38. Júlia

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Na segunda feira o dia amanheceu mais nublado que o normal. Vesti a primeira roupa que vi pela frente e desci as escadas esperando o Alex no sofá.

Quando chegamos na escola o Alex beijou o topo da minha cabeça e foi falar com a Olívia. Vi o Rafael no final do corredor e corei. No sábado, quando o show acabou eu não consegui falar com ele. O André tinha piorado e eu voltei correndo pra casa.

Fui pra sala e me sentei, o Rafael sentou logo atrás de mim e ficou enrolando meu cabelo até o professor chegar.

Quando o intervalo chegou, ele se levantou e me estendeu a mão. Chegamos no refeitório de mãos dadas e sorrisos idiotas no rosto. Pegamos nossas bandeijas e nos sentamos com o pessoal.

– Eu sou diferente, menina chapa quente. – Calango cantava animadamente. – Que foi? É Perla gente.

O pessoal riu. Encarei o Guaxinim que foi o único que se manteve quieto.

– Você realmente acha que vale a pena se importar com quem é feliz sem você? – perguntei pra ele que encarava a Victória.

– Meu coração apanhou por quem mais batia. – ele riu amargamente. – Antes eu fazia questão que ela falasse comigo, agora tanto faz, ou nem faz. – deu de ombros.

– Ela não te merece cara. – Rafael sorriu.

– É, tem gente que brinca de trouxa e ainda dá replay. – Alex se meteu.

– Queria contar quantos fracassos eu tive na vida amorosa até agora, mas não sei, sou de humanas. – Guaxinim resmungou fazendo a gente rir.

– É por isso que gosto tanto de Romeu e Julieta, é a história de amor mais verdadeira que existe porque mostra que quando você se apaixona o melhor a se fazer é se matar. – Alan falou levando um soco de Maethe.

Quando as aulas acabaram eu corri pra falar com o Bernardo.

– Tudo certo? – perguntei. Ele assentiu, fiz um sinal pra o Alex e fui com o Bernardo pra garagem.

Assim que me posicionei em cima do palco vi o pessoal chegando.

– A Decode convidou vocês até aqui por um pedido especial. – falei no microfone enquanto vi os olhares arregalados dos meu amigos.

Sorri pro Rafa e pedi pra Olivia dá um passo a frente. Ela foi com a expressão mais desconfiada possível. Conhecendo minha melhor amiga como eu conheço, ela queria me matar naquele momento.

Fiz a contagem pra os meninos e assim que eles começaram ela arregalou os olhos.

Remember the day we were giving up when you told me I didn't give you enough
And all of your friends were saying I'll be leaving you
She's lying in bed with my t-shirt on, just thinking how I went about it wrong
This isn't the stain of a red wine, I'm bleeding love 🎶

Assim que começamos com o cover de "Olivia" do One Direction, ela não sabia se ria ou se chorava.

I live for you, I long for you, Olivia
I've been idolising the light in your eyes, Olivia
I live for you, I long for you, Olivia
Don't let me go, don't let me go, don't let me go 🎶

Cantei o último refrão enquanto Alex se ajoelhava em sua frente.

– Liv, eu sei que estamos com esse lance sério a um tempo, mas eu quero oficializar tudo. Com a ajuda da Decode acho que consegui dizer tudo que queria. Você aceita namorar comigo?

Olivia ria com as lágrimas caindo e se jogou em cima do meu irmão, fazendo os dois irem ao chão.

– SIM, SIM. – ela gritava.

O pessoal bateu palmas e eles se beijaram. Passado o susto, todo mundo começou a me encarar.

– Quê? – perguntei.

– Quando ia nos contar? – Maethe cruzou os braços. Sorri e passei as mãos no cabelo.

– Eu ia contar, mas precisava acertar com uma pessoa antes. – sorri – Não estão com raiva de mim, certo?

Maethe continuou com o bico por uns três minutos, e foram os piores três minutos da minha vida, juro! Não poderia perder minhas amigas agora, elas já era partes minhas.

– Claro que não! – ela me abraçou. – Sou amiga da vocalista da Decode! Chorem haters.

Eu ri. Depois disse pra ela que era um segredo nosso.

– Cellbit? – chamei. – Vamos?

– Opa, opa, opa. – Alan se meteu. – Você chamou ele de Cellbit? O que... Quando você descobriu?

– Você não contou pra eles? – perguntei pro Rafa que entrelaçada nossos dedos e plantava um beijo nas costas da minha mão.

– Achei que a gente podia contar juntos. – ele deu de ombros.

– Bom, é isso aí gente. Eu e o Rafa estamos saindo.

– Saindo? Depois de tudo que vocês passaram ainda estão nessa fase? – PK resmungou levando uma cotovelada da Sayu.

– Bom, eu diria que estamos nos conhecendo, mas já nos conhecemos o bastante. – ri.

– Calem a boca. – o Rafa riu e me puxou para sairmos.

– Bom também já estou indo. – Olivia disse. – Quando o Alex disse que queria me ver, baguncei todo meu guarda roupas atrás de algo pra vestir e tenho que organizar ele antes que minha mãe me mate.

– Porque dobrar a roupa se você pode juntar elas num bolo só jogar no armário segurar o amontoado com uma mão e fechar com a outra? – Calango perguntou fazendo a gente revirar os olhos.

– Pra que fazer as coisas com antecedência se pode deixar tudo pra última hora e chorar de desespero de medo de não conseguir a tempo? – a ruiva que paquerava calango no galpão sábado perguntou. Ela se chamava Amanda e o Calango resolveu lhe dá uma chance.

– É isso ai gata. – ele deu um selinho nela. – Você é minha alma gêmea.

Rimos.

– Eu também tenho que ir. – Gabs sorriu. – Tenho consulta no oftalmologista. É horrível crescer e ir no médico ele perguntar o que eu tenho, e eu não saber responder. – ela riu.

Assim que saímos Rafael me levou pra cafeteria onde demos nosso primeiro beijo. Quando sentamos uma garçonete veio nos atender. Depois que fizermos nosso pedido Rafael riu.

– Você assustou a outra garçonete. – ele apontou pra garota escondida no balcão. A mesma que eu briguei quando ela ofereceu o número pro Rafa. Eu ri. – Sabe Júlia eu queria fazer algo romântico como o Alex planejou pra Olivia, mas isso demoraria muito tempo e eu não aguento mais te ver todo dia e não gritar pra o mundo que você é minha. Eu não prometo buquê de flores e chocolates todos os dias, não prometo que não vou esquecer datas importantes e fazer você ficar puta comigo, não prometo que não vou brigar com você por coisas idiotas, mas prometo que nunca vou te esconder nada e que sempre vou deixar o último pedaço de pizza pra você mesmo que você já tenha comido quatro. Prometo te amar até que você diga chega, e estar lá pra você quando precisar de mim. Você conhece meu lado vulnerável, e eu estou aqui com o meu coração na mão pronto pra ouvir, e tudo o que preciso ouvir é um sim. Você quer namorar comigo?

Ele segurava minhas mãos e me encarava nos olhos. Podia sentir as mãos dele suando nas minhas.

– Não preciso de algo romântico, Rafael. Preciso de você. – sorri.

– Isso é um sim? – ele perguntou inseguro.

– Isso é um "com certeza". – beijei seu rosto.

Stalker || CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora