Neurose

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— Está esfriando - digo enquanto vejo Phillip continuar a caminhar.
— Já estamos chegando - ele diz colocando o paletó nos meus ombros.
— Onde vai me levar? - pergunto.
— Onde está seu senso de aventura? - ele pergunta.
— Deduzo que esteja no carro, vamos olhar? - digo.
— Já estamos chegando Becca - ele diz me pagando pelo braço.
— Lembre-se que estou carregando dois seres humanos - digo.
— Eles não pesam nem 2 Kg - ele diz.
— E quanto aos líquidos? - questiono.
— Pare de reclamar, chegamos - ele diz cobrindo meus olhos.
— Precisa mesmo cobrir meus olhos? - pergunto.
— Acalme-se você precisa curtir o momento - ele diz.
— Preciso ver o momento - digo colocando minhas mãos sobre a dele.
— Então veja - ele diz tirando a mais dos meus olhos. Estamos num dos píer's da cidade, Phillip coloca as mãos na minha cintura e apóia o queixo na minha cabeça.
— Tenho que admitir - digo - é bonito.
— É lindo - ele me corrige - Isso é uma verdadeira obra de arte.
— São prédios - digo virando para ele - As estrelas no acampamento são melhores.
— Esse é o meu lugar preferido - ele diz.
Mesmo estando de salto forço as pontas dos meus pés e beijo ao lábios deles.
— Eu imaginei - digo quando nós afastamos um pouco - Queria saber como ia defender seu lugar favorito.
— Isso foi maldade - ele diz.
— E sua defesa foi ruim - digo beijando ele de novo.
— E porque do beijo? - ele pergunta quando se afasta para recobrar o ar.
— Apenas gosto de te beijar - digo selando os lábios dele.
— Então devo me sentir especial? - ele pergunta.
— Por isso, não - digo - Mas pode sentir-se por eu deixar que você ficar perto de mim, ultimamente estou fugindo de pessoas.
— E vai voltar para a escola? - ele pergunta.
— Irônico - digo - Mas Escola é uma necessidade.
— Não pensava isso quando estava no ensino médio - Phillip diz.
— E você tornou médico - digo.
— Outra ironia - ele diz.
— Posso ser desagradável nesse incrível momento que você tentou criar? - pergunto.
— Você já não foi quando inferiorizou meu lugar favorito? - ele pergunta.
— Vou te ignorar - digo - Estou com fome.
— Talvez devesse te ignorar também - ele diz.
— Isso é maldade Phillip - digo e ele ri.
— Quer Pizza? - ele pergunta.
— Seria ótimo - digo.
— Vamos voltar para o carro - ele diz me puxando pela mão.
— Qual Pizzaria tem em mente? - pergunto me ajeitando no banco.
— Italian Express - ele diz.
— Fica do outro lado da baía Phillip - digo - Existem lugares incríveis aqui perto.
— São 15 minutos no máximo, e acredite Becca, vai valer a pena - ele diz pegando o celular - Lorenzo? Come Stai? I bene! Vou querer a de sempre. Estou estacionado na Atlantic Avenue com Lewis St; Marco já conhece meu carro non è vero? Pagherò con carta di credito. Grazie Lorenzo.
— Você fala italiano? - pergunto quando ele desliga o celular.
— E francês, minha mãe me obrigou - ele diz.
— Quantas vezes já começou pizza no carro? - pergunto.
— Algumas vezes na semana, as vezes quero apenas paz, então meu carro é meio que meu refúgio - ele diz.
— Sinto que estou invadindo seu refúgio - digo.
— Você é complemento para ele, já que sinto a mesma paz quando estou com você.
— É muito fofo você dizer isso, mesmo depois do que falei no seu lugar favorito - digo.
— Becca, acha mesmo que levei aquilo a sério? - ele pergunta.
— As vezes as pessoas podem ser um pouco dramáticas - digo.
— Como você? - ele questiona.
Dou um tapa nele de leve e ele começa a gargalhar. Ele acaricia meu queixo com o seu dedão e com a mão livre vai me puxando pra mais perto, meus olhos permanecem fixos nos dele, e só me dou conta que a distância entre nós acabou quando nossos lábios se encostam, Phillip me beija e lentamente aprofunda o beijo.
Uma batida no vidro faz afastar-nos. Assustando checo minha roupa, para ter certeza que nada saiu do controle.
— Marco, Come Stai? - Phillip pergunta.
— Bene Phill, garota nova? - Marco pergunta.
— Não é algo muito delicado de se falar Marco - Phillip diz dando o cartão de crédito para Março.
— Não é surpresa Phillip Albers e uma diversidade de garotas - Marco diz colocando a máquina dentro da janela e Phillip digita a senha.
— Rebecca não é como as outras garotas - Phillip diz.
— Consigo ver - Marco diz entregando a pizza - Jamais pensei que você engravidaria uma garota.
— Esse é meu trabalho Marco - Phillip diz pegando a pizza.
— Está tudo certo - Marco diz.
— Obrigado - Phillip diz fechando o vidro.
Eu o encaro e ele ri abrindo a caixa de pizza, o cheiro do queijo faz meu estômago dar voltas, e agradeço a Deus por essas voltas serem por fome e não por enjôo.
— Pensei que iria dar um resposta - ele diz.
— Preferi manter minha boca fechada - digo puxado uma das fatias da caixa - e esperar pela pizza.
— Foi muito mais esperta que eu - ele diz pegando uma fatia também - Mais no de que nesse aspecto.
— Sou mais esperta do que você em muitos aspectos - digo.
— Nunca me senti tão julgado como estou me sentindo hoje - ele diz.
— Julgado? - pergunto - Não estou te julgando, apenas dando minha opinião sincera.
— Sabe quantos namoros a sinceridade acabou? - ele pergunta.
— Não estamos namorando - respondo.
— Eu sei, mas sendo sincero não é algo muito distante da nosso realidade - ele diz.
— Pensei que estivesse zangado da minha sinceridade e agora está sendo sinceramente meloso - digo.
— Oh Srta. Rebecca, você não me viu meloso ainda - ele diz vindo beijar meu pescoço.
— Phillip você está sujo de queijo - praticamente grito enquanto meu queijo é engordurado.
— Sério Rebecca? - ele fala se afastando.
— Desculpa - digo passando minha mão no cabelo dele - Tente entender estou com um problema com cheiros e se eu não consigo nem passar perfume francês quem dirá mozarela - chego mais perto dele - Entretanto não tenho problemas com o gosto da muzarela.
Phillip chega mais perto com seu rosto e quando nossos lábios estão quase se tocando ele se afasta.
— Sério Phillip? - pergunto erguendo a sobrancelha e ele começa a gargalhar.
Ele fecha a caixa de pizza e a joga no banco de trás. Empurra o banco para trás e puxa minha mão.
— Estou tão gorda assim? - pergunto cruzando os braços.
— Rebecca pare de graça - ele diz e reviro os olhos antes de me levantar; passar as pernas ao redor dele se torna mais difícil do que eu esperava.
As mãos dele vão para meu rosto e deslizam pelo meu cabelo até chegarem na minha cintura.
— Não acredito que jogou a pizza - digo.
— Não se preocupe com o banco - ele diz.
— Minha preocupação é que minha fome não foi saciada - digo.
— Nem a minha - ele diz beijando meu pescoço e em seguida beijando minha boca, as mãos dele deslizam para meu quadril e me afasto.
— Não vou transar com você Phillip - digo - Não hoje, não gravida.
— Não tem nenhum problema com fato de você estar gravida - ele diz.
— Imagina se eu fico de trigêmeos - digo.
— Becca isso não vai acontecer - ele diz.
— Da mesma forma que não aconteceria de eu ficar grávida de duas pessoas diferentes - digo.
— Isso é raro mais podia acontecer - ele diz.
— Então posso ficar grávida de mais um - digo.
— Você já está de 5 meses - ele diz - Sabe que não pode ficar grávida nessa altura. Precisa arranjar uma desculpa melhor.
— Apenas o fato de que não estou afim não é o suficiente? - pergunto.
— Não estar afim e dar uma desculpa barata são coisas super diferentes - ele diz - jamais te obrigaria a fazer algo que não quer, imaginei que soubesse disso.
— Por que você está saindo comigo? - pergunto.
— Porque você é uma garota legal e interessante - ele diz.
— E grávida - completo.
— Não me preocupo com isso - ele diz.
— Phillip todos que nós virem juntos vão pensar que esse bebê é seu - digo.
— Que pensem - ele responde.
— Não é tão simples assim, existe muita gente envolvida, Elizabeth, meu pai, Peter; quer se envolver nisso também? - pergunto.
— Já falei que não me importo com quem as pessoas dizem - ele diz colocando suas mãos no meu rosto e me fazendo olhar em seus olhos.
— Também não se importa com o que seus pais vão achar? Porque não é normal você sair por aí com uma garota gravida.
— Eles estão reagindo bem - ele diz - E nos 25 anos da minha existência nunca me importei muito com o que eles pensam.
— Não me sinto nada bem com isso - digo - Quantas vezes falará que você é o pai do meu filho, quando isso não é verdade?
— Eu não falei isso nenhuma vez - ele diz.
— Sua mãe falou, e você deu a entender - digo.
— Rebecca quão mal é eu querer estar na sua vida? - ele pergunta.
— Na situação que eu estou, horrível - digo.
— Por que? - ele pergunta.
— Porque não quero fazer você ficar constrangido - digo - Não quero que assuma responsabilidades que não lhe cabem. Não quero que ele que se apegue a você e você vá embora. Eu tenho madrasta Phillip, sei como que por mais que digam que nos amam não somos filhos deles.
— Pare com essas idéias - ele diz - Não fico constrangido, na verdade é uma honra pensarem que te engravidei, olhe para você, sonho de qualquer homem.
— Está tentando desviar do assunto - digo.
— Então serei direto e claro - ele diz segurando meu rosto com as mãos - Eu não me importo com as opiniões das pessoas. Eu não sou sua madrasta. Eu estou aqui, e quero que entenda isso.
— Tudo bem - digo.
— Acho nunca tive uma conversa seria nessa posição - ele diz e dou risada antes de beija-lo, as mãos dele agilmente deslizam por dentro do vestido.
— Ainda não vai acontecer - digo.
— Ok, não vou te pressionar - ele diz.
— Obrigada - digo.
— É o mínimo que devo fazer - ele diz.
— Posso comer mais pizza? - pergunto.
— Posso te beijar primeiro? - ele me pergunta.
— Claro - digo selando os lábios dele.
— Você vai parar com essas neurose? - ele se afasta para perguntar.
— Vou me esforçar.

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora