13. Júlia

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Estava desesperada procurando alguma coisa pra amarrar o meu cabelo quando desisti e joguei o mesmo na minha cara, escondendo parte do meu rosto. As aulas tinham acabado e Olivia já tinha me abandonado. Fui atrás do Alex e ele estava na frente da escola com o mesmo grupinho. Dessa vez eu não esperei e fui em sua direção. Ele estava de costas pra mim e eu coloquei minha mão em seu ombro.

– AAAAH. – o idiota tinha se assustado. – Ana? – acho que ele era o único que me chamava pelo primeiro nome. – Porque você tá escondendo o rosto?

– Nada. – dei de ombros.

– Me mostra! – Alex fez birra. Revirei os olhos e tirei o cabelo do rosto.

As gargalhadas foram inevitáveis mas o que me chamou atenção foi a risada do Rafael. Era contagiante. Logo eu também estava gargalhando da minha própria desgraça.

– Isso é sério? – Alex enxugou uma lágrima imaginária. – Você dormiu em cima do caderno de novo?

– Talvez. – disse pegando um mini espelho da minha bolsa e vendo o meu rosto cheio de cálculos no reflexo. – Isso não sai! – esfreguei meu rosto.

– Bom. – Maethe pigarreou. – Eu posso te ajudar. – sorriu. – Se quiser. É claro.

– Tá esperando o que garota? – sorri enquanto ela puxava o meu braço em direção ao banheiro.

Maethe lavou meu rosto e passou um corretivo. Não estava mais parecendo uma tabuada ambulante.

– Pronto. – ela finalizou.

– Obrigada. – sorri.

– Não foi nada. – ela abaixou a cabeça. – Olha Júlia– interrompi.

– Eu sei sobre o que você quer falar e acredite em mim quando digo que está tudo bem.

– Amigas? – ela sorriu incerta estendendo a mão.

– Só enquanto você dividir comida comigo. – gargalhei apertando a mão dela. – Amigas.

Assim que saímos do banheiro demos de cara com Gabs, entrelaçamos os braços e fomos em direção aos meninos.

– Estávamos pensando em sair esse final de semana. – Felps comentou.

– É. – Alex concordou. – Ir jogar boliche no shopping.

– Isso é ótimo! – Gabs sorriu.

– Eu chamei a Olivia pra ir comigo e ela aceitou. – Alex completou me deixando séria.

– O que? – me exaltei. – Aquela vaca não me falou nada! – vi meu irmão dá de ombros. – Você não me falou nada seu idiota! – distribui soquinhos pelo seu braço.

– Eu não vou ficar de vela. – Rafael resmungou.

– Por isso. – Alan me puxou pelos ombros me colocando em sua frente. – Colocamos a Julinha nos planos.

– Ué e eu já não estava nos planos? – perguntei rindo.

– Sábado as três. – Felps completou. – Não se atrasem.

– Pode deixar que as nove horas eu já mando a Ana se arrumar. – Alex disse.

– Não seja bobo eu não demoro tanto tempo assim. – revirei os olhos.

– Vejo vocês depois. – Alan abraçou Maethe e foi embora.

– Vamos queridos. – Alex puxou eu e Rafael em direção a rua.

– Ué? – resmuguei vendo que Rafael nos seguia.

– Eu moro na casa em frente a sua a dez anos. – ele disse rindo.

– Desculpa. – corei.

– Tudo bem. – ele deu de ombros. – Eu não saio muito de casa.

Assim que passamos pela cafeteria meus olhos quase pularam das órbitas.

– Alex. – o chamei. – Vamos tomar café? – perguntei entusiasmada.

– Isso é hora pra tomar café? – perguntou com uma sombrancelha arqueada.

– E tem hora pra tomar café? – fiz birra. – Por favor. – juntei as mãos em uma prece.

– Não Júlia.

– Mas você sabe que eu não gosto de comer sozinha. – bati o pé.

– Vai com o Rafael. – ele deu as costas e foi embora. Virei pra olhar o Rafael e ele estava parado com as mãos no bolso do moletom. Os anos fizeram bem a ele. Rafael era lindo.

– Bom. – mexi no cabelo vendo Rafael sorrir. – Você aceita tomar café comigo?

– Claro. – deu de ombros.

Entramos na cafeteria ouvindo o sino anunciando a nossa entrada e eu já estava dando pulinhos de alegria quando vi os doces no balcão.

Rafael sentou de frente pra mim em uma mesa perto da janela e logo uma garçonete veio nos atender.

– Sejam bem vindos. – ela sorriu. – O que vão querer?

– Que você guarde seus dentes dentro da boca queridinha. – sorri. O sorriso estava quase rasgando a cara da menina. E ela não parava de encarar o Rafael. – E um café sem leite ou açúcar.

– Dois. – Rafael pediu.

A garota saiu bufando e o Lange riu.

– O que foi isso? – perguntou.

– Ela tava quase pulando em cima de você. – dei de ombros.

– Ela é bonita. – sorriu. – Acha que eu deveria pegar o número dela? – ameacei me levantar e Rafael segurou meu braço enquanto ria. Senti formiguinhas no lugar em que ele segurava e corei. Ficamos conversando por um tempo e logo a mesma garçonete voltou nos trazendo os pedidos e um guardanapo deixando o mesmo na frente de Rafael.

– Ei querida? – estalei os dedos na frente do rosto dela. A garota tava babando. – Me traga pães de queijo {amosou}. – sorri enquanto pegava o papel e o amassava. – E leve de volta o seu número ninguém precisa dos seus servicinhos particulares.

– O que você é dele? – ela me examinou.

– Ela– não deixei Rafael completar e o interrompi.

– Não que seja da sua conta. – me levantei e me sentei novamente dessa vez ao lado de Rafael. – Mas ele é meu namorado. – entrelacei nossas mãos e apoiei na mesa.

– Não acredito que com tantas por aí você escolheu logo ela docinho. – ela tava pedindo pra apanhar.

– Escuta aqui vagabunda. – me exaltei. – Vagabunda não. Vou te chamar só de vaga porque bunda você não tem. – me levantei pronta pra dá na cara da putiane quando Rafael me segurou.

– Calma amor. – aquela palavra fez minhas pernas tremerem.

– Me solta que eu vou arrancar os apliques dessa Polly Pocket. – Rafael continuava me segurando pela cintura. – Me solta criatura.

Comecei a tentar da cotoveladas nele e nem percebi quando Rafael deixou o dinheiro dos cafés em cima da mesa e me puxou pra fora da cafeteria.

– Ai. – gemeu de dor quando eu acertei sua barriga.

– Você também hein Rafael? Fica dando trela pra aquela lá. – dei soquinhos em seu peito.

– Para sua louca. – riu. Vi pelo canto do olho que a putiane nos observava pelas vidraças.

Fiz a coisa mas normal que qualquer um faria. Agarrei o Lange pela nuca e o beijei. Rafael não retribuiu de primeira. Mas depois foi se rendendo, rodeou os braços na minha cintura e pediu passagem com a língua. O beijo durou mais do que deveria. E eu senti falta quando acabou.

– M-m-me d-d-esculpa eu só ia mostrar pra ela que– Rafael não me deixou continuar e me beijou novamente.

– Você é minha namorada esqueceu?– rimos.

Rafael me deixou na porta de casa não antes é claro de um beijo no rosto.

Stalker || CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora