Stalker || Cellbit

29. Júlia

Okay, eu sou uma idiota. E estou tão confusa, deveria ser pecado alguém confundir uma pessoa tão lerda como eu. Eu estou gostando do Rafael, mas também gosto do Cellbit - mesmo não sabendo quem ele é - Sim, eu estou tão fodida.

A Segunda nunca me pareceu tão linda. O sol brilhava e posso jurar que ouvi passarinhos cantando na minha janela essa manhã. Assim que cheguei na escola não me importei com a primeira aula de matemática nem com as outras duas de química. Eu estava feliz e ninguém estragaria isso. Quase pulei de alegria quando o sinal para o intervalo tocou e Olivia me puxou para o refeitório. Pegamos nossas bandejas com comidas e nos sentamos com o pessoal. Eles eram legais e aquela confusão com a Maethe era passado, já que agora éramos praticamente melhores amigas.

– O que eu perdi? – perguntei enquanto apoiava a bandeja na mesa e me sentava.

– Só a idiotice do Felipe. – Gabs me disse revirando os olhos. Encaro Felipe com os olhos esperançosos.

– Eu só queria saber se existe helicóptero de pet shop! – Felps exclama. Olho pra ele como se ele tivesse três cabeças.

– Lógico que existe! – esbravejo – Como você acha que eles pegam as aves?

– Eu não acredito nisso. – Maethe dá um tapa na testa.

– Acho que estou ficando sedentária. –mudo de assunto e estico as mãos em cima da cabeça.

– Mas você não faz nada. – Alan resmunga.

– Eu trabalho mas que você lixão.

– Claro. – Alex completa. – Como quando nos mudamos.

– O que aconteceu quando se mudaram? – Olivia se intromete.

– Lembro que eu tive que carregar todas as caixas sozinho, e a única coisa que ela carregou foi a gata.

– Ué? Eu sou uma dama. – resmungo.

– Onde tá o Rafael? – Olivia pergunta e só aí eu reparo que o loiro não está na mesa.

– Lá vem ele. – Gabs aponta pra algo atrás de mim fazendo eu me virar pra ver e logo em seguida me arrepender de não ter ficado quieta.

Rafael estava de mãos dadas com uma ruiva mas esse não era o problema, o problema é que logo em seguida ele riu e a beijou. Senti meus olhos marejarem e me virei encarando o Alex.

– Você está bem? – ele perguntou enquanto eu assentia.

– Hey pessoal. – Rafael sentou ao lado de Maethe puxando a ruiva junto. – Essa é a Sayuri, minha namorada.

O quê? Como assim namorada? Ele estava comigo ontem!

– Não é bem assim Rafael. – ela sorriu, sua voz era fina e irritante. – Começamos a namorar hoje, é bom conhecer vocês.

Okay, a garota era legal e simpática, mas ela me irrita, a voz irrita, até o fato dela respirar irrita, dá vontade de socar só pra ela parar de respirar e roubar o ar de quem merece.

Rafael me encarou e sorriu. Apertei os lábios numa tentativa de sorriso é falhei é claro.

– Júlia? – me virei e vi os garotos da banda me chamando.

– Hey. – cumprimentei.

– Vamos dá uma festa no sábado e seria ótimo se você aparecesse. – Bernardo disse.

– Seria ótimo. – sorri.

– Bom, seus amigos também estão convidados. – ele acenou a mão em cumprimento.

– Nos adoraríamos. – Olivia completou.

– Ótimo. – Rodrigo exclamou. – Vamos indo agora, temos que fazer algumas coisas. – eles se despediram enquanto acenavam.

Quando me virei Lange estava se atracando com a ruiva. Não importa o nome dela ela é a ruiva e ponto.

– Tem certeza que está bem? – Olivia me cutucou.

– Se a cada desilusão no amor eu ganhasse um real, agora eu estaria rasgando nota de cem. – me levantei e dei minha bandeja pra tia da cantina. – Vejo vocês mais tarde. – completo quando passo pela mesa.

Quando passo pelo corredor em direção ao meu armário, sou empurrada e acabo batendo na parede ao lado.

– Mas que p... – olhei pra cara da vaca com o cabelo verde que tinha me empurrado. – Qual o seu problema?

– Qual o SEU problema? – Vitória me encarava indignada. – Sabe o quanto eu tive que pagar pra o meu cabelo ao menos clarear um pouco? – foi então que reparei que seu cabelo não estava mais num tom de verde tão chamativo, estava num tom maçã verde. Mas não que Vitória tivesse problema com isso já que o seu pai era Podre de rico e com "p" maiúsculo mesmo.

– Você ficou estilosa. – ri. – Eu te fiz um favor, se não gostar é só raspar ué.

– Você não passa de uma vadiazinha mimada Júlia.

– Você tá tentando me xingar? – a olhei com desdém. – Tente melhor que isso, já ouvi coisas piores.

– Todo mundo tem um segredo sombrio Ventura e quando eu descobrir o seu, a escola inteira vai ficar sabendo o quão podre você é. – Foi nesse exato momento em que eu decidi que a minha regra básica de "diga não a violência" não valia a pena, eu ia acabar com a raça dessa garota e ia ser agora.

Assim em que dei o meu primeiro passo senti meus braços sendo segurados e olhei pra trás vendo uma Olivia em pânico.

– Não me segura, Olivia, Não me segura! Eu vou te dá um soco que você nunca mais vai esquecer Ferb. – Olivia me soltou. – Não Olivia, segura sim, é pra dá mais emoção.

– Pode soltar Olivia, eu não tenho medo dessazinha. – Vitória resmunga.

– Se eu fosse você, eu iria embora. – minha melhor amiga recomenda.

Vitória vai embora rebolando e resmungando algo sobre pessoas sem níveis, arggh que raiva! Eu queria descontar toda a minha frustração naquele maldito rosto de Kylie Jenner falsificada.

– Cara, eu achei que estava assistindo um documentário do animal planet sobre leoas defendendo os filhotes. – Rafael brota com Alex atrás de mim.

– Vai se foder. – resmungo. – Me solta Olivia. – acabo me soltando com um movimento brusco.

Depois de toda aquele barraco, acabo pegando minha mochila e indo pra casa sem assistir as duas últimas aulas. Meus pais estão fazendo plantão e meu irmão mais novo está na escola. Esse é o lado bom de seu pai e sua mãe serem médicos e trabalharem no hospital da família.

Assim que chego em casa, corro para o meu quarto e jogo minha mochila no chão ao lado da mesinha do computador. Me jogo na cama e choro. Sim, eu choro. Eu estava mesmo me interessando no Rafael, com ele pode ter feito isso comigo depois de todos aqueles beijos e segredos compartilhados? Tá, a parte do segredos é exagero, mas meus sentimentos não!

Acabo caindo da cama com sempre faço porque, as camas são pouco confortáveis pra deprimir. O chão é mais adequado: Me lembra que estou lá no fundo.