11. Júlia

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A professora tinha tomado meu celular e eu passei a prestar atenção na aula. Já era a última então não tinha o porque me preocupar. Assim que o sinal tocou joguei minha mochila sobre o ombro e peguei meu celular com a professora. Tinha algumas mensagens do Cellbit mas depois eu olhava. Fui caminhando com a Olivia até a saída da escola e nos despedimos com beijos no rosto já que o pai dela já estava a espera. Fui procurar o meu irmão e assim que o achei congelei no lugar. Ele estava com os amigos e eu não ia interromper isso. Esperei por 7 exatos minutos até o Alex lembrar que tínhamos que ir. Fomos conversando até em casa sem tocar no assunto do refeitório e eu fiquei feliz com isso. Assim que cheguei corri pro meu quarto e joguei minha mochila na cama. Fui pro banheiro e tomei um banho relaxante. Coloquei um vestido soltinho e amarrei meu cabelo em um coque abri minhas redes sociais. Entrei em um grupo da escola e lá estava a imagem dos cartazes também. As aulas tinham começados a três semanas e eles já falavam do show que iria ter no final do ano. Revirei os olhos com isso. Deixe-me explicar melhor:

Decode era uma banda de garagem composta por alunos da escola. Quatro garotos e uma garota. Bernado, Gustavo, Guilherme e Rodrigo. Já a garota, esse era o problema, ninguém sabia quem era ela. A banda existia desde do finalzinho do ano retrasado. Eles mandavam bem. A garota sempre usava uma máscara quando fazia "shows" na escola. Muita gente acha isso desnecessário, mas eu entendo ela. Deve ser difícil pra ela, se mostrar de um dia pro outro e passar a ser julgada. E a situação piorava já que os garotos que faziam parte da banda eram gatos, mas muito baderneiros. Ela devia ter uma amizade muito forte com eles. Os garotos nunca sequer pensaram em falar quem era a garota misteriosa e quando perguntam eles simplesmente respondem que quando for a hora nós vamos saber. O que eu acho interessante garotos como eles terem uma amizade tão forte com ela. As músicas eram legais e ela cantava bem o que ajudava muito. Já houve várias especulações sobre quem era a garota. E outras meninas já até se aproveitaram disso afirmando ser a tal vocalista misteriosa. Azar pra elas, porque quando os meninos souberam, fizeram questão de anunciar pra escola inteira que era mentira.

Fui na guia de pesquisa e digitei "Cellbit" . Carregando, Carregando, Carregando:

Nada encontrado.

É claro que ele não teria a rede social com esse nome, como eu fui burra. Stalkeei algumas pessoas e assisti algumas séries. Só sai do meu quarto quando minha mãe me chamou para jantar. Depois de comer desejei boa noite e fui em direção ao meu quarto desta vez fechando as cortinas. Me joguei na cama ligando antes o ar-condicionado e puxando minha coberta.

[...]

O barulho irritante do meu despertador me fez acordar. Me arrastei até o banheiro e fiz as minhas higienes matinais. Vesti uma calça jeans desbotada e uma blusa branca sem mangas que mostrava a minha barriga. Calcei os meus amados Vans e coloquei uns anéis. Passei rímel e delineador sorrindo com o resultado. Passei as mãos no cabelo e busquei minha mochila. Eu sempre me arrumava pra ir a escola, mas saber que tem alguém que sempre te observa te faz querer ficar melhor.

Abri a porta no mesmo momento em que o meu irmão e ele me olhou dos pés a cabeça.

- Arrumou um namorado? - ele riu enquanto eu o seguia pelas escadas.

- Não seja idiota. - revirei os olhos fechando a porta.

Assim que chegamos na escola pude ver Alan e Felipe chamando Alex. Procurei por Olivia e ela estava encostada no meu armário.

- Cê tá gata hein. - ela disse assoviando.

- Porque todo mundo me diz isso? - peguei os livros que iria precisar. - Eu tô normal.

- A-hã. - ela gargalhou.

- Vamos logo sua idiota. - a puxei pelo braço.

A aula passou voando e eu estava animada para o intervalo. Tinha preparado uma surpresinha para a Vitória. Ela havia me chamado de "puta incubada" eu tinha sorrido e dado as costas. Qual é? Eu não desço a esse nível. Pelo o que eu saiba ela estava na aula de educação física e quando tomava banho sempre lavava os cabelos com o seu famoso shampoo importado. Assim em que o sinal tocou eu corri para ver o Alex enquanto Olivia corria pra a biblioteca. A garota era fissurada em livros. Sorri o vendo na última mesa, e deixando esse mesmo sorriso morrer ao ver com quem ele estava. Respirei fundo e segui em frente.

- Alex eu preciso da sua ajuda! - Interrompi o que quer que fosse que ele falava ignorando seus amigos.

- É pra esconder um corpo? - revirei os olhos com o comentário idiota.

- Você já vai saber. Eu só preciso que você diga que eu passei o dia com você. - sorri falso.

- E o que eu ganho com isso? - ele cruzou os braços com o cenho franzido.

- Quinta série. - comentei o deixando confuso. - Você ia bombar em matemática. Mas eu te dei o meu teste e você só colocou o seu nome. Tá me devendo uma!

- Como você ainda lembra disso? - me encarava com os olhos arregalados. Dei de ombros. - Pra quem eu tenho que dizer que você estava comigo?

Assim que ele parou de falar o diretor entrou no refeitório sendo seguido por uma Vitória do cabelo verde. As gargalhadas foram inevitáveis.

- Pra ele. - sussurrei enquanto sentava ao seu lado.

O diretor parecia procurar alguém e assim que ele me avistou veio em minha direção. Meus pelos se arrepiavam com a idéia de ser descoberta.

- Senhorita Ventura poderia me acompanhar até minha sala? - ele sorriu falso.

- Por que? - me fiz de desentendida.

- A não ser que você queira que seu irmão ouça a bronca que vai levar é melhor me seguir.

- Nah. - movimentei a mão em desdém. - Pode falar.

- A senhorita Sánchez disse que você foi a responsável pelo estrago no cabelo dela. - olhei pra Vitória e foi impossível me segurar. Explodi em gargalhadas ali mesmo.

- Não querido diretor. - Sorri. - Acho que a senhorita Sánchez está enganada. Eu passei toda a manhã com o meu irmão.

- Isso é verdade Henrique? - ele chamou meu irmão pelo segundo nome e eu sorri vendo o mesmo fazendo uma careta.

- Sim senhor! - ele quase bateu continência. - Ela passou todo o dia comigo.

- Isso é mentira! - Vitória se descabelava. - Ele são irmãos é lógico que ele vai defender ela.

- Você não tem provas que fui eu. - cantarolei.

- Lógico que tenho! - ela soltou um gritinho. - Eu te chamei de puta incubada na primeira aula e você simplesmente me deu as costas!

- Diretor - suspirei. - Ela acabou de declarar que me xingou! Ela não tem provas que fui eu. Eu não fiz nada!

- Ela passou todo o dia com a gente. - Maethe falou com a cabeça baixa. - Acho que a Vitória que deveria ser castigada com falsas acusações. - ela me encarou.

- Senhorita Sánchez você acaba de ser suspensa por uma semana. - ele resmungou enquanto saia do refeitório.

- Você vai me pagar por isso Júlia. - Vitória rosnou.

- Você tá parecendo o Ferb. - comentei vendo ela soltar gritinhos e ir embora.

- Peguei os melhores ângulos. - Olivia disse me entregando a câmera polaroid. - Você mandou bem. - fizemos um toque. - Da próxima deixa ela com o cabelo igual ao da Melanie Martínez.

- Ótima idéia. - gargalhei.

- Eu tenho que ir. - ela sorriu enquanto saía desfilando. Me levantei e estava indo embora quando me lembrei de uma coisa importante.

- Maethe - ela levantou o olhar me encarando. - Obrigada.

Ela sorriu. - Não foi nada! Você mandou bem. Eu não suporto aquela garota. - ela revirou os olhos e suspirou. - E me desculpe Júlia.

Dei de ombros sorrindo.

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