Capítulo15

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Assim como os meteorologistas anunciaram, aquele dia amanheceu frio e chuvoso. Uma frente fria vinda do Canadá cobriu todo o céu de Vermont. Não havia previsão de neve, apenas temperaturas baixas. Como era fim de semana, eu preferi ficar em casa assistindo a alguns filmes ou ouvindo música.

– Mag, minha cunhada chegará hoje – disse Karen – Quero que se comporte perto dela, viu? Pois como sabe, ela é uma Fada. E as Fadas não fazem muito seu estilo.

– Aquelas filhas chatas dela virão também?

– Certamente.

Iris e Bianca. Duas garotas atrapalhadas que receberam uns bastões coloridos onde transferiam suas magias para eles e realizavam o que queriam. Só que elas faziam coisas tão bizarras e sem noção nenhuma, dificilmente acertavam o feitiço. Certa vez, assim que vim morar com minha tia, elas vieram nos visitar e a Iris transformou meu guarda-roupas em um piano mudo.

– Veja pelo lado bom, queridinha – disse ela mostrando todos os dentes como se eu fosse algum dentista – Agora você pode tocar e ficar famosa.

– Eu não quero tocar. Eu quero as minhas roupas e minhas coisas de volta – reclamei, indignada – onde elas estão?

Naquele momento, Bianca entrou no meu quarto e tentou consertar o que a irmã mais nova fez. Só que não. Ela transformou o piano em uma árvore falante, que tinha galhos enormes, olhos e boca bem estranhos. Era uma criatura muito irritada que rosnava o tempo todo.

– O que está acontecendo aqui? – disse Karen, abrindo a porta de meu quarto, na época – Que barulheira!

– Ela transformou meu guarda-roupa nesse troço, tia – respondi, completamente irritada.

– Oh! Essas meninas – a mãe delas, tia Floralia havia aparecido para se desculpar pelas filhas – Deixe comigo, minha queridinha, eu resolvo.

Floralia sacou uma varinha, fez uns círculos e disse alguma coisa que eu não entendi. Lançou um raio em cima da árvore falante que protestou imediatamente, mas voltou a virar "guarda-roupa". Todo mundo voltou para a sala, deixando meu pesado guarda-roupa bem no meio do meu quarto e com todas as minhas roupas e objetos bagunçados.

Agora eu teria que aturar aquelas Fadas atrapalhadas bagunçando meu quarto todo. Não sei por que, mas os primos aparecem em nossa casa apenas para "fuçar" nossas coisas, desorganizar tudo e ir embora como vândalos legalizados felizes por terem feito algo divertido. Devo deixar bem claro que meu ódio pelas Fadas não tem nada a ver com minhas primas Iris e Bianca, apesar de atrapalhadas elas eram pessoas bacanas. Eu passei a detestar as "Bruxas Brancas", como alguns as chamam, pelo fato delas viverem nos difamando. Elas são Bruxas como nós, porém elas podem viver livremente enquanto temos que nos esconder para não sermos queimadas em praças públicas.

Eu entendo que existam Bruxas do mal e Fadas do bem, assim como existe Fadas do mal e Bruxas do bem. Todas as etnias são assim, ou será que não existem Humanos do mal também? Minha mãe explicou para mim um dia que a diferença entre o bem e o mal estava no preconceito, em como reagimos a isso. Não sei se ela estava certa quanto a isso, mas enquanto o povo Nórdico for visto como uma ameaça e as Bruxas como a pior raça entre eles, eu vou ter que lidar com este tipo de preconceito em outra hora, quando não estiver lutando pela própria vida.

– Oiee! – disseram elas em coral, assim que chegaram.

– Oi, que bom que vieram – Karen estava feliz com a visita da cunhada – Estávamos com saudades de vocês.

– Faz um tempão que não nos visita, minha irmã – disse Tulio, esposo de Karen.

– Faz tempo que não nos visita também, Lio.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora