Capítulo 12

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Já fazia um tempo enorme que eu não visitava o Lago Champlain à tarde. E naquele dia o sol brilhava forte no céu. Estávamos no outono, em breve o tempo mudaria e começaria o frio típico de final de ano. Em Vermont parecia ser o lugar mais gelado de toda aquela região, com muitas tempestades de neve. Mas naquele dia, em especial, estava quente e sem nuvens. As águas do lago estavam apetitosas, porém eu queria apenas observar a paisagem. Alguns peixes vieram até onde eu estava brincar na margem. Eram pequenas criaturas inofensivas. Por um momento eu pensei no que Amy me disse sobre sereias, eu respondi que não acreditava nelas por que elas realmente não existem. Sorri, pensando nisso.

Mas, e se...

E se elas existissem? Assim como eu sou uma Bruxa, a Amy uma Elfa, o Damon um Vampiro. Enfim, assim como existiam as Fadas, Ninfas, Elfos Negros, por que não podiam existir criaturas exóticas meio Humano, meio peixe, que viviam nas profundezas dos mares. Aqueles peixinhos pareceram pequenas criançinhas que brincavam umas com as outras como se estivessem em um parque de diversões. Havia um pedaço de biscoito no meu bolso que guardei para jogar no lago. Dividi em diversos pedaços bem pequenos e joguei as migalhas nas águas. Eles disputaram cada pedaço como se fosse o último da vida deles.

– Por que está fazendo isso? Não vê que está interferindo no ecossistema deles?

Eu virei para ver quem falava comigo. Me deparei com uma criatura muito bonita que nunca tinha visto na vida. Assustei e me coloquei em posição de defesa ao ver as brancas asas dela. Já estava começando a ficar chato, toda vez que eu queria me descontrair no lago aparecia essas criaturas estranhas para me incomodar.

– Quem é você? – perguntei assustada.

– Não precisa se assustar, não vou te fazer mal algum. Meu nome é Melisse, tenho o orgulho de dizer que na minha língua significa doçura. E é isso o que sou.

O sorriso dela não me convenceu, ainda estava ressabiada com ela.

– É uma Ninfa, então?

– Sim, da ordem das Melíades. Somos todas uma graça, não acha?

Ninfa Melíade. Amy estava certa, as Ninfas eram muito convencidas.

– Quer dizer que é uma Ninfa guerreira? As melíades pelo que sei adoram uma briga.

– Ha, ha, ha. Não é bem assim. Eu não levo desaforo para casa de jeito nenhum, mas você pode confiar em mim, não vou fazer mal algum. O que veio fazer neste lago?

– Eu venho sempre aqui. Adoro dar comida aos peixes e patos. Eles são incríveis.

– Pois não o faça mais – ela disse séria.

– Por quê?

– Aqui pode haver criaturas das profundezas do mar. Os filhos dessas criaturas costumam visitar os lagos porque acham que são seguros.

– E o que isso tem a ver?

– Se você os alimenta, eles irão se acostumar. No dia que não puder vir no mesmo horário de costume, eles se revoltarão contra você pensando que os abandonou, então você verá do que são capazes. Eles parecerão frágeis, mas os pais deles não são. São extremamente vingativos.

É cada coisa que me contam. Imagina, existir criaturas das profundezas dos mares. Sereias, por assim dizer. O que mais poderia existir? Não, nem vou pensar. Vai que existe também!

– Então devo deixá-los com fome?

– Eles não terão fome. Quando tiverem, irão naturalmente atrás do próprio alimento.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora