Seu silencio foi mortal e doloroso. Encarei as grandes esferas negras que haviam se tornado seus olhos, enquanto analisava a roxidão debaixo dos mesmos. Marcas que indicavam que ele não dormia a dias. Suas pupilas dilatadas eram sinal de medo, o que só agravou o nó que se formava em minha garganta. Ele não devia sentir medo, não naquele momento, ao contrario, ele devia estar feliz. Tentei me convencer de que todos esses sinais não se passavam de sustos, e de que ele reagiria em breve, mas aqueles poucos segundos em silencio mais se tornaram uma eternidade. Ele começou a movimentar a cabeça bem devagar, da direita para a esquerda, como se estivesse se recusando a acreditar que aquilo era real. Seu pomo de adão subiu e desceu, enquanto sua respiração só acelerava. Abri minha boca para lhe acalmar, mas então ele me surpreendeu com sua voz rouca e falha
_Por favor! Não me iluda outra vez! - suplicou, enquanto levava as mãos até os cabelos e continuava os movimentos de negação. O bip da maquina ao lado só aumentou e logo percebi que meu coração também se acelerava
_Eduardo, esta tudo bem! Eu estou aqui! - disse o mais rápido possível, tentando controlar minhas emoções. Meu coração pedia, ordenava, decretava que eu fosse até ele e o abraçasse, mas meu corpo não estava em perfeito estado de receber ordens
_Não quero te ver partir! - suplicou. A dor em sua alma podia ser notar no simples falar. Levantei o braço que continha o tubo do soro e o chamei com as mãos, em uma tentativa que ele me tocasse e percebesse que eu, de fato, estava ali
_Não tenha medo, eu estou aqui! - Esperei que ele caminhasse até a mim e apertasse minha mão, mas não foi essa a reação. Ele deu um passo para trás e tornou a repetir os movimentos com a cabeças, agora mais forte. Uma lagrima escorreu pelo seus olhos e cortou meu coração ao meio. Tentei reagir mas minhas dores me impediram
_Não. Não. Outro pesadelo não! - falou. Vê-lo entrar naquele estado, só aumentou minha vontade de correr até ele e dizer que eu estava ali; seguro e que não o deixaria mais. Seu peito subia e descia e utra vez ele passou as mãos nos cabelos, enquanto outra lagrima rolava pelo seu rosto
_Eduardo, acalme! - disse na esperança que ele viesse a me ouvir. Ele me ignorou e continuou com seus movimentos. Não tinha muitas opção, então enchi meus pulmões ao máximo, ignorando todas as dores interna e externa que se tornaram ainda maior e gritei seu nome - _EDUARDO! - E então ele parou. Me encarando com os olhos cheio de dor que dividiam espaço com as lagrimas, ele controlou sua respiração e semi abriu a boca. Depois de alguns segundos, ele se obrigou a dar um passo, desta vez em minha direção. Sua respiração ainda estava pesada e lentamente ele foi se aproximando e acalmando-a. Lutei com minha ansiedade de beija-lo e esperei que sua ficha caísse. Com a mão direita ele deslizou sobre o lençol fino da cama e recuou um pouco quando finalmente nossos dedos se encontraram. sua mão estava gelada e bem devagar ela foi ganhando espaço sobre os meus dedos. Era incrível como nosso corpo se encaixava perfeitamente. Feito sob medida, um para o outro, nossos dedos se cruzaram e o vi soltar uma pquena e abafada risada como se quilo fosse a coisa mais maravilhosa do mundo - _Está vendo, eu estou aqui, bem, acordado e real - completei enquanto acariciava sua mão com meu polegar
_Eu estava com tanto medo de ser mais um pesadelo em que te vejo partindo outra vez, que me recusei a cair nessa ilusão outra vêz - falou colocando sua outra mão sobre a minha
_Desta vez não - disse
_Você não sabe o que é ter todas noites os mesmo terrores noturnos. Entrar por aquela porta e te ver acordado e quando finalmente irei te tocar, vejo médicos entrando por a mesma porta enquanto seu coração dá os últimos sinais de vida - falou. Tornei nosso toque ainda mais apertado e lhe dei um fraco sorriso, passando-lhe confiança - _Eu já não estava aguentando mais a pressão e a qualquer momento iria explodir - apertei nossa mão e o vi abaixar seu olhar enquanto respirava fundo. Ele ficou alguns segundos em silencio, então resolvi não quebrar esse momento dele que ele usava para voltar ao nosso mundo - _Caleb, eu preciso de seu perdão. Me perdoa, me perdoa por tudo, por favor - suplicou ainda sem me encarar, dando toda sua atenção ao nosso toque.
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Nicotina (Romance gay)
Roman d'amourPLÁGIO É CRIME COM A FORÇA DA LEI N° . 9.610/98 Já se imaginou dependente químico alguma vez? E que tal descobrir que as pessoas no qual você mais ama e confia não são realmente quem diziam ser. Já imaginou ver sua vida desabar na sua frente enquant...