Capítulo 16

1.8K 165 129
                                    


- Eu preciso de você.

Eu juro ouvir essas palavras, enquanto sinto-me sendo sugado da escuridão, junto com uma dor lancinante. A dor percorre todo meu corpo diversas vezes como correntes elétricas. E eu oscilo entre a luz e a escuridão. Mas as palavras que acabo de ouvir, fazem com que eu me agarre á luz. Faz com que eu lute pelo ar, lute pela vida. E então, eu sinto meus pulmões se enchendo de ar. Não consigo abrir os olhos, mas o fato de eu estar respirando, já é uma conquista e tanto. Eu me contento em ficar imóvel, apreciando o fato de estar vivo. Mas sem conseguir suportar por muito tempo, sinto-me sonolento, e sei que vou acabar apagando. Antes de eu cair em completa inconsciência, sinto alguém acariciando meu rosto. Sinto lábios tocando os meus. E eu nem consigo abrir os olhos para saber quem é. Por fim, adormeço.

Quando acordo novamente, me sinto bem melhor que da primeira vez. É como se eu tivesse dormido por dias. Mas eu me sinto forte, me sinto bem de verdade. Olho para meu corpo, coberto com diversas cicatrizes. Estou nu. Olho ao redor e não consigo me lembrar de onde estou. Não há nada no cômodo além da cama a qual estou deitado. Eu me levanto, e sinto uma leve tontura. Alcanço a porta, e ao abri-la, me deparo com um longo corredor. Me esgueiro por ele, torcendo para encontrar alguma roupa. Mas a maioria das portas está trancada.

- Senhor? – um homem chama, e eu me viro assustado. – Quer me acompanhar, por favor?

Eu dou de ombros e decido que segui-lo é melhor do que ficar vagueando por aí sem roupas. Eu faço diversas perguntas a ele, mas não obtenho resposta. Ele me deixa em uma espécie de suíte, onde tudo parece ser vermelho. As paredes, os móveis. Sob a cama, há uma roupa branca muito elegante que eu suponho ser para mim. Então eu tomo um longo banho, e me visto. Me olho no espelho em seguida, surpreso pelo resultado. Passo mão por meus cabelos molhados e os jogo para trás. É neste momento que o mesmo homem que me guiou até aqui, adentra o quarto, e me informa que o jantar já vai ser servido. Eu o sigo, e me deparo com um enorme salão com uma mesa farta. Meu estomago ronca, acho que estou com fome. Nem me lembro qual foi a ultima vez que comi. Quando termino de me servir, uma mulher estonteante aparece. Seus cabelos escuros caindo por sobre seus ombros, um vestido colado em seu corpo escultural. De um lado do seu rosto, ela tem uma enorme cicatriz que quase a desfigura, porém ela é bem bonita mesmo assim.

- Você está bem, querido? – ela pergunta, e se senta ao meu lado.

- É, estou ... Mas... Quem é você? – Eu pergunto, sem jeito, sentindo pontadas na minha cabeça.

Seu semblante muda, e ela parece extremamente triste.

- O médico me disse que isso poderia acontecer – ela diz, e enxuga uma lágrima que rola por seu rosto. – Você não se lembra mesmo de mim?

Balanço a cabeça negativamente.

- Eu sou sua esposa, Peeta. Sunny, sua esposa. – ela diz, e se inclina, me beijando.

Eu deixo que ela me beije, mas a dor em minha cabeça é quase insuportável. Esposa? Porque eu não consigo me lembrar dela? E porque todas as minhas memórias parecem estar incompletas?

Durante o jantar, Sunny conta do acidente que tive, de ter levado uma grande descarga elétrica enquanto consertava algo no telhado, e ter caído e batido a cabeça, perdendo minha memória. Eu assinto, conforme ela tenta me relembrar dos detalhes de nossa vida juntos, mas não consigo me lembrar de nada do que ela fala. De repente, perco a fome.

- Vamos para o nosso quarto? – Sunny sugere. Eu sinto suor brotando de minha testa, mas assinto.

- É aquele em que você tomou banho. Pode ir na frente, eu tenho só que resolver algumas coisas. Já te encontro lá – ela diz, e me beija.

Depois da esperança - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora