JOHANNA MASON
Eu achei que Klaine estava morto. Sofri pela sua morte nos jogos, mais do que eu imaginava ser possível. Qual não foi a minha surpresa, quando descobri que na verdade ele estava vivo? Foi em uma das inúmeras vezes que eu fui mentora. No começo eu ate me empenhava para tentar ajudar os adolescentes e as crianças tolas do meu distrito que eram sorteadas. Mas nunca consegui chegar muito longe. Então eu desisti. Tentava saber o mínimo possível sobre eles, para não sofrer quando os via sendo devorados por bestantes, ou espancados por algum outro tributo, até a morte. Mas antes de criar essa muralha que barrasse meus sentimentos, eu tentei seguir os passos de Haymitch, e passei alguns longos meses, afogada na bebida. E numa noite qualquer, o trem que levava a mim e aos tributos do meu distrito, direto para a capital, teve que fazer uma parada. E foi bem no distrito 2. Eu aproveitei para beber um pouco, tacar o terror em algum velho escroto, assustar algumas crianças, enfim, só me distrair. Porém, quem foi surpreendida, fui eu. Quando ao sair do bar em que bebi ligeiramente mais do que devia, fui arrastada por um homem que surgiu das sombras. Enquanto eu me debatia sobre ele, movi minha mão furtivamente afim de pegar uma pequena faca que eu sempre carregava comigo, escondida. Mas o homem, que corria comigo por entre as escuras ruas do distrito, segurou minha mão no exato momento em que eu ia puxar a faca. E só uma pessoa poderia saber que eu faria isso. Ele me colocou no chão, e puxou seu capuz, revelando seu rosto. Eu mal podia acreditar no que via. Klaine estava bem na minha frente. E eu passei anos achando que ele estava morto. Sofrendo por ele. Desgraçado. E quando ele levantou a mão e tentou tocar meu rosto, eu saquei minha faca e fiz um extenso corte em seu braço. Comecei a correr para longe dele, me sentindo uma idiota por estar chorando como uma menininha. Estava tão bêbada que não percebi quando tropecei em meus próprios pés, e cai estatelada no chão. E eu nem conseguia levantar. Não demorou muito para Klaine me alcançar. Num ultimo protesto eu vomitei em seus pés, um pouco sem querer. Ele apenas deu risada, me pegou em seu colo e beijou minha testa. E então me levou para sua casa onde me contou o que de fato aconteceu. O que não me deixou menos brava. Ele me contou, como teve que escolher. Entre fingir a sua morte nos jogos e nunca mais se aproximar de mim, ou e entre eu ser morta. É claro que eu não acreditei. Porque o presidente Snow faria isso? Eu gritei, quebrei coisas e fugi da sua casa. Achei que Klaine tinha se vendido para o poder da capital. Também achei que isso que ele fez não teria conseqüências para ninguém. Mas Snow pensava muito além de nós. Ele estava preparando armas, para usar contra os que ele considerava perigosos, ameaças. Os vencedores. E Klaine era arma dele contra mim. A loucura de Annie foi fruto dos jogos, mas foi intensificada mil vezes mais pela capital. Então, ela era a arma dele contra Finnick. A ultima arma humana de Snow, foi Peeta. E esta, quase foi letal. Quando realmente foi necessário, Snow não poupou esforços para usar Klaine. Ele havia se tornado pacificador. Forçado, segundo ele me confidenciou naquela noite em sua casa. Quando fui captada depois do massacre, era ele quem me torturava. Apontavam uma arma em minha cabeça, e diziam para ele me bater. Se ele se recusasse, eu seria morta. Então, chorando, ele me batia. E quando ele se recusou a continuar com isso e apontou sua arma para a própria cabeça, dizendo que podiam me matar, pois ele faria o mesmo consigo, eles fizeram pior. Prenderam Klaine, e o fizeram assistir a maioria das vezes que fui estuprada. E não sei o que doía mais, aquele abuso em meu corpo, ou ver a expressão de fúria misturada à dor, no rosto de Klaine. E mesmo assim, eu não contei sobre os planos do massacre bolados por Plutarch e Coin. Eu não iria contar. A única vez que titubeei, foi quando começaram a torturar Peeta na minha frente. E ver ele passar por aquilo, era insuportável. Pois ele era bom. A única pessoa boa de verdade e incorruptível que eu já conheci. Só que aí, eles que não queriam mais saber de nada, pois nos torturar, tinha virado diversão. Maldito Thread. Que sua alma esteja queimando no inferno. E depois que a guerra foi ganha, se é que pode se chamar isso de ganhar, eu nunca mais quis ver Klaine. Eu ainda sentia raiva dele, pois o achei fraco. Ele não podia lutar? Não podia ter tentado me encontrar? Mas o que realmente fez com que eu não quisesse nunca mais vê-lo, foi a vergonha de ele ter visto o que aconteceu comigo. Foi a vergonha de ele ter visto os momentos, em que mais fui humilhada na minha vida. O que ninguém sabe, é que eu fui atrás de cada um deles. Cada pacificador que ousou tocar em mim. E eu os matei. De formas pouco agradáveis.
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Depois da esperança - Peeta Mellark
FanfictionApós a terrível revolução de Panem, onde Katniss e Peeta lutaram pelos distritos, por suas próprias vidas, por suas famílias, e sofreram perdas irreparáveis, eles parecem finalmente ter encontrado um final feliz. De volta ao distrito 12, eles tentam...