Capitulo 1 ~ Belle

26 3 0
                                    

     Meu pai, viúvo, com quase 60, sempre me trazia uma rosa, ele dizia que combinava comigo, uma unica rosa vermelha, sozinha, que vivia sobre a luz da minha janela. Sempre disse ao meu pai para parar, por nossas condições financeiras.

     Nesse dia, ele não chegou na hora, já fiquei preocupada, uns trinta minutos depois, ligaram do hospital:
     -Alô?
     -Elise Belle?
     -A mesma.
     -Você poderia vir ao hospital Jerman Américo, seu pai sofreu um acidente.
     - Obrigada, qual é o nome? - disse correndo para porta, levando apenas meu celular e meu livro
     -Jerman Américo.
     -Obrigada de novo.
     -De nada.
     Saí correndo, Jerman Américo era apenas umas duas quadras ao lado de casa."Elise Belle", lembrei de dizer quando cheguei, apenas para a moça que respondeu "quarto 403, final do corredor", respondi "obrigada" ela apontava para um corredor, onde haviam nove quartos, todos com as portas abertas, revelando uma série de camas cobertas com um único lençol branco.
      Cheguei ao 403, havia uma mulher conversando com meu pai, entendi uma pequena parte da conversa:
     -Desculpa por isso.
     -Desculpa pelas flores.
     -Esta deve ser sua filha. Olá, sou Amber. - ela disse olhando para mim, que estava no batente da porta
     - Sim essa é minha filha, Elise Belle.
     -Olá, Amber. Pode me chamar de Lizbelle, ou só Belle. O que aconteceu, pai?
     -Amber tentou atravessar no sinal vermelho e eu a salvei de um motoqueiro desgovernado, apesar de não conseguir salvar suas flores, apenas uma. - ele apontou para uma rosa empoleirada no vidro da janela, refletindo seu tom reluzente de vermelho.
     -Pode ficar com essa - ela entregou a flor para mim
     -Obrigada. Pai, você vai para casa comigo, agora?
     -Não, eu vou ficar mais um pouco, mas pode ir antes.
     -Ok - olhei para Amber, ela parecia ser legal,deixei o meu pai no quarto e sair.
    Sai, dei um passo e vi, meu ex-namorado, fazia trabalho voluntário na área infantil do hospital, eu tinha me esquecido, antes de dar uma volta completa e me virar para sair pela porta, um menino, não muito mais velho, me passou uma rasteira com a cadeira de rodas, acho que o andar inteiro ouviu meu grito de susto. O pior, eu caí no colo do tal menino, na frente de quem, na frente do meu ex, e o que eu iria fazer naquela hora, eu nem penso. Vou tentar descrever a cena, eu ainda caída, ele na cadeira, todo aquele hospital virado para aquela dupla de malucos desastrados, a menina morena de vestido florido,  uma sapatilha tão velha quanto o universo, o menino com uma camiseta de banda, talvez um short, não sei, não coseguia ver, ele era moreno, de cabelos curtos, com uma franja que jogava para o lado. Como conseguia enxergar? Não sei.
     Levantei, ajustando meu vestido abaixo do joelho, voltando minhas sapatilhas aos calcanhares, juntei meu livro, meu celular, e saí, de cabeça erguida, me perguntando o que havia acontecido lá. O que MESMO havia acontecido lá?

Belle & Adam(Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora