Capítulo 16 - Leitura

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Fecho os olhos e respiro profundamente, soltando o ar preso em meus pulmões vagarosamente. Abro os olhos e encaro o céu estrelado com algumas nuvens e me sinto feliz, uma felicidade impossível de se explicar.

Viro minha cabeça olhando para a cama, onde dormia vó Fátima e tia Paula e para a minha cama arrumada no chão, como preferi. Volto a olhar para o céu e vejo o movimento lento das nuvens.

Passo a mão por meu cabelo, verificando se meu coque está bem preso e pego o livro que estava a meu lado. Levanto do sofá-cama e caminho silenciosamente até a porta que deixei aberta, saindo em seguida.

Dou de cara com a sala de estar as escuras, e sinto o pânico correr por meu corpo. Calma Carolina, calma. Repito como se fosse um mantra, enquanto caminhava tateando o local para não esbarrar em nada.

Mas não deu muito certo.

Assim que dei dois passos bati meu pé, mais precisamente meu dedo mindinho, na cadeira fazendo um grande barulho. Prendo a respiração e travo meu maxilar para não começar a reclamar e deixo sair um palavrão de minha boca, enquanto massageava rapidamente meu dedinho.

Volto a andar pela sala em busca do interruptor, só que meu pé engancha em alguma coisa e tropeço, caindo no chão e deixando o livro escapar de minhas mãos, indo para algum lugar da sala e fazendo um grande estrondo, por causa da casa estar em completo silêncio. Até eu resolver sair do quarto.

Carolina: Porra! - digo e sento-me no chão, tentando achar o livro a cegas, a minha volta.

Desisto de procurá-lo e levanto do chão, voltando a andar igual a um zumbi. Com as pernas abertas e os braços esticados a minha frente fazendo movimentos em volta, evitando que me batesse, derrubasse ou caísse novamente.

Chuto alguma coisa, e percebo que é o sofá. Vou caminhando devagar até sentir o assento em minhas mãos, e me jogo no mesmo, soltando um longo suspiro. Devo ter acordado a casa inteira com o barulho que fiz!

Passo a mão no meu rosto e vou me arrastando sentada pelo sofá, até chegar ao final e me estico toda, tentando achar o interruptor. Acho que estou parecendo uma lagartixa, com o corpo já ereto e os braços esticados, passo a mão por toda a parede que consigo alcançar.

Respiro fundo já cansada e meus dedos tocam em algo, e percebo que é o maldito interruptor. Seguro o grito e a comemoração que queria fazer por conseguir achá-lo na escuridão e deslizo meus dedos para um botão, o ligando.

Olho em volta e ainda continuava tudo escuro. Era só o que me faltava a lâmpada ter queimado! Então lembro da lâmpada que tem na área da porta de entrada e respiro fundo. Aperto o botão de baixo e a sala se ilumina, automaticamente faço uma careta e fecho os olhos com força, por causa da claridade que se instalou no cômodo.

Sento no sofá e coloco a mão em cima dos olhos, diminuindo a claridade. Abro os olhos lentamente tentando acostumar com a luz e procuro pelo chão da sala onde o meu livro foi parar. E vejo a sua capa vermelha no início do corredor e sorrio, levanto do sofá sentindo meu dedo doer e caminho até ele.

Assim que o peguei não deixei de olhar para a porta do quarto no final do corredor, que estava aberta e percebi duas pessoas deitadas na cama. Reviro os olhos e volto para o sofá, vendo no meio da sala um chinelo. O qual eu devo ter tropeçado.

Me deito no sofá e abro o livro em frente ao rosto, folheio as páginas e começo a ler o primeiro capítulo. Deixando me perder nas linhas da história engraçada, onde o personagem começa a contar uma de suas desilusões amorosas.

Mas logo sou interrompida de minha leitura ao ouvir o som da geladeira sendo aberta, baixo o livro e olho para o corredor, vendo a luz da cozinha ligada. Dou de ombros e volto a minha atenção ao meu amado livro.

Extremo Desejo || História ParadaOnde histórias criam vida. Descubra agora