Desço as escadas rumo a sala de jantar. Meu pai lê o jornal enquanto Lizzie faz palavras cruzadas. Sento na mesa e sirvo-me de suco. Lizzie arruma os óculos de grau e engole em seco, sei que ela é contra minha volta a escola. Pego um waffle e jogo calda tentando ignorar a inquietação dela.
— Não esqueça de tomar suas vitaminas - meu pai diz.
— Não vou - digo pegando um pedaço de waffle do meu prato.
— Sabe que horas devo te buscar? - ele pergunta.
— Acho que posso dirigir - digo.
— Eu tenho certeza que você não pode - ele diz.
— Estou gravida, não aleijada - digo.
— Agradeça a Deus por isso então - meu pai diz.
— Pensei que tivesse tornado-se ateu - digo.
— Sou agnóstico agora levante-se ou vai se atrasar - ele diz limpando a boca no guardanapo.
Pego as pílulas de vitaminas e engulo-as então levanto-me da mesa e caminho até o carro.
...
Ser deixada na porta da escola me trás uma sensação de nostalgia. Lembra-me do meu primeiro dia do colegial, mal tinha 15 anos.
Pisar na calçada me transporta para aquela época. As únicas diferenças são que agora estou de salto e o fato de que eu mal vejo meu pés.
Outra semelhança de anos antes, sentir-me nervosa ao passar pelo grupo parado na porta. O grupo a qual Peter pertence desde o jardim da infância. Há 3 anos o nervosismo era por causa da minha paixonite por ele, mas agora imagino que a sensação que tenho no estômago deriva-se do fato de que há 3 anos não enfrento esse grupinho sozinha. Namoro Peter desde os 15 anos, ver-lo com outra garota, talvez a nojenta da Wendy que sempre deu em cima dele, possa ser estranho, com certeza seria estranho. Mas tenho que me preparar para isso. Tenho que me mostrar madura o bastante para enfrentar isso de cabeça erguida, sei que falarão de mim, sei que levarei o título de abandonada, mas eu decidi isso, eu quis isso, e eu vou conseguir levar isso a diante.
Passo pelo grupo dos esportistas, é claro que eles me olham, consigo ouvir os cochichos das patricinhas nojentas, mas não me importo, lembro-me da festa do último fim de semana, lembro-me de como Philip conseguiu me levar para outro lugar, um lugar em que eu me sentisse confortável. Talvez Jackie tenha razão, e eu tenha me precipitado, talvez deva conhecer melhor Philip, ele parece ser um cara legal e me faz sentir-me bem, e é isso que importa, não é? Ah meu Deus, e se ele quiser um encontro, sou péssimas com essas coisas, não sei como agir, no meu último encontro tinha 15 anos e era estupidamente...
— Rebecca - Alguém chama-me pondo as mãos nos meus ombros - Você está bem?
— Só com a cabeça longe - digo sorrindo para o Sr. Wallace, o professor de química.
— Você mudou um pouco desde a ultima vez que te vi - ele diz.
— É o que acontece quando se está gravida - digo.
— Quero me desculpar, acho que fui indelicado com você na nossa ultima aula - ele diz.
— Sem problema - digo - Tenho que ir, se não vou me atrasar.
Desvio dele e só então percebo que já estou dentro da escola. Vice Diretora Rolly está no corredor falando com alguns aluno.
— Dê-me licença - ela diz ao me ver - Rebecca.
— May - digo feliz de ver um rosto amigo.
— Sr. Rolly fora da minha sala - ela diz - Pronta para seu teste?
— Não era o que eu esperava do meu último ano, mas...
— Eu sei querida - ela diz - Elizabeth tomou péssimas decisões que acabaram te envolvendo.
— Acha que alguma faculdade vai me aceitar ainda? - pergunto.
— Becca eu mesma escrevi sua recomendação, sei que Oxford e MIT estavam brigando por você, não acho que algumas estrias te impedirão de entrar - ela diz enquanto me leva a sua sala.
— E quanto a um bebê? - pergunto quanto entramos.
— Um bebê? Que pergunta sem sentido - ela diz - Afinal a criança que carrega é da Lizzie.
— Não todas - sussurro.
— Tem algo que não me contou? - May pergunta - Rebecca usei meu nome para te recomendar para as melhores instituições, se tem algo que que deve me falar não excite.
— Aconteceu uma coisa estranha - digo - Basicamente carrego duas crianças, uma tendo os genes de Lizzie do meu pai e outra meu e do Peter.
— Você engravidou depois do procedimento - ela diz.
— Eu pensei que tivesse dado errado - digo - Não pensei que algo assim pudesse acontecer. E não posso me desfazer dessa criança, é meu filho.
— Entendo - ela diz - Então seria melhor estabelece-se na cidade, escolher ou o MIT ou Harvard. É a opção mais segura.
— Não sei o que fazer - digo.
— Você ainda tem uns meses para decidir - ela diz - Mas tem de passar no teste para isso.
— É o mínimo que posso fazer agora - digo pegando a folha que ela me entrega.
Sento-me na mesa e começo a responder as questões. Em menos de 1h30min termino a prova, confiante de que me sai bem o bastante para passar.
— Quer ligar pro seu pai? - May pergunta quando entrego-lhe a prova.
— Pareço uma criança quando me pergunta isso - digo pegando meu celular. Ligo para meu pai, mas cai na caixa postal. Suspiro e tento novamente em vão.
— Pode esperar aqui - ela diz - Mas tenho que fazer umas coisas, espero que não se importe.
— Tudo bem para mim - digo sorriso.
Ela me deixa sozinha na sala. Caminho pelo cômodo, explorando-o. Até que meu celular toca assustando-me.
— Pai - atendo.
— Becks - meu pai diz - Querida vai ter que esperar um pouco, minha reunião em Harvard acabou atrasando e não posso faltar a ela. Espero que compreenda.
— Claro pai - digo.
— Em menos de 1h passo aí, prometo - ele diz.
— Tudo bem - digo - Tchau pai.
— Tchau Beck - ele diz desligando.
Jogo-me na cadeira e bufo, o que faço em uma hora para não morrer de tédio?
Ouço um barulho vindo do lados fora da janela e vou ver do que se trata. Abro a janela e vejo o campo de futebol. As líderes de torcidas treinam, enquanto o time prepara estratégias.
Vejo Peter pegar a bola no banco e nesse momento uma das nojentas loiras chega a ele com seu charminho nauseante. Ela toca-o como se fossem íntimos. Não quero admitir mas isso me irrita, e num ato impensado estou ligando para a clínica do Dr. Albers.
— Bom dia - a recepcionista diz.
— Bom dia - digo - Gostaria de falar com Philip Albers por favor.
— Sinto muito senhora mas não estou autorizada a passar ligações - ela diz.
— Diga ao Dr. Albers que é Rebecca Monolise - digo - Sou paciente do pai dele, e ele está acompanhando meu caso.
— Espere um pouco - ela diz deixando aquela musiquinha irritante no telefone.
— Rebecca? - ouço o próprio Dr. Albers falar.
— Olá doutor, espero não estar incomodando - digo.
— Claro que não - ele diz - Mas por que da ligação?
— Precisava falar com Philip, meio que deixamos alguns assuntos em aberto na nossa ultima conversa.
— Ele não está aqui, mas posso passar o número do celular dele - Dr. Albers diz - Fico muito grato por estar ajudando-o com a pesquisa.
— Claro - digo esperando o número. Anoto o telefone num papel e ao desligar a chamada com Dr. Albers observo o papel em minha mão. Não sei se seria certo eu ligar, não sei se ele quer me ouvir ou dar-me uma segunda chance, nem sei se quero uma segunda chance.
Olho pela janela mais uma vez e vejo justamente a pausa do time, e a atitude de Peter me da certeza do que devo fazer.
— Alô, Philip? É a Rebecca. Acho que precisamos conversar....
Oie meus amores, me desculpe a demora, é que com a festas de fim de ano e as viagens acabei sem tempo para escrever. Mas consegui terminar o capítulo finalmente e comecei um novo que pretendo postar na sexta, que seria dia de capítulo msm.
Espero q me perdoe e que comentem esse capítulo, agradeço mt as mais de 5 mil leituras, é muito mais do que eu podia pedir.Obg por lerem
Bj Bj
Ana
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Por Amor
RomanceBecca tinha sua vida planejada, seus sonhos logo se tornariam realidade. Mas tudo muda quando ela se oferece para ser barriga de aluguel para sua madrasta. A vida que Becca conhece irá se distanciar, enquanto ela encaixa ultra-sonografias e entrev...