Nestes dias, minha consciência acusava-me intensamente. Os empregados já haviam suspenso as buscas. Não encontravam o menor vestígio. Eu me recolhi de vez. Nada saíra como eu havia planejado. O tempo foi passando, e eu, cada vez mais, fui me isolando.Os amigos se afastaram de mim, eu não era mais a boa companhia de outrora.
Resolvi me mudar para o planalto. Lá não seria melhor que aqui, mas ao menos poderia ficar isolado que ninguém iria reparar.Assim que cheguei ao planalto, um explorador do interior me procurou.
_Senhor barão, eu soube que uma tribo no interior tem diversas mulheres brancas prisioneiras. Caso queira, podemos ir até lá para ver se encontramos sua esposa.
_ Porque eles aprisionam mulheres brancas?
_ Vingança, senhor barão. Há muito tempo atrás sua aldeia foi saqueada por mercadores de escravos. Aprisionaram muitas índias. Hoje eles se vingam levando nossas mulheres como escravas.
_ Entendo, mas como iriam chegar até Santos e raptar minha esposa?
_ Talvez tenham ido atrás de seus irmãos prisioneiros.
_ Poderia organizar um grupo de homens para tal empreitada.
_ Se o senhor custear as despesas, isso será fácil.
_ Eu custearei. Providencie o mais rápido possível, sim?
_ Esta bem, senhor barão. Em quinze dias partiremos.
E o homem providenciou uma grande expedição. Partimos num dia ensolarado, mas dois dias depois começou a chover, e a viagem se tornou uma odisseia. Eram muitas as dificuldades. Os rios transbordaram, e a navegação teve que ser interrompida até que as águas baixassem. Perdemos muitos dias, até que tornassem navegáveis. Logo que isso aconteceu, retomamos a viagem.Quinze dias após a partida, fomos atacados por uma tribo hostil. Estávamos bem armados, e isto nos ajudou muito. Após dois dias de lutas esporádicas, pudemos seguir viagem, não sem antes termos que enterrar três de nossos homens. Índios, haviam muitos, mas não os enterramos. Que os seus viessem fazer tal serviço. Quando nos aproximamos da tal aldeia, ocultamos os nossos barcos. Iríamos o resto do caminho através da mata, não poderíamos ser vistos.
Ao nos aproximarmos da aldeia, revisamos nossas armas de fogo, espadas e punhais. Caso houvesse luta, estaríamos preparados. Ao chegarmos numa clareira, avistamos a aldeia. Um homem foi destacado para ir observar qual seria a maneira de nos aproximarmos. Voltou algumas horas depois.
_É melhor entrarmos na aldeia bem cedo, assim que o sol nascer. Nesta hora, a maioria estará dormindo, e será fácil de domina-los.
Ficou decidido que faríamos isto. Alimentamo-nos sem fazer fogueira para não sermos vistos. Foi uma longa noite. Até hoje lembro bem. Ao amanhecer, levamos só o essencial, logo estávamos na aldeia. Procuramos não fazer muito alarde em nossa entrada. Capturamos o chefe, e o obrigamos a chamar os outros. Cercamos os guerreiros num circulo, e alguns homens foram colocando as mulheres em outro. Quando já estavam todos ali, comecei a procurar por minha esposa. Havia diversas mulheres brancas, mas ela não estava ali. Foi uma decepção para mim.Procurei me informar, com elas, se não tinham visto minha esposa. Tudo inútil, ninguém tinha visto mulher alguma parecida com ela.O explorador conversou com o cacique sobre minha esposa e conseguiu informações sobre uma mulher parecida, que estava em outra aldeia, mais além.
Levamos as mulheres brancas conosco, e fomos à procura da tal aldeia. Ao chegarmos nas proximidades, fomos recebidos por um bando de índios enfurecidos. Foi uma luta feroz.Matamos muitos índios. Foi uma carnificina, pois nossas armas eram superiores. Quando cessaram o ataque, invadimos a aldeia, e novamente o sangue correu. Com nossas armas de fogo já havíamos matado muitos deles. Depois, com nossas longas espadas, completamos o ataque. Os nossos homens eram mestres no uso das espadas. Quando já não opunham mais resistência, reunimos todos no meio da aldeia, e começamos a procurar a mulher branca.Não a encontramos em lugar algum. Após ameaçarmos alguns de morte, disseram que ela fugiu assim que soube da nossa aproximação. Um deles se aproximou de mim e, muito altivo, me perguntou:
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O Guardião da Meia-Noite
SpiritualEste é um livro de ensinamentos éticos, envolvendo os tabus da morte e dos erros vistos sob uma nova ótica. Nova porque somente agora está sendo quebrada a resistência da ciência oficial, mas que é, realmente, muito antiga, anterior aos dogmas que i...