XII - Heróis e Heroínas

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I, I will be king

And you, you will be queen

Though nothing will drive us away

We can be Heroes, just for one day

We can be us, just for one day

- David Bowie

Uma figura encapuzada se esgueirava pelas sombras de Paradise City, escondendo seu rosto de olhos mais curiosos. Ao chegar ao seu destino, bateu à porta. Três batidas, como de costume. Quando a mulher a abriu, ele saltou sobre ela.

Inundou-a de beijos e ela correspondeu.

- Ao menos deixe-me fechar a porta. – ela disse entre um enorme sorriso. Ele aproveitou para tirar o capuz. – Se soubessem o que o rei faz nas noites sem lua...

- Enlouqueceriam. – sussurrou Kurt. – Tal qual eu enlouqueço por você.

- E mesmo assim vai partir. – ela disse.

Ele a olhou nos olhos, se libertando de seu abraço. Os braços dela tentaram agarrá-lo em vão.

- Já conversamos sobre isso. – disse ele de costas.

- Sim, sim, me desculpe. – ela passou o braço sobre seus ombros, pendurando-se sobre seu pescoço. – Sei que ás vezes sou insensata.

- Às vezes? – ele ironizou, o sorriso voltando aos lábios. Voltaram a se abraçar. – Quando isso acabar, essa guerra, largo tudo. Vamos ser só nós dois e nosso filho. – ele acariciou sua barriga.

- Já falamos sobre isso. Não pode, simplesmente não pode.

- Não confia em mim?

- Claro que confio. Nunca deixou de cumprir suas promessas.

- E então?

- Isso é diferente. – dessa vez foi ela a lhe dar as costas. – Você é rei. Vai deixar tudo para viver ao lado de uma plebeia e de um bastardo?

- Não fale assim. Vocês são os amores de minha vida. Sabe disso. Aliás, você vive sem luxo algum, sem empregados, sem corte, com uma criança na barriga.

- Não conseguiria sem a ajuda que me dá, é bem verdade.

- Não diga isso. Você, mais do que qualquer cavaleiro, merecia honrarias, medalhas, títulos. Você é uma heroína de verdade. – ela sorriu ao elogio. – Acha que não vejo como trabalha? Acha que não dói, quando deito à noite entre lençóis de seda sabendo que você está dormindo em uma inconfortável cama de palha?

- Há coisas piores com que se preocupar. Há uma guerra se aproximando.

- Que se dane a guerra. Se quiser fugimos juntos, agora mesmo.

- Não seja tolo. – ela disse acariciando seu rosto. – O reino precisa de você. Se algo acontecesse com essas pessoas seria eu quem não conseguiria dormir à noite.

- Vou ficar tanto tempo sem vê-la.

- Não se preocupe, vou ficar bem.

- Sei que vai. Eu é que não vou. Veja, não se preocupe com comida ou qualquer coisa. Já garanti que coisas cheguem para você durante o tempo em que estiver fora.

- Mas isso é seguro?

- Sim. Na verdade estou distribuindo comida em várias casas de Paradise City para que ninguém desconfie. Assim mato dois coelhos com uma cajadada só.

- Coelhos? Não entendi.

- Bem, é um ditado do lugar do qual vim. Quer dizer fazer duas coisas de uma só vez.

- Sim, entendi. Não à toa você é o rei.

- E não será muito até você ser minha rainha.

- Eu não quero uma coroa.

- Não é uma coroa que faz de você nobre. Nem um trono, nem um reino.

- Então o que é?

Ele respondeu com um sorriso e a beijou em seguida.



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