Marry me girl be the fairy to my world
Be my very own constellation
A teenage bride with a baby inside
Getting high on information
- Red Hot Chili Peppers
Nos bosques do norte soava uma bela canção. Era entoada por uma flauta doce que fazia navegar sua melodia pelo ar. Era tocada apenas em ocasiões muito especiais. Uma nova vida tomava forma no mundo.
Oberon sentava-se em sua grande cadeira de pedra, cercado pelo seu séquito de duendes e elfos alados. Sorria e batia palmas enquanto seus súditos dançavam para lhe divertir. Era um dia feliz. Foi quando Titânia se aproximou, inúmeras fadas voando ao seu redor, que seu humor se alterou.
- O que faz aqui, afinal de contas? – perguntou o rei.
- Ora, nada mais justo do que vir presenciar o nascimento. – respondeu a rainha. – São raros nos dias de hoje.
- Se acha que vou permitir que ludibrie a garota para que vá com você, está muito enganada. – vociferou Oberon.
- Poupe-me de sua estupidez, Oberon. – Titânia esticou o pescoço para demonstrar sua repulsa, ou fez o pescoço de pavão, como Puck gostava de chamar. – Não é esse meu intuito, apesar de não entender a razão de o grande rei elfo ter escolhido um lugar tão paupérrimo para que sua filha concebesse.
- Paupérrimo? – Oberon levantou de sua cadeira, os olhos faiscando de ódio. – Não há de faltar nada à mãe e à vida que carrega em seu ventre. Há apenas fartura onde Oberon pisa. E se Ric-Ardel escolheu pela minha corte, é porque sabe que você e suas inúteis fadas iriam transformar sua filha em uma esnobe.
- Não ofenda minhas fadas!!! – dessa vez foi Titânia quem aumentou a voz.
- Não ofenda meus elfos!!!
- Eles não são elfos de verdade, você sabe disso.
Um silêncio desconfortável tomou o lugar. Titânia e Oberon se encaravam, estanques, sem mover um músculo. Os presentes sabiam que podiam ficar assim por séculos, literalmente. Muitos agradeceram aos céus quando uma voz interrompeu o silêncio.
- Oberon, meu senhor. – era Reny-Artel, pai da criança que em breve habitaria o mundo. – Titânia, minha senhora, que bom que veio. Meu filho está prestes a chegar.
Houve uma correria desenfreada em direção ao templo, fadas e elfos alados tirando vantagem do voo. Titânia também tomou a dianteira, mas Oberon demorou a avançar, ficando para trás e esbravejando com aqueles que bloqueavam seu caminho.
- Deixem-me passar, deixem-me passar. Pelas minhas barbas, eu sou seu rei! – mas suas súplicas foram ignoradas. Graças ao seu tamanho, no entanto, foi capaz de ter uma boa visão, mesmo atrás de tanta gente.
Ama-Ardel, a princesa elfa, se encontrava deitada entre almofadas no chão. Era acompanhada por outras de sua raça. Vestia uma camisola de seda branca, quase transparente, expondo a pele pálida por baixo das vestes. Mas entre as criaturas mágicas não havia maldade e um corpo era um corpo.
Oberon tentava uma vista melhor quando ouviu alguém falar
- O que há de nascer dali? Um gnomo?
O rei se virou e se deparou com Puck, afiado como sempre.
- Sua língua ainda há de enrolar sua garganta, elfo insolente.
- Veja, meu rei, ela não tem barriga.
- Não é uma humana. Os elfos conseguem se esconder bem, mesmo na barriga da mãe.
- Achei que elfos nasciam de árvores.
- Não. Apenas drows.
- Elfos negros. Humph. – Puck resmungou. – Arrogantes e presunçosos.
- Agora não é hora para frescuras. Veja, uma nova vida se apresenta.
Não houve gritos ou choros. Os elfos nascem tão calados e quietos que uma mãe cega poderia não perceber que concebeu. A pequena criatura saiu da barriga da mãe, pele alva, cabelos louros compridos, orelhas pontudas. Um legítimo elfo.
- Ele não é lindo? – disse Ama a Reny segurando-lhe a mão.
- O mais belo de todos. – respondeu o elfo, beijando o filho na testa. – Chamará Holly-Ardel, para que continue a descendência do avô.
- Aconteceu um milagre. – Oberon fez sua voz ouvida, finalmente avançando. – Há dois séculos que um elfo não nascia entre nós. Uma nova era se apresenta entre as criaturas mágicas. E esse nascimento sela a união entre nossos reinos. – segurou a mão de Titânia, que secava lágrimas do rosto. Ela lhe devolveu um sorriso terno e, porque não, apaixonado. – Que esse dia se faça lembrado entre nós.
Todos aplaudiram e cantaram, juntos, a canção do nascimento. A multidão se dispersou e Reny veio falar a Oberon.
- Os elfos estão cientes da guerra humana, meu senhor. Disseram que se algo ameaçar as criaturas mágicas do norte, suas armas estarão contigo.
- Agradeço sua ajuda, meu amigo, mas espero que não precisemos dela. Que os homens fiquem com suas guerras e suas mortes. Estou feliz aqui. Talvez até possamos retomar as terras do sul agora que os ogros se foram.
- De qualquer forma, nossos olhos estarão abertos.
- Ah, meu amigo. – Oberon gargalhou, segurando a barriga. – Os meus nunca se fecharam.
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Nirvana
FantasyJames é um garoto ignorado pelo mundo. Mas agora, ao lado de seu grande ídolo e em uma nova terra, grandes aventuras lhe esperam.