Capí†ulo Vin†e e Oi†o

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Capítulo Vinte e Oito - Mentiras pro (talvez) bem.

Nate estava deitado em cima da mesa, de barriga para baixo enquanto seus pés balançavam no ar, sua mão direita segurava um conjunto de lápis e com a mão esquerda ele desenhava em uma folha em branco. Seu olhar estava concentrado em seus próprios traços, em poucos minutos o esboço tomou a forma de uma garota. O modo tranquilo em que o jovem detetive estava parecia até ignorar seus assistentes que estavam sentados junto a mesa, organizando os lápis de acordo com as tonalidades. A mulher de cabelos louros terminou de arrumar sua parte e virou o olhar para o detetive que estava desenhado.

— Senhor - Aguardou alguns segundos.

— Sim, Christine?

— Eu não compreendi... Por que o senhor mandou que mentissem para a garota, mesmo achando que ela seja cúmplice de Jeff The Killer?

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, enquanto se sentava curvado na mesa, com o olhar parado na parede branca de sua sala.

— A melhor maneira de pegar alguém é usando outra pessoa... E a melhor maneira de pegar essa pessoa é na própria mentira - Nate respondeu, pegando um lápis vermelho de sua mão direita, olhando para a parede e desenhando linhas imaginárias — Se a jovem Lucy está mentindo, não há nada melhor que pega-la na própria mentira com outras mentiras, mais cedo ou mais tarde ela vai acabar se revelando, e mesmo que se ela estiver sem memória uma hora ela voltar, e Lucy não vai conseguir esconder isso, vai reclamar ou vai deixar indícios que já sabe da verdade, quem iria aguentar a pressão de jogarem um mentira contra você de que a pessoa que tentou abusar de você é seu namorado?

O homem que organizava os outros lápis reprimiu um sorriso, ele nunca admitia abertamente, mas para si próprio tinha orgulho de trabalhar com o excêntrico Nate Letto.

— Logo ela vai deixar transparecer isso, e talvez a falta de sanidade faça mal a ela.

— Falta de sanidade senhor? - O homem perguntou.

— Sim Isaac, exatamente. Não tem como ela ser um garota normal com tudo que aconteceu, quando a realidade cair sobre ela, a película que separa a falta de memória e a insanidade vai se partir - Dito isso, Nate rasgou a folha em que desenhava ao meio, deixando seu esboço em duas parte e soltando uma — Deixando o estrago que Jeff The Killer fez na cabeça da garota.

A folha que Nate havia rasgado e soltado caiu no chão, revelando o desenho de um garota com um sorriso e olhar insano, enquanto uma nuvem negra estava sobre sua cabeça.

†:)†

Era estranha a maneira em como a jovem Lucy encarava seu jardim, como se fosse uma garotinha vendo o mar pela primeira vez. Franco nunca havia visto a garota daquela maneira, parecia que a mentalidade dela havia reduzido e voltasse a ser uma menininha.

— O que foi? - A voz dela soou ao seu lado, fazendo ele despertar de seus pensamentos.

— Eu? Nada... Só pensando.

— Você deve pensar bastante, olha só a maneira como este jardim está, dividido por cores - E gargalho, caminhando em direção as margaridas.

— Minha mãe gostava muito de separar as flores por cores, fiz isso em homenagem a ela.

— E o que ouve com ela? - Perguntou inocentemente enquanto pegava a joaninha pintada que estava sobre a pétala da flor.

— Morreu... - Engoliu seco.

— Me desculpe.

Ele não respondeu nada, deu as costas a Lucy, caminhando em direção a porta que dava para dentro da casa. Não aguentaria ficar alí olhando a maneira inofensiva em que ela olhava para ele achando que era parte de tudo aquilo. Mentir era horrível principalmente para ele que gostava muito de Lucy desde sempre.

— Pode ficar por aqui - Parou, mas não olhou para trás — Mas por favor, cuidado com as flores.

— Tudo bem - Sorriu acenando, mesmo sabendo que ele não estava vendo.

Ao vê-lo entrar, Lucy se sentiu mais a vontade para passear descalça pela grama lisa e verde do jardim. Haviam vários canteiros, de diferenciadas flores, com o anjo de gesso em uma das mãos, se sentou no chão com a joaninha pousada em seu dedo indicador da mão enfaixada. Ela se sentia vazia, mas feliz. Era estranha a maneira como o ela se sentia, mas se perguntava se realmente era aquilo que deveria sentir depois de tudo, pai e mãe viajando, falta de memória, o primo e o falecido namorado. Aquilo não fazia o menor sentido, mas apesar disso se sentia feliz, como se sentisse que a qualquer momento algo viria encontra-la, uma sensação misteriosamente boa, mas ao mesmo tempo engraçada, já que ela não sabia nem pelo o que estaria esperando.

— Como conseguiu meu número? - Perguntou Franco, controlando o tom de voz assustado.

Tenho fontes, informações e muitas coisas além do seu conhecimento senhor Levy, mas não vamos nos exaltar, isso será comum.

Franco estava em um pequeno escritório no segundo andar da casa. Precisamente era o escritório do pai, mas na maioria das ocasiões quem o usava era Franco.

— O que quer Pintor?

Saber como a garota está, apesar de não ter passado nem um dia ainda, precisamos de sua ajuda.

— Ela está normal...

Não minta. Ninguém que perde a memória fica normal.

Esperto. Não tinha como fugir. Teria que dizer tudo que estava acontecendo, e ele sabia que o Pintor iria ligar diariamente para perguntar pelo estado de Lucy, mas o por que dela ser tão importante era o que o intrigava.

A única coisa que posso dizer é que ela corre perigo, mas fique tranquilo quanto mais ela se afastar com a mentira, mais rápido vai ser para se aproximar da verdade. Obrigado pela cooperação.

A linha ficou muda. O Pintor já havia desligado deixando apenas aquela atmosfera assustadora e misteriosa pairar aos arredores de Franco. O misterioso homem do telefone havia lhe dado outras instruções, o que resultaria em mais mentiras.
Mentiras pro bem, mentiras para bem era o que Franco repetia em sua mente para se manter calmo. Mais mentiras pro (talvez) bem de Lucy, que agora era tida como uma figura misteriosa para ele.

— Quantos segredos você guarda, Lucy?

Suicide And The Killer |†Jeff The Killer†|Onde histórias criam vida. Descubra agora