Capítulo 5

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Alguém bateu à porta àquela hora da noite. Minha tia Karen parou de assistir o programa da televisão e foi atender.

– Olá, Karen. Desculpe incomodar a essa hora.

– Não tem problema.

– Eu queria saber se poderia ficar com meus filhos por dois ou três dias. O avô de meu marido faleceu e tenho que viajar até a Flórida. Eu não gostaria que eles fossem, porque podem ficar traumatizados com o cemitério.

– Eu cuido deles, fique tranquila, estarão seguros comigo.

– Obrigada, Karen.

As duas crianças entraram. O garoto tinha oito anos e a menina um. Ela estava aprendendo a andar. Eu achei-os uns fofos. Mas o garoto não foi com a minha cara. Desde que nos vimos, ele fazia caretas feias para mim. Já a menina era um amor.

No dia seguinte, quando voltei do colégio, eu vi o garoto revirando minhas coisas. Nem preciso dizer que fiquei furiosa. Briguei com ele e ele saiu correndo do meu quarto. Que moleque atrevido!

Tia Karen foi ao supermercado e deixou os dois comigo. O Paul não me obedecia e bagunçava a casa inteira. Eu me vi toda descabelada de tanto gritar com ele. Mas a Layla era tranquila e gostava de brincar comigo. Eu ajudei-a aprender como caminhar. O sorriso dela me fascinava, e eu me divertia vendo ela dar os primeiros passinhos.

Até que enfim tia Karen voltou e Paul se controlou. Perto dela ele era um anjinho. Eu já até desisti de contar para tia que o garoto era um pestinha, ela não concordaria comigo, pois o comportamento dele era outro bem diferente.

Eu estava ouvindo minha música preferida e brincando de levitar as coisas em meu quarto. Era quase uma terapia para mim ficar flutuando. Quando de repente a porta abriu e Paul entrou. Ele olhou espantado para as coisas flutuando no ar e saiu gritando pelo corredor.

– Socorro! Ela é uma Bruxa! Ela é uma Bruxa!

Me desesperei! Como eu pude esquecer-me de trancar a porta? Eu tinha que fazer alguma coisa e rápido.

– Ela é uma B...

Lancei meu raio de sonolência e coloquei-o para dormir. Suspendi-o no ar antes que rolasse escada abaixo. Controlei-o no ar e o trouxe de volta. Era preciso pensar em alguma coisa, a tia Karen apareceria a qualquer momento e eu estaria ferrada!

– O que você está fazendo? – gritou Karen lá de baixo, me vendo transportar o garoto dormindo.

– Eu, e-eu... – gaguejei.

– Magda McFord! Eu já não falei para jamais usar seus poderes? Veja o que está fazendo, agora todo mundo ficará sabendo quem somos.

O sermão começou. Coloquei o garoto no chão levemente e me preparei para ouvir. Quando ela me chamava pelo nome completo podia esperar que o discurso não acabaria tão cedo.

– O pai deste garoto é policial. A polícia está atrás de Bruxas como nós para serem presas e condenadas a pena de morte não importando a idade.

– Desculpe, tia. Mas esse garoto estava me tirando do sério, ele é terrível!

– Ah. Então não consegue controlar seus poderes com uma criança inocente? E quando vier alguém e provocá-la de verdade? Vai matá-la por não suportar?

– Não, é claro que não.

– Magda, minha filha – Karen se acalmou perigosamente. Eu sabia que aquilo não era nada bom – Prometi a sua mãe que cuidaria de você e não deixaria cometer esses erros. Eu vou ter que fazer algo para o nosso próprio bem.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora