O medo de se passar por ridículo não superou a curiosidade de Johnny. Assim, ele partiu para tentar desvendar aquele mistério e encarar seu medo. Sua vontade agora era pôr um fim naquilo de uma vez por todas; afinal, que dia tão confuso estava sendo aquele!
Johnny começou a seguir um senhor calvo, que aparentava ter um pouco mais que 50 anos, tinha cerca de 1,70 m de altura e era obeso. Ele continuou a segui-lo, apesar de saber que já estava atrasado para trabalhar na locadora.
O Sr. Geraldo tinha lhe dado permissão para chegar depois do almoço, por causa da sua entrevista de emprego. Mas aquilo era importante demais para ser deixado para depois. Por issoJohnny caminhou pela avenida central a passos largos, e logo parou na faixa de pedestre, ao lado daquele homem.
Enquanto aguardava o semáforo abrir, Johnny quis perguntar-lhe alguma coisa, mas não teve coragem. Deixou-o atravessar a rua, e logo continuou a segui-lo a certa distância. Caminhou dois quarteirões atrás dele, esperando criar coragem para abordá-lo, quando, de repente, o homem parou em outro sinal de trânsito. Bem ao lado dele, Johnny, finalmente, abriu a boca para começar um diálogo:
- Que chuva estranha está hoje, não é?! - disse Johnny tentando puxar assunto.
Mas, antes de o homem pronunciar sua primeira palavra, o celular de Johnny tocou. Era Lucas, seu único amigo do bairro. Johnny o conhecera logo que chegara de mudança, quando tinha 15 anos.
Lucas disse:
- Johnny, tudo bem? É semana do Natal e também seu aniversário. Tá animado?
Johnny, que quese falou com aquele homem, começou a conversar com Lucas, e o senhor calvo atravessou a rua e se foi. Johnny disse a Lucas que não se sentia bem, mas esperava que tudo mudasse naquela semana por causa de sua entrevista de emprego.
Ainda falando com o amigo, Johnny viu aquele homem e seus números se perderem no horizonte. Então, caminhou de volta à estação, entrou no metrô, e sentou-se. Depois que desligou o celular, Johnny não queria pensar em nada, estava esgotado demais para tentar entender qualquer coisa.
Chegando em casa, trocou de roupa e, imediatamente, caminhou os oito quarteirões até a locadora onde trabalhava. Não deu tempo nem de dizer a sua mãe como tinha saído na entrevista.
Naquela tarde, Johnny estava aéreo, não fez seu trabalho como deveria, de modo que seu patrão lhe perguntou:
- Que bichou o mordeu, Johnny?
Mas ele respondeu:
- Sr. Geraldo, nem bicho ta querendo me morder; nada acontece em minha vida.
O Sr. Geraldo o animou:
- Johnny, você é um menino inteligente. Sei que vai conseguir aquele emprego!
E, com um suspiro, o rapaz encerrou:
- Tomara! Mas não estou muito certo disso.**********************
Ao chegar em casa, Johnny se sentou à mesa para jantar sem trocar uma palavra com os dois irmãos, que assistiam à TV na sala. Sua mãe chegou e disse:
- Filho, e aí, como foi a entrevista?
Sem vontade, ele respondeu:
- Mãe, não sei, foi mais ou menos.
Ela o segurou pelo braço e disse, olhando-o os olhos:
- Tenho certeza de que você vai conseguir. Precisamos de que alguém nesta casa finalmente vença na vida.
Os dois irmãos, que ouviam a conversa da sala, disseram, indignados:
- Ah é?! Então é o Johnnyzinho que será o salvador da família? E nós? Não somos nada para a senhora?
Johnny deu um murro na mesa, e logo começou a gritar com os irmãos. Todos se levantaram, e a briga se formou. Sua mãe, chorando, tentou separar os três, e a noite terminou como quase sempre terminava: o irmão mais velho de Johnny falando alto e andando de um lado para o outro, e a irmã correndo para o quarto chorando. Johnny também foi para seu quarto, bateu a porta, e refugiou-se ali.
Enquanto isso, seu pai estava a quilômetros de distância e nem se importava em saber como estava a convivência entre eles. Só dava uma passada por lá quando a situação estrapolava os limites.
Johnny se deitou sem tomar banho, e logo dormiu. Ele não queria correr o risco de sair do quarto para ir ao banheiro e cruzar com um de seus irmãos no corredor.
Não era esse o fim ideal para aquele dia em que Johnny havia apostado tanto.******************************
Desculpe a demora. Eu estava atodala com ensaios do congreço.
Gostaria de saber se vocês estão gostando. Curte e comentem.
Obrigada.
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Johnny Esta Noite Pedirão a Sua Alma(em Revisão)
EspiritualO que aconteceria se soubesse o dia de sua morte? O que faria antes de morrer? Você se arrependeria de coisas que fez? De coisas que não fez? Pediria perdão? Perdoaria? Buscaria a Deus? Permaneceria incrédulo? Acreditaria no céu e no inferno? Essas...