XVI - Uma Última Canção

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Sing with me, sing for the years

Sing for the laughter and sing for the tears

Sing with me, if it's just for today

Maybe tomorrow the good Lord will take you away

- Aerosmith

Quem olhasse para o céu naquele dia, poderia contemplar certa amargura nas nuvens. Pareciam faces tristonhas em seus semblantes de algodão, como se pudessem prever o futuro.

A grande armada de Nirvana avançou sobre as terras de Arland, onde antes o grande rei Helius governou. Mas havia, entre os soldados, um incômodo conforme se afastavam de seu lar, como se a paz e a tranquilidade se recusassem a cruzar a fronteira com eles.

Kurt ia à frente, como sempre, guiando seus homens sob o Sol escaldante. Não temia encontrar exército inimigo, pois a força de Germanus havia avançado sobre Holteard. Ainda assim, permaneceram em guarda, ante qualquer risco que surgisse. Talvez por isso não notaram o sujeito que sucumbia perdido entre as fileiras.

O cavalo de James diminuía o passo conforme avançavam. Era como se o animal sentisse a vida sobre seu lombo se esvaindo, e sua jornada fosse, aos poucos, perdendo o sentido.

Foi Fergus quem notou quando o conselheiro caiu do cavalo. Ele próprio desceu de sua montaria, gritando para que o avanço cessasse. Correu em direção ao corpo caído, agarrando-o em seus braços e despejando a água de seu cantil em sua boca.

- Acorde, James de Los Angeles. – as lágrimas começavam a tomar-lhe os olhos – Acorde, meu amigo.

Mas suas tentativas eram vãs. O corpo em seus braços ainda respirava deficientemente, mas a vida havia o abandonado já em Nirvana.

Fergus abraçou o garoto com força, chorando e lembrando-se do dia em que aquele pequeno forasteiro surgira ante os portões de Paradise City. Uma sombra encobriu-o e ele despertou para o mundo.

O rei estendia-se ali e sua majestade nunca se fez tão clara. Avançou ele próprio para o garoto e começou a sussurrar algo. Fergus demorou a perceber que ele cantava. Juntou sua voz ao coro, sendo seguido pelos homens ao redor. Logo, um exército inteiro cantava em nome do garoto. Aquilo pareceu surtir algum efeito, pois o corpo de James relaxou nos braços de Fergus. Havia enfim partido.

O guarda deitou o garoto ao chão e voltou a seu cavalo. Deu um último adeus e partiu. O mesmo fizeram todos os que passaram por ele.

O corpo sem vida de James ficou ali, estirado ao chão, só, quando o exército partiu. Mas corvo algum surgiu para provar de sua carne e verme algum subiu sobre sua pele. Estava imaculado por algo além da compreensão.

Em outro mundo, sua mãe chorava diante dos aparelhos que se desligavam.

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