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O jantar foi torturante, me forçaram a sentar na mesa.
— Rebecca levante a cabeça e pare de brincar com a comida - Lizzie diz.
Ergo uma das sobrancelhas e a encaro.
— Rebecca... - meu pai diz antes que fale algo que não deva.
— Perdi a fome - digo empurrando o prato.
— Você não comeu nada - Lizzie diz.
— Não estou com fome - repito.
— Mas você tem que comer - ela rebate.
— Não estou com fome - digo entredentes.
— Rebecca... - meu pai diz.
— O que? - grito
— Suba para o seu quarto - ele diz.
— Obrigada - digo saindo da sala de jantar.
Jogo-me na cama e volto a chorar. Chorei a tarde toda, mas parece que não foi suficiente.
Eu sou uma idiota. Consegui acabar com minha faculdade, perder o cara que mais desejei na vida e ainda posso entrar numa briga judicial por uma criança. Tudo isso porque não sei calar a minha boca.
Odeio não conseguir controlar meus hormônios, odeio não conseguir controlar meus pensamentos, e por mais incrível que pareça eu odeio me condenar. Mas não tenho controle ou escolha e também odeio isso.
— Hey - Jackie diz entrando no quarto - Elizabeth não queria me deixar subir - ela se joga ao meus pés na cama - Mas sabe como respeito madrastas.
— Haley que o diga - digo enxugando os olhos.
— O que aconteceu? - ela pergunta.
— Eu não sei - respondo voltando a chorar.
— Então ignore, - Jackie diz - Vista-se, vamos numa festa
— Não estou em condição de ir numa festa Jackie - digo.
— Então fique - Jackie diz.
— Como? - pergunto com a voz embargada.
Jackie levanta-se e vai até meu closet, ela pega um vestido e põe sobre a cama.
— Isso não serve mais em mim - digo.
— Experimente - ela diz.
— Jackie eu tenho noção do meu tamanho - digo - Não entro mais em uma roupa P.
— Aposto que esse vestido serve - ela diz.
— E eu aposto que nem entra - rebato.
— Se servir você esquece essa loucura de ficar com os dois bebês - Jackie diz séria.
— Se não entrar você será a madrinha dos dois - digo.
— Esse é meu castigo? - Jackie pergunta.
— Na verdade está mais pra um convite - digo.
— Eu amaria B - Jackie diz - porém acho justo ser apenas do que lhe pertence.
— Apenas se o vestido entrar - digo levantando-me.
Abro o zíper do vestido, tiro meu pijama e visto-o, ele sobe facilmente até a minha bunda, quando começa a ajustar e a colar no meu corpo, a parte da barriga parece que vai explodir. Jackie tenta fechar o zíper atrás de mim.
— Consegui! - ela grita triunfante, porém um barulho seguindo por um grito prova que o zíper estourou.
— Venci - digo tentando tirar o vestido estragado.
— De forma alguma - Jackie diz indo em direção ao meu guarda roupa - Ele entrou, e você apostou que entraria.
— Eu apostei que serviria - digo.
— Não, eu apostei que serviria, e você que entraria - ela diz - nós duas erramos. Se bem que serviu, mesmo que por 1 segundo.
— Discordo completamente - digo.
— Nunca vi esse vestido - Jackie diz segurando um vestido azul nas mãos.
— Era da minha mãe, minha vó me fez trazer do Brasil - digo.
— Devia experimentar - ela diz.
— Não! - digo - Não quero estraga-lo.
— Ele estica Becca, fica tranquila - Jackie diz me entregando o vestido.
Temerosa visto-o, ele fica tão justo quanto o outro, porém ele não aparenta estar apertado e desenha minhas curvas.
— Uau! - Jackie diz ao me ver pelo espelho depois que ela fecha o zíper - Você está linda.
— Tenho medo de esgarçar o tecido - digo.
— Fique calma, não está justo á ponto de esgarçar - ela diz, e eu suspiro - Aonde está seu babyliss?
— Na gaveta da penteadeira - digo - Acha mesmo necessário?
— Rebecca Monelise terá seu retorno triunfante - Jackie diz pegando o babyliss e me obrigando sentar na cadeira. Ela liga o aparelho e faz os cachos no meu cabelo. Quando ela acaba, faço minha maquiagem.
— Você realmente aguentar usar um salto de 10 cm? - Jackie pergunta.
— Sim, como se estivesse de pantufas - digo terminado de passar o batom.
— Eu mal consigo andar normal, quem diria gravida de gêmeos - Jackie diz.
— Você acostuma - digo me virando - O que acha?
— Acho que Peter é um idiota por acabar com você - ela diz.
— Estava me referindo a maquiagem - digo - e fui em quem terminou com ele, indiretamente.
— E eu estava referindo-me a você completa - Jackie diz - E ele ainda é um idiota por permitir que você terminasse com ele.
— Faz tempo que não vou numa festa - digo mudado de assunto.
— Fique tranquila é como andar de bicicleta, nunca se esquece - Jackie diz.
— Qual a graça de ir em uma festa sem poder beber e para piorar solteira? - pergunto calçando os sapatos.
— Sinta-se com 13 anos de novo - Jackie diz rindo.
— Como sinto falta daquela época - digo irônica.
— Você só fala isso porque não era tão popular - Jackie diz.
— Tão popular, mal sabiam meu nome Jackie - digo.
— Peter sabia, e pra você era o que importava - Jackie diz.
— Eu era uma estúpida garota que achava que o mundo girava em torno dele - digo.
— Você era essa estúpida garota até uns meses atrás - Jackie diz olhando-se no espelho.
— Eu sei - digo - Não me orgulho disso.
— Talvez tenha aprendido certas coisas com a gravidez - Jackie diz - Aliás, quando vai voltar para a escola, ainda tem que terminar o ensino médio.
— Isso é o que eu menos quero nesse momento - digo.
— Sabe que uma hora vai ter que voltar - ela diz - Já perdeu quase 4 meses de aula, se voltar agora pode recuperar no fim do ano letivo.
— Eu esperava poder me formar com vocês, participar do baile, ter uma noite memorável com Peter e então me preparar para faculdade - digo - Mas sei que não vai ser assim, não mais.
— Você ainda pode ir ao baile - Jackie diz - Podemos ir em algum lugar depois da colação, ter nossa noite memorável como melhores amigas e com alguns caras que jamais veremos novamente.
— Jackie eu terei um bebê com menos de dois meses - digo - como quer que eu vá ao baile ou perca a noite em uma boate?
— Você ainda terá 18 anos - Jackie diz.
— E serei mãe, arcarei com minhas responsabilidades - digo - E pensando bem, acho melhor eu nem ir nessa festa.
— Becca, já estamos prontas, não faça isso, você tem que se divertir - Jackie diz.
— Jackie minha realidade mudou, tenho que viver-la e ela não é a de uma adolescente normal - digo.
— Rebecca você ainda é uma adolescente, pode não estar na sua realidade entrar em coma alcoólico, mas você tem que se divertir - Jackie diz.
— Olhe para mim, como quer que eu vá numa festa de colegial nessa situação? - pergunto.
— Então seu problema está resolvido, pois não iremos numa festa de colegial - Jackie diz sorrindo - Iremos numa de faculdade.
— Diga que é da Boston University - digo e pelo sorriso dela percebo que não é - Quer me levar pra uma festa da Harvard?
— Na Harvard - Jackie diz.
— Quer me enfiar no campus? - pergunto.
— Logo vai ter de ir para lá todos os dias - Jackie diz - Quem sabe não conheça um cara.
— Que cara vai querer uma garota de 18 anos gravida de outro cara? - pergunto.
— E do pai, não se esqueça desse detalhe importante - Jackie diz rindo e atiro um travesseiro nela.
— Ninguém precisa saber que estou gravida pela Lizzie também - digo - Nem na festa, nem na escola.
— Pode confiar em mim - Jackie diz.
— Vamos antes que eu desista - digo levantando da cama.
— Essa noite será eu e você contra o mundo - Jackie diz tirando a chave do carro da sua bolsa.
— Cala a boca - digo rindo enquanto empurro-a para fora do quarto.
— Sr. Monelise não nos espere - Jackie diz continuando a falar merda.
— Tchau pai, vou dormir na Jackie - digo saindo da sala.
— Se der tempo de dormir.


...

Desculpem a demora, pretendo não demorar tanto assim da próxima vez. É que to escrevendo outra história e estava com mais ideias para ela. Mas não se repetirá.

Bjs Bjs


Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora