"Se, a Princípio, nos desencontrarmos, não desanimes. Se não me achares aqui, procura-me ali; em algum lugar estarei esperando por ti".
- Walt Whitman
ESTHER
Ela não saíra de perto dele, mesmo que ele não conseguisse vê-la quase escondida entre as pilastras, Esther permanecera lá. Não havia muitas pessoas na capela, apenas alguns membros do corpo estudantil, isso incluía alguns professores, alguns alunos, funcionários e o diretor da escola onde Victor era professor.
Esther estava envolvida em trajes pretos, assim como todo mundo, mas não era por Vanessa. Seu luto era pela vida que Vanessa a privara de ter, quase dezessete anos que ela poderia ter vivido ao lado de Victor. Juntos eles poderiam ter criado Ulysses, mas por causa do ódio cego e a inveja de Vanessa, eles ficaram órfãos desses momentos. Vanessa era uma mulher quebrada com sérios problemas de auto-estima, e uma pessoa como Vanessa, é uma bomba relógio apenas a espera de um impulso que engatilhe a explosão.
Victor levantou-se e prostrou-se ao lado do caixão preto para receber os cumprimentos de seus colegas, porém Esther não se moveu de onde estava enquanto as pessoas formavam uma fila perto do caixão fechado. Após responder educadamente cada um de seus colegas, Victor tomou seu lugar no degrau elevado para que as pudessem ouvi-lo agradecer pelas condolências.
Esther não o julgou, Vanessa poderia ter sido uma mulher cruel, mas ainda sim ela era irmã de Victor. Ela também tinha pessoas que a amavam.
Após o breve discurso de Victor, as pessoas assistiram caladas quando o caixão fora levado para dentro do crematório, onde as chamas fizeram de Vanessa apenas um monte de cinzas numa urna.
Os jornais só falavam de tudo o que acontecera na casa de veraneio de Victor, "Professora descontrolada tenta matar modelo famosa e o filho adolescente com outros jovens". Aquela semana fora bastante turbulenta para Esther, seu gramado estava constantemente encharcado de repórteres e curiosos. Apenas o polícia sabia sobre o que realmente acontecera naquela casa, que Vanessa corrompera um adolescente para matar o filho de Esther, seu sobrinho, e tentara roubar a herança deixada para Caleb, e então finalmente matar Esther por ser simplesmente bela, que isso fazia Vanessa se odiar durante sua adolescência em busca por beleza e atenção.
Pode parecer clichê, mas Esther nunca se importou de verdade com aparência, nada seria mais belo do que um sentimento puro. Esther tomara Caleb como exemplo, mesmo sem ele poder enxergar, mesmo sem poder ver o rosto e todo o resto que compunha Ulysses, ele o amava incondicionalmente.
Esther tentou embrenhar-se por entre as pessoas que deixavam o local, ela não queria ficar frente a frente com Victor. Parte dela sentia vergonha por ter se deixado ser enganada apenas por uma carta. Ela de fato nunca lera as cartas que Victor a mandara depois de ela ter lido aquela falsa carta. Esther somente as guardou, trancou-as em um baú. Ela de fato lera algumas poucas por curiosidade, mas desistira de ler o resto por medo de se machucar novamente.
- Esther...
Ela parou em meio ao tráfego, as pessoas passavam por ela como uma rocha firme na correnteza. Esther hesitou por alguns segundos, a voz de Victor ainda era a mesma de dezessete anos atrás, o mesmo tom metálico com um toque macio, isso a remeteu para lembranças de seu passado, lembranças que ela não se permitira esquecer.
Lentamente ela moveu os pés, mas não para sair. Os olhos de Victor brilharam ao ver seu rosto, as maçãs rosadas, os lábios entreabertos, aquele piscar de olhos que somente quem conhecia Esther de verdade sabia que aquele simples ato era único.
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Olhos Azuis
Teen FictionSeus olhos brilhavam intensa e vividamente após cada palavra que eu dizia. Suas mãos buscavam pelo calor das minhas mãos, seus dedos se entrelaçaram aos meus dedos e uma onda elétrica percorreu de seu corpo para o meu. Éramos como ímãs, atraído...