Stalker || Cellbit

33. Rafael

A semana passou voando e já era sexta-feira. O assunto do dia era a festa da Decode que ia ter amanhã. Peguei minha bandeja e me sentei com o pessoal na nossa mesa.

– Briguei com o Alex. – Júlia falou enquanto sentava.

– O que aconteceu amiga? – Olivia perguntou.

– Ele me chamou de baixinha. – ela resmungou. – Eu não sou baixinha!

– Isso aí! – Maethe apoiou. – Agora vai lá e dá uma cabeçada no joelho dele. – provocou fazendo todos rirem.

E então aconteceu algo que ninguém imaginava. Guaxinim e Victória se sentaram com a gente. O clima ficou tenso, então Gabs tentou puxar assunto com a esverdeada.

– Você cortou o cabelo Victória?

– Não. – encarou a namorada do Felps. – Eu pintei as pontas de invisível.

– Seja mais delicada com os meu amigos, amor. – Guaxinim cutucou enquanto ela revirava os olhos.

– Alguém me explica o que tá acontecendo aqui? – Alex que tinha acabado de chegar perguntou enquanto se sentava.

– Nós estamos namorando. – Guaxinim tinha um sorriso rasgando a cara.

– Desde quando? – Victória interrogou.

– Desde que eu quis! – ele revidou.

– Mas eu não quero namorar com você. – ela fez birra.

– Você não tem que querer nada. – ele encerrou a DR.

– Boiei. – Felps comentou.

– Ele tá me ajudando com um trabalho de física, em troca eu vou a festa de amanhã com ele. – a Sánchez falou.

– E o que isso tem haver sobre você está sentada aqui como se fosse nossa amiga de anos? – Alan alfinetou.

– Eu só briguei com as minhas amigas e o Guaxi disse que não tinha problema eu sentar com vocês.

Guaxi? Depois que ela falou isso uma das amigas dela passou e mandou uma indiretinha.

– Engraçado como certos @ podem ser podre de ricas e mesmo assim tão feias. – e saíram rindo com aquelas risadas de hienas engasgadas. Não que eu possa falar algo sobre risadas.

– Antes feia do que puta. – Vitória falou alto pra as amiguinhas escutarem.

– Então se decide. – Júlia provocou.

– Gente vocês sabiam que a cebola é o único alimento que faz a gente chorar? – Pk perguntou tentando aliviar o clima.

– Sério? – perguntei ajudando na tentativa.

– Então deixa eu jogar uma melancia na sua cabeça pra ver se você não chora. – Felps riu.

– Não sei com que roupa vou amanhã. – Vitória sempre querendo ser o centro das atenções.

– Ah, vai com esse look de vagabunda que você usa sempre. – 2x0 pra Júlia.

– Olha aqui Júlia – Vitória começaria seu discurso se não tivesse sido interrompida pelo Guaxinim.

– Sabe Vitória, eu sempre gostei muito de você. – não acredito que ele estava mesmo fazendo aquilo só pra evitar uma briga.

– E daí? – ela resmungou.

– Você sente alguma coisa por mim? – eu queria mesmo que ele não tivesse feito isso.

– Sendo sincera – começou – Sinto um pouco de pena, mas você é uma boa pessoa. – ela colocou a mão no ombro dele com pesar, jogou o cabelo e foi embora.

Ficamos encarando o Guaxinim até que ele assoviou e começou a rir negando com a cabeça.

– Sabia que isso não daria certo. – ele ria cada vez mais.

– Então porque trouxe ela aqui cara? – Pk perguntou.

– Eu não sei. Mas se quer saber de uma coisa, nunca foi tão bom descrushar alguém. – ele completou.

Um carinha que eu nunca tinha visto na vida se aproximou da mesa e começou a flertar com a Júlia.

– Iai gata tem whats? – o loirinho de nariz empinado perguntou.

– Tenho. – o amor da minha vida respondeu.

– Então fala – assim, curto e grosso.

– Eu tenho whats. – ela sorriu debochada.

– Sabia que beijar por um minuto perde 26 calorias? – ele não desistia. – Quer perder 26 calorias comigo?

– Cara se você não tiver nada pra fazer depois daqui, suicídio é uma boa. – ela riu.

– Por isso vai morrer virgem. – ele desdenhou e foi embora.

– Morta feat. Nicki Minaj. – Olivia ria.

Depois que o intervalo acabou, fui pra o estacionamento. A Sayu veio falar comigo.

– OIIIE – gritou no meu ouvido.

– Oi. – resmunguei.

– Que oi sem sal. – reclamou.

– Oi com sal. – sorri pra ruiva.

– Idiota. – riu. – Então Rafa só vim te avisar que isso não dá mais pra mim.

– Eu te entendo, vou tentar sozinho a partir de agora.

– Espero mesmo que consiga. – ela me abraçou. – Tenho que sair mais cedo porque minha mãe precisa de mim em casa, mas te vejo amanhã na festa.

– Você vai na festa?

– Sim. O Pk me chamou. – ela corou. Ouvimos uma buzina. – Tchau Rafa. – beijou minha bochecha e correu.

Sobre a festa, ainda estava pensando se ia ou não. Não ia ter nada lá pra mim. Mas os garotos querem ver a apresentação da Decode e eu também, então talvez eu fosse.

Voltei pra sala e cochilei nas três aulas restantes. Acordei com uma Júlia desenhando na minha cara.

– Eita. – ela se assustou caindo na cadeira ao lado.

– Eu não acredito que você fez isso. – olhei na tela do celular e vi minis pintos na minha cara. – Quantos anos você tem? Sete?

– Eu tenho dezesseis babe. – ela mandou beijinho.

– Eu vou matar você Ventura! – me levantei e corri atrás da peste. – Ei, não vai pra a– tarde demais. Júlia tinha escorregado no chão molhado do corredor e estava esborrachada no chão. Comecei a rir. – Você... Não... Viu... A... Placa... De... Molhado? – perguntei rindo. Ou melhor, tentei perguntar porquê eu não conseguia parar de rir. Ela estava me fuzilando com o olhar.

– Não vai me ajudar a levantar Lange? – perguntou séria.

– Eu não. Você caiu sozinha, levante sozinha agora.

– RAFAEL! – choramingou.

– Vingança babe. – dei as costas rindo.

Encontrei o pessoal na frente da escola e quando eles perguntaram da Júlia comecei a rir. Cinco minutos depois a mesma aparece com o cabelo sujo de espuma de sabão.

– Se meteu na máquina de lavar? – Vitória que ainda estava com o Guaxinim perguntou.

– Não se mete Kylie Jenner paraguaia. – Júlia revirou os olhos.

A gente já tava indo embora quando o Rodrigo apareceu.

– Júlia, Júlia! – ele vinha correndo.

– Hey. – ela sorriu pra ele. Como assim ela sorriu pra ele?

– Só queria te falar que essa noite eu sonhei com você. – ele passou o braço pelos ombros dela. Tá bom vida senta aqui, vamos conversar.

– Awnrr – ela corou. ELA COROU VIADO.

– Era desse jeito mesmo que você gemia. – tá, essa foi a gota d'água. Me irritei e fui andando na frente.

Que pouca vergonha.