Capí†ulo Quinze

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Capítulo Quinze - Contra Si Mesma.

— Então eu faço - Lucy disse se levantando

A suicida se levantou, pegou a faca do assassino com rapidez correndo para outra parte da sala. Jeff não precisou mais de meio segundo para saber que ela iria se matar com sua faca. Ela correu dele, jogando uma prateleira no chão, tentando impedir que o assassino a alcançasse, mas foi uma tentativa fútil ao notar que ele havia pulado agilmente sobre ela.
Estavam no corredor, ela não tinha nada a perder. Olhou seu reflexo no espelho, sim seria agradável ver a própria morte, estendeu o braço para o lado puxando força para o braço,  mas antes que tivesse oportunidade de se esfaquear, as mãos de Jeff a empurraram com tanta força, que seu corpo havia sido lançado contra o espelho, fazendo com que a faca caísse de suas mãos. Ao colidir contra o espelho, o trincando. O espelho balançou ameaçando cair com seus vidros quebrados, ao olhar para cima Lucy viu que iria cair uma enxurrada de estilhaços, sentiu alguns entrarem em sua pele enquanto fechava os olhos. Uma sombra a cobriu, evitando que os estilhaços a machucassem.
Ao abrir os olhos, Jeff estava curvado sobre ela como uma capa de proteção, olhando para ela cautelosamente.

— Jeff... - Sussurrou olhando para ele.

— Não deveria ter feito isso.

Ele se levantou puxando devagar as mãos dela, e ambos ficaram de pé com pedaços de vidro pelo corpo. Lucy sentiu que havia acabado de pisar em um caco, fazendo o pé sangrar.

— Vem vamos sair daqui - Jeff disse a ela, passando a mão por debaixo do braço, segurando as costas dela com força.

Desviaram dos vidros no chão enquanto ela mancava. Alguns cacos caíam do moletom manchado do assassino, mas ele não parecia notar, importava-se com a suicida ao seu lado, que a poucos segundos havia tentado se matar novamente.

— Ai... - Ela gemeu ao pisar novamente sobre outro caco.

Jeff não deixou que ela terminasse de agoniar, mesmo sentindo as costas doerem por causa dos vidros que caíram sobre eles, não poderia vê-la daquela maneira, puxou ela para si, carregando-a no colo enquanto caminhavam em direção ao banheiro. Empurrou a porta do banheiro com o pé e entrou, colocando Lucy sentada na tampa da privada. Haviam alguns cortes nos braços e pernas dela, os vidros haviam rasgado a roupa de Lucy como canivete, mas o moletom de Jeff continuava da mesma maneira de sempre.

— Se cuide. Por favor.

Antes de sair, vasculhou todo canto do banheiro, levando com ele qualquer coisa que cortasse ou fosse fatal, ele tinha medo de Lucy tentar algo contra si mesma. A água morna caía sobre seus ferimentos, fazendo uma dor aguda atingir sua pele. Apesar das dores, o tempo todo ela pensava na maneira em como Jeff havia protegido-a contra vários estilhaços que poderiam ter sido fatais, de uma coisa ela tinha certeza, de todas as pessoas do mundo, ela era a única que ele havia protegido contra a morte. Nua, andava pelo banheiro pensativa, ela não teria coragem de pedir para Jeff lhe pegar um peça de roupa, muito menos sair de toalha. Havia um armário no banheiro em que guardavam toalhas e roupas íntimas, pelo menos aquilo ela tinha. Revirou a gaveta, encontrando um vestido preto.

Que está alma caridosa habite os lares do senhor.

Cambaleou para trás quando a voz do padre soou em sua cabeça. Ela se lembrava daquele vestido, era o mesmo que havia comprado para o velório do pai. Um ódio lhe subiu a cabeça, a pouco tempo atrás ela teria chorado pela mãe não ter dado fim aquela peça de roupa, mas agora seus sentimentos eram outros.
Tocou o tecido liso, sentindo uma vontade de rasga-lo, mas ao analisar melhor notou que era a única peça naquele banheiro que poderia vestir. Suspirou e se rendeu. O vestido lhe servia muito bem, o tecido preto liso era tradicional, vinha a um palmo acima do joelho, a alça era grossa. Lembrou-se que havia usado com um casaco e meia calça, mas naquele momento só de usar o vestido causava um embrulho no estômago.

O assassino estava andando pelos estilhaços a procura de sua faca, ao acha-la, andou em direção a cozinha. O cadáver de Theresa ainda estava caído no chão, agaixou-se e pegou brutalmente o corpo, colocando-o com agressividade no armário, trancando em seguida com a chave, jogando-a no ralo da pia. Caminhou calmamente pela casa, alguns raios de sol insistiam em passar pelas fendas das cortinas, mas estava tudo gélido e escuro. Lucy estava sentada sobre a cama, abraçada aos próprios joelhos enquanto sua cabeça repousava nos joelhos. A suicida fechou os olhos por alguns segundos pensando sobre tudo, sobre Theresa, estava morta, nunca mais ouviria a voz suave de sua mãe lhe chamar, perguntar como estava indo as coisas, ou um simples bom dia. Uma lágrima desceu, rolando na bochecha de Lucy, parando no queixo.

— Lucy... - Chamou, e ela virou para encara-lo — Sou um assassino, eu tinha que mata-la de qualquer maneira, você sabia disso, não sabia?

— Sim.

Ele continuou de pé, observando a suicida limpar os olhos. Ouviu alguém bater novamente na porta, levantou-se pegando o cachecol, o enrolando no pescoço enquanto limpava o rosto.

— Droga - Jeff resmungou, enquanto olhava atentamente pelo canto da janela — É aquele detetive imbecil.

— Tudo bem, vou ver o que ele quer.

Lucy havia sido levada para interrogatório naquela manhã, disse tudo que havia dito anteriormente para o detetive para que não desconfiassem de nada. Nem tinha como desconfiarem que o assassino mais perigoso e cruel estava mantendo uma suicida viva pelo simples fato de não conseguir mata-la.
Soube pela segunda vez que a avó de Wellington havia morrido, e pela segunda vez deu desdém a situação. Ela ficou horas esperando detetive Bruce sair do escritório para leva-la para casa.

— O que ouve com seu braço - Perguntou, trancando o escritório com a chave, enquanto os policiais passeavam pelos corredores.

— Acidente doméstico, nada fora do normal - Respondeu ela, dando de ombros.

Ao chegar em casa, vasculhou todos os cantos em busca do assassino, mas ele havia aproveitado o momento livre para 'caçar'. O cheiro na cozinha do cadáver de Theresa começava a ficar insuportável quando entrava. Lucy tampou o nariz, e correu para o armário pegar um pacote de biscoitos integrais correndo para o quarto.
Pela janela do quarto ela pode ver o sol querendo se esconder, era como uma televisão e o programa era ao vivo, enquanto devorava seus biscoitos, na outra mão entre seus dedos haviam dois dardos, ela olhou devagar se concentrando na parede, os atirando. Um havia atingido a parte amarela e o outro a preta.

— Por pouco - Suspirou.

Deitou-se na cama, havia terminado de comer todos os biscoitos, o sol sumia do horizonte, o quarto ficava escuro e seus olhos se fecharam.

Suicide And The Killer |†Jeff The Killer†|Onde histórias criam vida. Descubra agora