3. FOOLS

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Luke's pov

Me tremi por inteiro. O que eram aqueles recados? Tudo indicava que era o garoto da loja quem os escrevia. Primeiro, uma nota fiscal do vinil que ele me deu e agora um guardanapo limpo na mesa onde ele estava sentado. Ambos com a mesma caligrafia, ambos com a mesma caneta de tinta preta que vazava a cada toque no papel, ambos comentando sobre meu piercing. Meu piercing. O que tinha de tão especial? Aquele garoto estava brincando comigo. Com meu coração. E eu nem sabia seu nome! Ele era apenas o garoto da loja para mim. Não, não, muito mais. Ele era o garoto da loja que me conquistou com um olhar, com uma metade de frase. Por que ele falava "tarde" ao invés de "boa tarde"? E só "dia" ao invés de "bom dia"? Por que ele não me dizia seu nome? Por que ele escrevia aqueles bilhetes? Por que ele era tão lindo? Merda, Luke, por que você tinha que se obcecar por esse garoto tão diferente? O que ele tem de tão especial? Espera, o que ele não tem de especial? Ele é maravilhoso.

-Hemmings, o fluxo está diminuindo. Quer que eu vá comprar nosso almoço ou você vai? - Ashton me acordou.

-Eu vou! - disse um tanto desesperado, espero que Ashton não tenha percebido.

Ele foi para o balcão e eu tirei o avental do café, pendurando-o num gancho perto das máquinas. Ashton me deu uma nota de $50 para pagar nossos almoços. Ele com certeza esperava que eu ficasse com o troco, mas eu não ficaria de qualquer jeito.

Saí empolgado. Finalmente estava longe daquele sufoco e poderia passar pela loja de música e ver o garoto novamente. Esse era o plano, esse era o motivo pelo qual eu quis tanto sair. Andei algumas quadras até a rua da loja de música. Havia um Subway do outro lado da rua, perfeito! Parei para pedir dois sanduíches e na saída atravessei a rua em frente à loja de música. A faixada era completamente de vidro, o que me permitia ter uma visão completa da loja. Corri os olhos pela loja até encontrar, sem muita dificuldade, o menino de cabelos tingidos. Ele estava no segundo andar perto dos discos, apoiado na parede e conversando com algumas garotas. Merda, merda, merda.

Merda.

Segui de volta para a cafeteria. E se ele estivesse só conversando mesmo? E se estivesse vendendo discos para aquelas garotas? E se ele realmente estivesse interessado em mim? E se elas estivessem se jogando para cima dele apenas? Ele era todo cool, bonito, chamava a atenção de qualquer um. Talvez ele fosse dar um fora nelas agora.

Não. Sua pose. Seu jeito. Seu olhar.

Aposto que algum desses caras que trabalham com ele o desafiou a seduzir o viadinho que estava olhando os discos. Eu sou tão viado assim? Sou tão fácil de impressionar assim? Ele faria isso comigo? Ah, faria. Ele pode ser capaz de fazer qualquer coisa, eu não o conheço. E achei que o conhecesse. Olhe para ele, Luke. Ele trabalha numa loja de música, anda por aí com suas roupas cool e camisas de bandas. Ele é hétero, Luke.

Merda.

Cheguei à cafeteria. Joguei o saco com os sanduíches em cima do balcão, fui para atrás do mesmo e vesti meu avental.

-Não vai comer primeiro? - Ashton perguntou.

-Alguém tem que trabalhar. A propósito, - tirei o troco do bolso - aqui está seu dinheiro.

-Hemmings...

Não liguei. Ele não ia pegar e eu não ia segurar. Abri o bolso de seu avental e joguei o dinheiro lá dentro. Então, voltei ao trabalho tentando não pensar no garoto da loja.

Ah, o garoto da loja...

***

Ashton sempre era o último a sair do café. Ele ficava depois do turno para limpar o que ainda estava sujo. Mas naquele dia precisava de algo para ocupar a mente, então decidi que eu ficaria para fazer o seu trabalho. Óbvio que ele protestou, mas no fim ele acabou concordando que precisava de descanso e foi para casa, me deixando sozinho na cafeteria sem vida.

Lá pelo fim dos meus serviços, ouvi um barulho de papel. Não pude ver o que era, mas quando estava indo embora, vi o que era. Havia um papel dobrado no chão bem à frente da porta da loja, na parte de dentro. Alguém devia ter passado e jogado ali. Quando o peguei, logo vi que era apenas um anúncio. Mas então percebi. Estava dobrado pois tinha algo no seu verso. Contra a luz da rua que entrava pela porta, pude ver as manchas da tinta preta no verso do folheto.

Pensei em jogar o papel fora sem nem ver o que estava escrito. Ele já tinha me feito de trouxa o suficiente. O que era dessa vez? Um pedido de desculpas por ter dado em cima das putinhas da sua loja? Não importa, nós não somos nada. Eu nem sei o seu nome.

Espera, será que ele tinha me visto passar pela sua loja de manhã? Li o recado.

"Lembrei de você enquanto organizava os discos que chegaram. Aquele lugar é uma merda sem seus olhos os admirando. Ou me admirando."


{n/a: 800 palavras de novo, meu deus, preguiçosos vão me odiar, mas é isso , não consigo escrever capítulo pequeno como eu queria. Oh, e vamos falar sobre a capa da fic. Eu editei as capas de todas as minhas fics para ficarem no mesmo estilo como sempre, mas essa é de longe a mais especial. Além de ela ser a única com mais cor (as outras são em tons mais darks), tem os emojis também, apesar de não serem muito notados. Tem dois conjuntos de três emojis azuis, um de cada lado, que representam Luke, Michael e algumas coisas da história, sinceramente eu adorei o que fiz nessa capa, e gostaria de compartilhar com vocês e saber a opinião de vocês (¿?). Enfim, comentem, é sempre muito importante para mim. A o próximo capítulo, amo vocês ♥}

Blue Neighbourhood ღ muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora