Capítulo 35

65 4 0
                                    

Ela foi o caminho todo em silêncio e por mais que eu tivesse muitas coisas a dizer eu não conseguia e nem podia dizer nada, mas para não ficar aquele clima tenso resolvi quebrar o gelo.

- Ansiosa?

- Não, estou tranquila.

- Esta quieta.

- Só pensando.

- Você anda tão pensativa.

- São muitas coisas acontecendo que eu preciso analisar pra me inteirar de onde eu estou, afinal são dois anos da minha vida que eu não lembro.

- Eu posso te ajudar a lembrar de algumas coisas. Você é uma pediatra maravilhosa, seu trabalho na África foi muito bonito e importante pra todos la, seu emprego ali no hospital se manteve...

- Eu não namorei ninguém nesses 2 anos?

Meu coração foi quase na boca, minhas mãos começaram a suar e eu fiquei completamente sem jeito.

- Er...

Eu não podia mentir pra ela, mas também não podia dizer a verdade.

- Eeeer... Você namorou sim, mas não durou muito.

- Por que não?

- Ai Natacha não faz pergunta difícil.

- Mas por que é tão difícil me responder?

- Pronto, chegamos, vamos subir...

Aquele assunto me deixou muito nervosa e eu sai dele o mais rápido possível.

Subi até o apartamento com ela e quando entrei nele um turbilhão de lembranças me vieram.

Nosso primeiro beijo, nossa primeira noite, os carinho trocados...

Notei que para Natacha estava sendo uma experiência diferente.

Ela olhava pra tudo com atenção, andou até a sala e parou diante de um porta retrato, nele tinha uma foto nossa em um dos nossos dias de folga quando trabalhávamos na África.

- Que foto bonita, onde foi? – Natacha

- Foi na África. Em um dia de folga você me arrastou para esse parque e passamos o dia la. Acho que nunca me diverti ou ri tanto como naquele dia. – eu

- Realmente deve ter sido um dia ótimo, acho que não me lembro de um dia em que eu aparentava estar tão feliz.

- Foi um dia realmente maravilhoso, com uma companhia maravilhosa. – eu

Ela desviou os olhos da fotografia e direcionou aqueles olhos lindo pra mim. Me olhou com uma intensidade que eu parecia decifrar os seus pensamentos, mas sua boca nada disse.

Ela se virou e foi andando até o quarto.

Eu fui atrás dela e quando ela chegou se deparou com varias fotos nossas espalhadas pelo quarto.

A Natacha tinha essa mania de registrar todos os momento, ela dizia que queria ter uma foto de cada momento bom na vida dela para que aqueles momento nunca sejam esquecido e se eternizem.

Ela foi olhando cada uma das fotos, pegava os porta retratos na mão e passava um bom tempo olhando cada foto.

- As fotos te fazem lembrar de alguma coisa?

Quando ela virou seu rosto pra mim pude notar que seus olhos estavam cheios d'água.

- Natacha, o que houve?

Ela deu a volta no quarto se aproximando de mim.

- As fotos não me fazem lembrar de nada, só me trazem sensações boas.

- E por que esta chorando?

- Exatamente por não lembrar desses momentos que parecem tão felizes ai das fotos.

- Você batia essas fotos para eternizar esses momentos.

- Queria poder lembrar de como é estar feliz como eu estava naquelas fotos.

- É provável que logo logo você volte a lembrar de tudo, só precisa de paciência.

Ela pegou uma das fotos que estavam ao lado da cama e ficou olhando.

- Nós parecíamos tão felizes aqui. – Natacha

- Nós estávamos mesmo.

- Pelo jeito éramos muito próximas.

- De fato éramos.

- Nós não éramos só amigas não é Cah?

- Como? Do que você esta falando?

- Eu não sei o que aconteceu no passado, mas eu sei o que eu sinto e me conheço muito bem e olhando essas fotos hoje eu tive certeza, nós não éramos só amigas. Foi com você que eu namorei.

Meu coração que já batia mais forte que o normal já estava quase parando, eu fiquei sem reação, não sabia o que fazer.

- Natacha...

- Eu sei que foi com você que eu namorei. Eu não lembrei de nada, mas pelo jeito que nos olhávamos naquelas fotos e pelo jeito que me sinto quando estou com você eu acho que não tem mais duvidas. Eu só não sei por que você escondeu isso de mim.

- Natacha, é tão complicado.

- Então descomplica Cah.

- Eu gostaria de te contar tudo, mas ainda não é o momento certo pra isso.

- Por quê?

- Por que tem muitas coisas acontecendo que você nem imagina e só eu posso resolver isso. Depois de isso tudo estar certo eu posso te contar tudo que você quiser.

- Foi por causa da Drª Julia que nós terminamos? Você ama mais ela?

- Não. Natacha, a Julia não é quem parece ser.

- E por que você esta com ela se não a ama?

- Isso é outra longa história.

- Eu não consigo entender.

- É complicado mesmo. Mas um dia vai ficar tudo certo.

- Cah, eu não quero esperar mais...

- Natacha, não faça as coisas serem mais difíceis do que já são.

Ela se aproximou ainda mais me mim e por mais que meu corpo clamasse por esse contato eu sabia que eu iria querer muito mais.

Fui me afastando andando para trás e ela veio me seguindo até que me encostei em uma parede e não tinha mais saída.

Ela veio cada vez mais perto e eu já sentia sua respiração bem perto de mim.

- Natacha...

- Ai Cah, não posso mais ficar nessa tortura de não lembrar como é te tocar. Eu preciso...

E fez.

Com toda delicadeza ela fez, com uma curiosidade de provar novamente o que já era seu por direito ela avançou contra a minha boca me dando um beijo precisado, necessário para ambas. Ele era cheio de saudade, não existia nenhuma mágoa, só amor...

Aquele parecia nosso primeiro beijo. De fato tinha um pouco disso nele.

Natacha estava aberta pra conhecer, aprender, sentir de novo. Suas mãos percorriam da minha nuca até minha cintura, quando ela me puxou para mais perto dela me fazendo dar um gemido baixo. Cada movimento que ela fazia me deixava cada vez mais excitada, a saudade que eu tinha daquele beijo, daquele corpo, daquela sensação ultrapassou todo o meu estado anterior de juízo e eu me entreguei por inteiro.

- Que saudade que eu estava desse beijo. – falei entre o beijo que estava longe de ser cessado.

- "Então deixa eu te beijar até você sentir vontade de tirar a roupa..."


Pra todo fim, um recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora