Doce Rosabel - Capítulo 9

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"Rosie, doce Rosabel, eu a amo mais do que eu posso dizer. Sobre mim, ela lança um feitiço, minha encantadora de olhos pretos, doce Rosabel"

- Paul Dresser (Rosabel)

ESTUDANTE ADOLESCENTE É ENCONTRADO INCONSCIENTE SOB ÁRVORES E ARBUSTOS

Ulysses Agostini de 17 anos, filho da renomada modelo Esther Agostini, foi encontrado inconsciente por policiais sob árvores em meio as folhagens em noite de tempestade. Segundo testemunhas, o adolescente tinha fugido de casa após desentendimentos com a mãe. Esther Agostini não se pronunciou sobre o ocorrido.

O vento estava forte do lado de fora da minha janela, a chuva caía em abundância e os trovões soavam cada vez mais assustadores. Escutei passos no corredor, continuei a fitar a janela e piscava cada vez que um relâmpago iluminava o céu e o meu rosto. Os passos no corredor pararam do outro lado da minha porta, quando a porta foi aberta a luz do corredor banhou o meu quarto.

Não me virei para olhar quem estava entrando o meu quarto, afinal, eu já sabia quem era.

- Eu só queria te proteger – ela falava baixo. – Eu não tinha a intenção de te ver magoado nessa história toda.

Meu rosto ainda estava inchado por causa do choro, continuei deitado de costas para ela, por um segundo que seja eu não me atrevi me virar para olhá-la.

Ela suspirou e fechou a porta do quarto me deixando sozinho, perdido em meus próprios pensamentos, distante daquele quarto, navegando pelo universo mentalmente, procurando uma porta de saída para que ela fosse aberta e eu pudesse desparecer por ela. Eu não queria sofrer.

Me encolhi ainda mais embaixo do lençol em uma posição fetal e adormeci gradativamente. Durante as horas daquela madrugada chuvosa eu dormi calma e tranquilamente e não tive sonhos sobre o acontecido, nem sobre Caleb, nem sobre meu pai. Meu sono foi escuro, sem imagens.

* * *

Quando o despertador tocou de manhã eu fui para o banheiro, escovei os dentes e deixei que toda aquela tensão escorresse pelo ralo em um banho quente, como se fosse possível que todos os meus problemas pudessem ir diretamente para lá.

Me vesti e esperei no quarto até escutar a porta da frente batendo, peguei meu skate e desci para a cozinha, tinha vitamina pronta. Tomei, peguei minha mochila e fui para escola.

Durante todo o caminho eu tentava não pensar em nada sobre o que tinha acontecido. Eu não conversei com Caleb durante todo o fim de semana, eu só saía do meu quarto para comer alguma coisa quando eu percebia que a minha mãe estava no quarto ou tinha saído de casa.

Fui recebido pelos olhares de todos na escola que me encaravam como se eu fosse um fantasma ou uma aberração mutante de outro planeta. Eu tinha virado o assunto da cidade, "O filho problemático de modelo".

Com meu skate embaixo do braço eu passei por todos eles sem olhar para trás. Entrei na sala de aula e percebi que Caleb não estava na escola.

Abaixei a cabeça sobre a mesa e esperei que 350 minutos passassem sem me importar.

* * *

Eu tinha colocado em minha mãe a culpa por ter me tirado do lar da minha avó, eu culpava ela por isso, mas o erro era meu, eu errei por ter usado drogas, errei por me isolar de quase todos. O real motivo de eu ter ido morar com minha mãe foi minha avó ter perdido o controle sobre mim e depois ter intimado mamãe a me buscar. Não era culpa da minha mãe, não era culpa da minha avó. Era minha culpa, afinal eu era um acidente.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora