Capítulo 31

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Saí do quarto segurando o choro e encontrei com a Luisa e a Thais no corredor do hospital.

- Camila. Onde ela esta? – Luisa

- Esta na UTI.

- E como ela esta?

- Aparentemente ela está ótima, a cirurgia foi um sucesso, mas algumas lesões são possíveis.

- Ai meu Deus, já constataram alguma?

- Perda da memória recente.

- Isso quer dizer que...

- Ela não lembra de mim.

Eu tentei, mas não resisti e comecei a chorar. Isso é muito cruel, como pode ela não lembrar de mim?

Por mais que eu entendesse o caso e visse coisas parecidas todos os dias era duro ver isso acontecer comigo.

Aceitar que a mulher que eu amo nem sequer sabe quem eu sou.

A Luisa me abraçou ternamente.

- Calma Cah. Ela vai lembrar de você, não vai?

- Isso é muito relativo. Pode demorar dias, semanas, meses, anos...

- Vamos pensar positivo.

- Eu preciso ficar um pouco sozinha. Se vocês quiserem já podem vê-la.

Elas foram em direção ao quarto e eu para o meu consultório.

Passei o resto do dia la trancada chorando. Eu só conseguia pensar em todos os nossos momento juntas que foram apagados da memória dela, mas na minha era tão presente.

Com tudo isso acontecendo, nem consegui pensar na Julia, mas ela logo mudou isso me mandando uma mensagem no celular:

"Eu soube que a bela adormecida acordou. Hora de contar uma história pra ela."

Joguei o celular no outro lado do consultório de tanta raiva que eu tinha. Como eu iria contar uma coisa dessa pra Natacha se ela nem lembra de mim?

Na verdade, assim ela vai sofrer menos. Ela não lembra da nossa história, então vai poder começar uma nova como se eu nunca tivesse feito parte dela.

O dia passou, a noite entrava e eu ainda estava ali.

Da recepção me ligaram dizendo que estavam me chamando do quarto da Natacha.

Fiquei com medo dela estar sentindo alguma coisa e sai correndo feito uma louca pelo hospital.

Cheguei toda descabelada, ofegante por ter corrido ao chegar no quarto vejo ela linda, sorrido, mas não pra mim, mas sim de mim.

- Quando você disse que viria correndo eu não sabia que levaria ao pé da letra, Drª Camila.

- Que susto Natacha, achei que você estava sentindo alguma coisa.

- Me desculpe ter te incomodado, mas eu não queria ficar sozinha e você disse que eu poderia chamar e...

- Não se desculpe. Fez bem em me chamar, e também eu estava precisando sair daquele consultório e tomar um ar.

- Problemas?

- Muitos.

- Tem solução?

- Nem tudo é como a gente quer.

- Você quem decide isso.

- Vejo que seu otimismo esta intacto.

- É estranho. Você parece me conhecer tão bem, eu vejo nos seus olhos, mas eu não tenho nenhuma lembrança sua, só uma sensação boa quanto você esta por perto. Devíamos ser muito ligadas, não?

Pra todo fim, um recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora