O dia amanheceu chuvoso e minha vontade de levantar da cama era mínima. Cocei os olhos e joguei o lençol pra longe. Levei um choque térmico assim que pus os pés descalços no chão gelado. Tomei um banho quente e vesti uma calça jeans escura confortável, meu moletom do Doctor Who e calcei umas botinhas.
Passei pó, rímel e delineador. Arrastei minha mochila até a porta do quarto e espanquei a porta do Alex.- Derruba. - o idiota resmungou enquanto abria a porta.
Fomos caminhando como sempre até a escola mas eu parei no caminho pra comprar um copo enorme de café. Assim que entrei na escola senti uma coisa faltando: Olivia.
Ela não viria pra escola hoje. Iria visitar a prima doente. Que ótimo! Vou ficar sozinha. Sem parceira na aula de Química.
Entrei na sala sem bater e dei de cara com a professora Dóris. A velha era super ranzinza e me olhou como se pudesse me fazer derreter. Sorri sínica enquanto levava o café fumegante aos lábios e ia em direção a minha carteira.
- Mocinha eu não deixei você entrar. - ela disse me fazendo parar.
- Até porque eu não perguntei. - revirei os olhos.
- Pra sala do diretor. - ela abriu a porta. - Agora!
- Mas eu acabei de chegar. - bati o pé. Ela abriu mais a porta me fazendo bufar.
Fui em direção a sala do diretor e a secretária me deixou entrar.
- Júlia? - ele perguntou fingindo surpresa. - O que aprontou dessa vez?
- A brux- respirei fundo. - A professora Dóris me expulsou da sala.
- E o que você fez? - perguntou impaciente.
- Eu não sei. - me fiz de desentendida. - Ela que chegou cedo na sala. Daí eu entrei sem bater e ela me expulsou.
- Volte pra sala Júlia.
- Ué? Só isso? Nenhuma reclamação? - vi ele bufar e apoiar a cabeça nas mãos e não perdi tempo. Sai dali voando.
Entrei novamente na sala sem bater fazendo a professora Dóris me fuzilar com o olhar.
- O que você tá fazendo aqui?
- O diretor me mandou de volta. - dei de ombros. Ouvi ela xingar baixinho e gargalhei. Voltei pra o meu lugar e tomei o resto do café.
Assim que o sinal tocou eu fechei minha mochila e joguei o recipiente do café no lixo. Quando ia sair pude ouvir alguém me chamar.
- Júlia! - olhei pra trás e vi o Rafael me chamando. - Bom. A Olivia faltou vai sentar com a gente? - dei de ombros. - Ótimo.
Fomos andando em direção ao refeitório e pegamos nossa bandeja.
- Aliás. - ele sorriu. - Moletom legal.
Corei.
- Obrigada.
Sentamos com o pessoal e o Rafael havia ficado do meu lado.
- Ana - Alex me chamou. - Pega.
Ele tinha jogado uma uva no ar e eu a peguei com a boca.
- Boa! - ele sorriu.
Engatei uma conversa animada com Maethe e Gabs e pude reparar em alguns olhares de Rafael em mim. Me fazendo ficar vermelha. As meninas pararam de falar e ficaram encarando a entrada do refeitório. olhei pra trás e vi o centro das atenções: os garotos da banda.
Eles passaram ao nosso lado fazendo Gabs sussurrar o quanto eram gostosos e Felps revirar os olhos. Rodrigo, um dos integrantes da banda voltou e parou ao meu lado.
- Hey Júlia. - sorriu. - Me liga.
Deixou um papel em cima da mesa e foi embora. Maethe começou a gargalhar e Gabs me encarava estática.
- Hey Júlia. - Alan o imitava. - Me liga. - fez sinal de telefone com as mãos. - E eu te conto quem é a cantora misteriosa.
Alex pigarreou chamando atenção e logo depois todos caíram na gargalhada senti o desconforto de Rafael ao meu lado e tratei de puxar assunto com ele.
- Então - comecei. - Sempre achei que fosse "Lanje". - sorri.
- Todos acham isso. - revirou os olhos com um sorriso no rosto.
- Deve sofrer com várias piadinhas.
- Não mais que você. - falou me deixando confusa. Rafael deve ter reparado pois logo tratou de se explicar. - Ô Ana Júliaaaa. - cantarolou. Me fazendo rir. - Mas são bem bobos. - pegou uma das minhas batatas. - São mais do tipo: Lanje, Lanche, Longe. - ele sorriu e eu corei.
- Olha Rafael sobre ontem- Alex me interrompeu
- Ana.
- Hey. - sorri.
- Quem é Cellbit? - ele perguntou me fazendo engasgar. Rafael começou a alisar minhas costas tentando me fazer parar de tossir.
- Como assim? - perguntei quando parei de ter um ataque epiléptico.
- Ontem eu fui pegar o número da Olivia no seu celular mas você já estava dormindo. - ele coçou a nuca. Alex só fazia aquilo quando estava nervoso. - Eu fui na suas mensagens pra ver se vocês falavam de mim e vi o número de um tal Cellbit.
- É só um amigo. - sussurrei.
- Parecia um tipo de stalker. - ele revirou os olhos. - E você nem sabe quem é o garoto. - Rafael enrijeceu ao meu lado.
- Só cale a boca Alex! - resmuguei.
- A nossa Julinha tem um admirador secreto. - Felps cantarolou me fazendo revirar os olhos.
- Não sejam idiotas. - arrumei o meu cabelo. - É só um amigo.
- Esse seu olhar não convém com "só um amigo". - Alan fez aspas no ar.
- Me deixem. - corei.
- Ela vai explodir de tão vermelha. - Maethe me zoou.
- Ei - chamei a atenção de todos. - Mas respeito com a vossa majestade.
Em menos de cinco minutos a mesa explodiu em gargalhadas. Eles eram tão idiotas. Riam com tudo e de todos. Isso me fazia bem. Ficava feliz em ser aceita ali. A gargalhada de Rafael nos fazia rir por muito mais tempo do que o necessário. Ele parecia uma hiena com dor de barriga. Alan se contorcia de tanto que ria e acabou me chutando o que mesmo sentada acabou me desequilibrando. Eu era um desastre nato. Cai de bunda no chão. Me fazendo rir mais ainda. Assim que as gargalhadas cessaram o refeitório inteiro nos olhava. Pude ver os garotos da banda me encarando e até recebi uma piscadela de Rodrigo. Rafael me ajudou a levantar e ainda assim roubou todas as minhas batatas.
- Minha bunda. - choraminguei.
- Eu posso fazer uma massagem. - PK que brotou do além comentou. Fazendo Alex lhe dá uma tapa na nuca.
O sinal tocou e eu voltei conversando com Rafael até a sala. Parecia que o beijo tinha nos unidos de uma forma inexplicável. Descobri que ele também é louco por Doctor Who e jogos de computador. Tínhamos muito em comum. Ele tocou no assunto "Cellbit" e eu disse que não queria falar sobre isso mas que era alguém importante pra mim. Eu não sei o que eu disse demais, mas Rafael passou o resto do dia com um sorriso no rosto.
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Stalker || Cellbit
FanfictionJúlia passou a receber mensagens anônimas quando sua melhor amiga escreveu seu número no quadro de avisos da escola. Agora, ela tem que descobrir quem é e tentar não se apaixonar.