito comigo no passado.
O importante era que ela havia aprendido com tudo isso.
No domingo, fiz um churrasco em casa, convidei meus amigos e estendi o meu convite a Sandrinha, todos vieram e deixaram- me muito feliz com a presença deles aqui em casa.
Mais tarde, depois que todos foram embora, colocamos as nossas coisas no carro e seguimos para Minas Gerais.
Os meus irmãos estavam confiantes que a nossa vida seria mais feliz com todos nós juntos, minha mãe não soltava- se de mim em nenhum instante, fomos cantando e comendo, todos estávamos numa alegria só.
Ao chegar na cidade, não fomos para a nossa casa, mas, fomos ao centro da cidade e lá comemos o famoso pastel do mercado, eles adoraram muito.
Em seguida passos na loja e eu a abri para eles verem como é lá dentro, de novo ficaram surpresos, minha mãe disse:
- Nossa, é muito lindo e bem arrumado, criatividade mil, parabéns pelo bom gosto, você deve ter muitos clientes que vêm aqui pela qualidade e ambientes que você tem aqui.
Daqui saímos e fomos para rumo a fazenda, onde mostrei tudo para minha mãe e meus irmãos, que ficaram encantados.
Levei eles, cada um em seu quarto, coisas que não tínhamos lá em nossa casa em São José.
Meus irmãos, quando viram a piscina, não pensaram duas vezes em pular em divertiram- se muito, enquanto minha querida mãe foi arrumar as coisas para eles deitarem- se.
Peguei uma cerveja e fiquei olhando os meus irmãos divertindo- se e pensei:
- Era disso que eu estava precisando.
Abri a lata da cerveja e tomei um gole demorado.
Assim que terminei a cerveja, tirei a minha roupa e fiquei só de cueca e dei um mergulho, brincamos como crianças na piscina, foi muito legal.
Depois do banho e um jantar delicioso da nossa mãe, planejamos a nossa vida, o que dava para ver o brilho no olhar da minha mãe e meus irmãos.
A minha mãe comentou:
- Dimas, a Sandra estava um pouco mais animada depois que você foi à casa dela, o que vocês conversaram que a deixou tão feliz?
Eu limpei a minha garganta e respondi:
- É que ela veio pedir- me perdão por não ter aceitado a namorar comigo, eu disse para ela que não precisava pedir perdão nenhum, que a vida é assim mesmo, é feita de decisões. Só isso.
Ela continuou:
- Que bom, meu filho, você tem o coração muito bom, é isso que o faz diferente e vitorioso na vida.
Eu não contei toda verdade e nem precisava, se eu disse para elas não contarem para ninguém, eu também deveria fazer o mesmo e foi por isso que eu não contei para minha mãe e nem para os meus irmãos.
Falei para minha mãe sobre a Natália, que era uma garota muito linda, que nossa amizade é muito especial, que também havia conhecido a prima dela e uma amiga dela, que fazíamos uma amizade bem unida e que em pouco tempo a nossa amizade tornou- se inabalável, que o marido dela era um cara bacana e sempre estávamos reunindo- nos e que eu iria fazer questão deles virem aqui em casa para conhecer a minha família.
Minha mãe, ficou muito feliz por saber que eu encontrei amigos de verdade aqui, que de certa forma ajudaram- me nestes meses que aqui estou.
Minha mãe quis saber e perguntou:
- Dimas, você está namorando aqui, conheceu alguém especial para namorar?
Eu dei um sorriso e sinalizei com a cabeça negativamente e disse:
- Mãe, sabe que ainda não deu tempo para estas coisas, os trabalhos aqui consomem muito o meu tempo, chego exausto em casa e não sobra- me tempo para tal arte, mas, isto não quer dizer que eu não dou uma fugida de vez em quando por aí, afinal, ninguém é de ferro.
Minha mãe sorriu e acrescentou:
- Pode ficar tranquilo, agora estamos aqui com você e daremos todo apoio que você precisar.
Ela praoximou- se de mim e deu- me um abraço de mãe apertado, fazendo- me sentir amado e protegido.
Depois disso. Dei um beijo de boa noite e fomos dormir.
Fiquei pensando:
- Agora com a minha mãe e meus irmãos aqui, as coisas vão melhorar e muito, vou passar algumas responsabilidades para ela e também aos meus irmãos, eles são jovens, mas, podem muito bem ajudar e até especializar - se em alguma coisa que eles eventualmente possam gostar de fazer.
Fui dormir com estes pensamentos e logo adormeci.

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