"A ausência de alguém pode aprofundar o amor".
- Nicholas Sparks
Dezessete Anos Antes...
A noite estava fria enquanto Esther caminhava pelas ruas mal iluminadas, ela estava sozinha e o casaco fino que usava não era capaz de aquecer seu corpo. Seus pés doíam, enquanto impaciente, ela andava apressada e assustada. Os olhos dela ardiam, ela apertava os próprios braços em torno de si para espantar para longe aquela sensação fria que fazia Esther se sentir apavorada e sozinha.
Esther ignorou alguns curiosos que a observavam andando apressada como se ela fosse uma adolescente louca ou drogada. Ela olhava apenas para frente enquanto seus pés andavam quase que violentamente, suas roupas estavam amassadas e cheiravam a cigarro. Ela já tinha ligado para ele mais cedo naquela mesma noite, e contara sobre o resultado que a deixara apavorada.
O que ela faria daquele momento para frente? Quais seriam as consequências de um amor adolescente? Como ela conseguiria seguir adiante com o sonho?
Essas e outras milhares de perguntas pairavam sobre sua cabeça ao mesmo instante em que seus pés se moviam com violência.
Ele já estava a sua espera, quando ele a viu, Victor se levantou do meio-fio onde ele estava sentado, e encurtou o pouco espaço para estar logo junto dela. Eles se abraçaram com a força de um solavanco.
Esther despejava seu choro no ombro de Victor enquanto ele acalentava suas costas com as mãos.
- Eu estou com tanto medo – Esther disse nos soluços entrecortados. – O que vai acontecer agora?
Victor afastou o corpo de Esther para que seus olhos ficassem frente a frente, ele segurou o rosto dela entre as mãos e acariciou o canto da boca de Esther com o polegar.
- Você é a minha doce Rosabel, lembra? Eu vou ficar com você e vou te proteger. Sempre.
Ele desceu a mão pelo corpo de Esther até pousá-la sobre a barriga que ainda não havia adquirido nenhuma forma, mas ele estava lá, ambos sabiam disso.
- Confie em mim – Victor sussurrou.
A Esther de quinze anos, doce, ingênua e amedrontada, descansou a cabeça na clavícula de Victor.
- Eu confio – ela sussurrou de volta.
Naquele momento Victor a abraçou com ainda mais força, sentindo suas terminações nervosas formigarem implorando mais pelo corpo de Esther. Ele estava disposto a honrar sua promessa de nunca abandoná-la.
Eles estavam entranhados um ao outro naquela noite fria, no meio da rua em frente a casa de Victor. Esther ergueu os olhos quando ela notou a sombra arredondada na janela do segundo andar, a garota baixa e ligeiramente corpulenta assistia toda a cena.
***
Apertei meus olhos um pouco mais para olhar diretamente no rosto de Victor. Algo se entranhava em minha garganta e me impedia de falar ou ao menos chorar, tudo era de um jeito estranho meio gratificante e meio avassalador demais. Água escorria do meu cabelo e pingava sobre meu rosto e enquanto as gotas rolavam, elas traçavam caminhos que se cruzavam por sobre minha pele; caminhos esses estreitos e espinhosos que dificultavam a passagem de raciocínio lógico para minha cabeça. Eu só conseguia pensar nas palavras... Naquelas palavras escritas por uma pessoa frágil, e talvez meio quebrantada.
Victor parecia estar preso em algum dilema interno assim como eu, seus olhos moviam-se percorrendo toda a minha estrutura. Eu senti a densidade daqueles olhares profundos, eu senti que cada parte do meu corpo parecia queimar. Eu sentia meus ossos latejarem sob a carne firme, as juntas do meu corpo pareciam estar embebidas em álcool, facilitando assim a combustão. Minhas terminações nervosas, minha pele, meus dedos... Era como riscar um fósforo próximo a uma toalha coberta de conteúdo altamente inflamável.
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Olhos Azuis
Teen FictionSeus olhos brilhavam intensa e vividamente após cada palavra que eu dizia. Suas mãos buscavam pelo calor das minhas mãos, seus dedos se entrelaçaram aos meus dedos e uma onda elétrica percorreu de seu corpo para o meu. Éramos como ímãs, atraído...