Capítulo 29

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Desliguei e fui me preparar para a cirurgia. Eu precisava me concentrar e ser a médica Camila e não ex-namorada que ainda é completamente apaixonada e esta desesperada nesse momento.

Precisava segurar minhas emoções e ser o mais profissional o possível. A vida da Natacha estava em minhas mãos. Literalmente.

Eu já estava quase entrando na sala de cirurgia e a Bia chegou, me deu um abraço forte, me passando a confiança que eu precisava naquele momento.

- Vai dar tudo certo Cah. Você é a melhor no que faz, ela esta em ótimas mãos, você sabe disso.

Só respirei fundo e entramos.

A cirurgia estava durando mais do que o esperado, complicações que eu não estava contando estavam aparecendo.

- Drª Camila, ela não esta aguentando a cirurgia. Esta tendo uma parada cardíaca, devo chamar a Drª Julia?- enfermeira

- Não.

- Todas me olharam estranhando minha resposta.

- Mas Drª... - enfermeira

- Eu não quero que a Julia chegue perto dela, estão me ouvindo?

- Mas e quem vai cuidar dela? - enfermeira

- Eu, eu vou controlar isso.

- Mas... – enfermeira

A Bia interrompeu o questionamento da enfermeira

- Eu sei que você pode cuidar disso Cah, já salvou a vida da Natália nessa circunstância, eu sei que você consegue.

Ela me dizer isso me fez lembrar de quando eu era só uma interna atrevida e salvei a vida da Natália quando estava tendo uma parada cardíaca depois de um acidente grave de carro e já ter sido declarada morta.

- Desfibrilador. – eu

Elas o trouxeram, eu respirei fundo, olhei pra Bia e seu olhar me passou a confiança que eu precisava.

- Afastem-se...

O primeiro choque e nada.

- Carreguem outra vez... Afastem-se...

Mais um e nada.

- Carreguem mais forte... Afastem-se.

E mais uma vez, nada.

Fechei meus olhos e mesmo não sendo muito religiosa pedi a Deus ou qualquer outra entidade que pudesse me ajudar naquele momento e repetia repetidas vezes em meus pensamentos. "Não me deixa agora."

- Drª, eu acho que...

Respirei fundo, abri os olhos.

- Carreguem mais uma e mais forte... Afastem-se.

Foram os segundos mais longos da minha vida.

Até que eu ouvi aquele som dos batimentos voltando ao normal. Esse som era muito normal pra mim, era constante no dia a dia, mas naquele dia foi como musica para os meus ouvidos.

Terminei a cirurgia sem mais complicações, todos me cumprimentaram antes de saírem da sala e levaram ela pro quarto.

Depois da cirurgia a Natacha ficaria um tempo em observação e não havia nada a ser feito, só a longa e interminável espera.

Eu estava indo para a minha sala e no caminho passei pela sala de espera.

- Drª, como ela esta? – Sara

Pra todo fim, um recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora