Tava jogado no sofá da sala até baterem na porta.
– Se for as testemunhas de Jeová, desculpa mas eu já aceitei Jesus. – protestei levantando minha bunda do sofá pela primeira vez no dia. Assim que abri a porta, dei de cara com os meus amigos e a minha "namorada".
– Ei cara, cê tá bem? Nem foi pra escola hoje. – Alan perguntou já invadindo minha casa.
– Preciso de um abraço. – resmunguei.
– Eu não quero te abraçar. – ele respondeu se jogando no meu sofá.
– Dos criadores de "eu avisei" vem aí "bem feito" – Sayu se jogou por cima do Alan, qual o problema dessas pessoas e o "com licença?".
– Não sei se te bato ou se te espanco. – fechei a porta depois que todos os favelados entraram.
– Cadê a tia Deya? – Maethe perguntou se deitando no tapete da sala. Essas pessoas são completamente entranhas.
– Foi fazer compras. – respondi me jogando no outro sofá com a cabeça no colo do Felps. – E o Guaxinim?
– Correndo atrás da Victoria. – Gabs retrucou. – Peraí? Isso quer dizer que não tem comida? – Ela me encarou com os olhos arregalados.
– Exatamente. – resmunguei. – A Isis saiu e eu já queimei minha testa tentando cozinhar miojo, não me arrisco mais de jeito nenhum.
– Você queimou a testa fazendo miojo? – Calango caiu na gargalhada.
– Qual a graça?
– Cara, ninguém queima a testa fazendo miojo! – Pk ria.
Passamos a tarde conversando até que as meninas foram embora e foi aí que começamos a procurar uma solução para o meu problema.
– Tá com essa cara de trouxa porque? A gente tá aqui pra te ajudar! – Alan falou.
– Parei de ser trouxa, agora eu sou Otário. – comentei e os meninos começaram a rir. – O importante é evoluir sempre.
Puxei o fone do Calango que tava ouvindo umas músicas coreanas bem loucas.
– Como vocês conseguem diferenciar esses cantores de kpop se eles são todos iguais? – Felps se meteu.
– Gente foco! – reclamei.
– Cara, as mulheres são assim: Se apegam muito rápido, gostam de carinhos, de se sentirem única, de atenção, são doces e tem um jeito meigo de ser, são bonitas, sinceras e vêem amor em tudo. Não seria covardia destruir o coração de uma pessoa assim? – Alex comentou. Fazendo com que todos nós o olhassem. Ele deu de ombros.
– Tenho que me fazer de durão. Mas na verdade não tô levando numa boa. É como se eu tivesse vazio por dentro.
– Se você realmente a quer não a perca, porque se ela for, vai levar muita coisa com ela. – Felps apontou ao redor. E era verdade, Júlia se enturmou rápido e arrumou um lugar especial em cada um de nois.
Os garotos acabaram indo embora depois do jantar é claro, assim que escutei a porta batendo voltei pra cozinha e me sentei na mesa enquanto minha mãe lavava os pratos, fiquei encarando suas costas até tomar coragem pra começar.
– Mãe, qual os seus sonhos? – sei que não tinha nada a ver, mas não consegui pensar em nada melhor. Minha mãe parou de enxugar uma panela e se sentou de frente pra mim.
– Meus sonhos foram destruídos anos atrás. – Arqueei as sobrancelhas e perguntei:
– Quantos anos atrás?
– Quantos anos você tem? – ela perguntou rindo.
Essa é a hora em que aparece o fundo da avenida brasil e eu congelo em preto em branco.
– É brincadeira meu amor. – ela alisou meu rosto. – Do que você precisa?
Acabei contando tudo pra minha mãe. E levando um tapa no rosto. Encarei ela com os olhos arregalados.
– Que foi? Nunca ouviu o ditado: atire primeiro, pergunte depois? O que você fez com essa garota não tem desculpa Rafael, foi imaturo e idiota. Você tem que tomar uma atitude e falar com ela, só vai te fazer mal se você continuar com medo.
Já não basta meus amigos me chamando de idiota, agora a minha mãe? Sério vida porquê? Sente aqui, vamos conversar.
– Eu vou resolver isso mãe. – resmunguei.
– Ah você vai sim. – ela se levantou. – Até porquê daqui a pouco a Luiza tá aí, não quero que ela desconfie que você é o motivo da depressão da filha dela Rafael.
– Tá mãe. – fui para o meu quarto e tomei banho, ia voltar pra sala quando ouvi minha mãe falando com a mãe da Júlia.
– Antes ele até tentou jogar futebol, mas acertava mais os coleguinhas do que o gol, com ou sem a bola. Tadinho.
– Isso não é nada, a Júlia tinha muita dificuldade pra acordar de manhã sabe? Teve uma vez em que eu tive que arrastá-la para a escola de pijama. Deixei ela no portão e fui embora. – escutei a tia Luiza falando revirei os olhos e voltei para o meu quarto.
Porque as mães põe os filhos no mundo pra depois ficar falando mal deles pra as visitas? Me joguei na cama e peguei meu cubo mágico da cabeceira. Fiquei mexendo nele enquanto olhava pra o teto por um bom tempo até meu celular vibrar.
Meu coração foi na boca e voltou. Minha barriga fez uns loops estranhos e eu senti minhas mãos suarem. Até ver o nome do Alan.
Lixão🚮: me dá um resumo dá segunda guerra mundial?
Clebinho: tatatatatatatatatata
Clebinho: Pow. TANGO.DOWN.
Clebinho: tatatatata prediso de mais bala.
Clebinho: tatatatata POW.
Clebinho: Olha o avião chegando, fudeu!
Clebinho: tatatatatatata
Clebinho: Deita aí seu alemão filho da ****
Lixão🚮: Cara
Lixão🚮: C é doenteTravei a tela do meu celular e devolvi o cubo mágico pra cabeceira. Acabei cochilando por um tempo e acordei com o meu celular vibrando de novo, se fosse o Alan eu ia fazer a própria 3 guerra mundial na casa dele pra ele aprender a não me acordar.
Babygirl: Minha vizinha falou que meu cachorro corria atrás dela de bicicleta.
Babygirl: Que nóia
Babygirl: Meu cachorro nem tem bicicleta.
Cellbit: Vai dormir.
Cellbit: Teu mal é sono.
Babygirl: Nau kero.
Babygirl: Converse cmg.
Cellbit: Tá gostando do curso de inglês Júlia?
Babygirl: Tô doida p matar um tal de wel.
Cellbit: Pq?
Babygirl: Pq td vez q eu chego lá eles falam "wel come Júlia"
Cellbit:KKKKJJJHHKKJJJJJKKKKKNKKKKKKKKKKHHKKNNKKK
Babygirl: Amanhã você tem que me dá chocolates.
Babygirl: Ou eu não te respondo mais.
Cellbit: Isso é uma chantagem?
Babygirl: Prefiro chamar de ameaça.
Babygirl: Soa mais intimidador.
Cellbit: Claro kkkkk
Cellbit: Boa noite Júlia 💙
Babygirl: Boa noite Cellbit. 💙E talvez eu ainda tenha uma chance, talvez as coisas tenham acabado de começar.
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Stalker || Cellbit
FanficJúlia passou a receber mensagens anônimas quando sua melhor amiga escreveu seu número no quadro de avisos da escola. Agora, ela tem que descobrir quem é e tentar não se apaixonar.