15. Lembranças

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POV Jade Lewis
Estou com um retardado mental e um cara que se transforma em lobisomem, segundo o próprio.
Simplesmente apavorada.
— Você vai comigo, na moto — Scott fala, e eu nem penso em contrariar, mas não respondo, só balanço a cabeça positivamente — Stiles, vai para a clínica, estou logo atrás de você.
— Ok, vou ligar para o resto.
Subo na moto, logo depois de Scott e inicialmente, me recuso a abraçá-lo, mas sei que se não o fizer, vou cair e morrer atropelada.
O caminho pelo qual seguimos é muito familiar, parece que estou indo para casa.
— Estamos indo para minha casa?
— Sim, por que?
— Não íamos para a tal clínica?
— Depois de irmos na sua casa!
— O que vamos fazer lá?
— Você vai ver!
— Tudo bem...
Ao chegarmos em minha casa, Scott pede a chave para abrir a porta, e sem nenhuma reclamação, eu lhe entrego.
— O que viemos fazer aqui? Me responde! Por favor!
— Pegar uma coisinha e vamos embora.
— Que "coisinha"?
— Ah! Para de ser curiosa e me deixa buscar!
— Ok, desculpa.
Scott sobe as escadas, mas ele parecia não saber exatamente o que ele buscava. Fiquei aqui em baixo sentada no sofá, esperando, curiosíssima. Depois de dez minutos, ele desce a escada com uma adaga de cabo preto e uma lâmina do que parecia ser ouro.
— O que é isso? Quer dizer... Eu sei o que é... Mas para que?
— Para levar para a clínica.
— Por que?
— Sentiu um reconhecimento, não sentiu?
— Não... — falo duvidando da minha resposta.
— Sentiu.
— Não, não senti!
— Está na sua cara! Você... — o telefone dele toca enquanto ele tanta terminar a frase — Com licença... Oi, Stiles!
Como ele me pediu licença, fui até a cozinha pra pegar um copo de água, a sede já estava me consumindo.
Cinco minutos depois, Scott veio atrás de mim.
— Ei, Jade! Quer dizer... Isabella, precisamos ir para a clínica. Tem alguém especial lá, que você, antigamente, era louca por ele.
— Quem?
— Derek.
— Quem?
— O que te derrubou e te deu um beijo no corredor da escola.
— Como... — antes que eu pudesse terminar minha frase, ele já respondeu.
— Como eu sei disso? Fácil! Ele me contou, somos amigos, ou algo do gênero... Eu acho.
Sinto que meu rosto está queimando, ou seja, deve estar completamente vermelho, quase roxo de vergonha.
— Ainda gosta dele!? Isso é ótimo!
— Não! Claro que não! — nem hesito em responder.
— Então por que está igual a um pimentão?
— Porque... Porque... — falava enquanto tentava dar uma explicação possível, mas nada além da explicação dele.
— "Porque... Porque..." Tantos porquês e nenhum por quê. Você ainda gosta dele. Nunca vi coisa mais óbvia.
Agora eu estou com vergonha de estar com vergonha de dizer a verdade, Derek realmente mexeu comigo.
— Vamos para a clínica!? — falo quase irritada.
— Claro, srta. Hale! — ele fala com um tom debochado.
Lanço um olhar irritado para ele, como se dissesse "Se você não parar com isso, eu pego essa adaga e te mato!", mas que no fundo dizia "não precisa jogar a verdade na minha cara!"
— Vamos sr. Lawrence? — falo indo em direção à moto.
— Lawrence?
— Kylie Lawrence! Pensa que eu não sei?
— Como você sabe?
— Segredo! Só sei e pronto!
— Quem te contou?
Lanço-lhe um olhar de um modo que faz com que ele tenha certeza de que não vou contar.
— Beleza! Pode deixar que eu descubro sozinho!
— Tudo bem, boa sorte!
Ele senta na moto e eu logo em seguida. Scott acelera no máximo de velocidade que a moto dele tem, pelo menos de acordo com meus cálculos, e segue para a clínica.
Fomos tentando conversar durante o trajeto, mas o vento batendo diretamente em nossos rostos não ajudava muito. Acabamos criando intimidade o suficiente para ele começar a me chamar de Isa, mas como não existe apelido para "Scott", ficou Scott mesmo.
Ao chegarmos na porta, Scott me fez uma pergunta e um pedido:
— Como você conhece a Kylie, já que você diz não conhecer mais ninguém da alcateia?
— Ela me procurou ontem.
— Ah! Pode ficar aqui até eu te chamar? Não vou demorar, juro!
— Posso, claro!
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POV Scott McCall
Entro na clínica e sou recebido por Stiles, triste e mal-humorado.
— Chamei todo mundo. — Stiles fala desanimado, algo que é completamente estranho para ele.
— Já contou nosso objetivo?
— Não.
— Tudo bem... — eu respondo tentando manter a calma — Acho que a própria Jade pode dizer. Ei? O que está rolando? Que cara desanimada é essa? Nada comum para você!
— Recebi uma péssima notícia. Mas você vai descobrir no meio da reunião.
— Agora eu estou preocupado! Nunca te vi assim.
— Acalme-se, deixe sua preocupação para quando receber a notícia. Agora chame a Jade.
Saio de perto de Stiles tentando tirar essa preocupação da minha cabeça, e indo em direção do motivo da reunião.
— Jade! Pode vir. Entre antes de mim, por favor.
— Ok! — ela fala enquanto entra um tanto nervosa.
POV Isabella Owen
Estou bem receosa com o que vamos fazer ali dentro, o medo está quase me consumindo.
Estou muito confusa! Por que aqui? Para que a adaga? Por que Derek tem que estar aqui? Por que todo mundo tem que estar aqui?
Estou prestes a ter um ataque de pânico e fugir pela rua. 
Mas mesmo assim entro e me deparo com muitas pessoas a maioria eu não conheço ou não reconheço, exceto Stiles, Lydia e Derek.
— O que essa garota está fazendo aqui? — um garoto bonito de olhos azuis e com o cabelo quase loiro pergunta.
— Ela é o motivo da reunião. Por isso que estão todos aqui — Scott fala logo atrás de mim, algo que, estranhamente, me deixa assustada — Isa, como você provavelmente não lembra de quase ninguém aqui, vou te apresentar — ele aponta para o garoto que fez a pergunta sobre mim — Esse é o Isaac.
— Prazer, Isaac.
— Antigamente você não iria nem me cumprimentar, estou surpreso.
Estou completamente indignada com a resposta dele, esperava algo como "o prazer é todo meu" ou "como vai?". Mas se não pode ser assim, ficamos com o que temos.
— Essa é a Kira — Scott aponta para uma menina meio japa.
— Oi... — ela fala, pelo menos não foi grossa como Isaac. 
Balanço a cabeça em cumprimento para não ficar repetitivo.
— O resto você já conhece. Stiles, Lydia e Derek.
Sinto um arrepio quando ele fala no nome de Derek. O meu "antigo eu" era bem sortudo, olha esse homem! Não acho que ele realmente tenha se interessado por mim, mas vou tentar acreditar pelo menos por alguns minutos.
E então um homem mais velho que todos na sala aparece, um pouco abatido.
— Ah! E esse é o Deaton, Alan Deaton.
Aceno em resposta é nesse gesto, ele arregala os olhos e volta para dentro, de onde veio.
— O que ele tem?
— Não sei! Mas podemos começar a te lembrar do seu passado?
— Tudo bem... — falo revirando os olhos.
— Ainda não acredita que você não é Isabella, né?
— Não, Scott! Como posso acreditar sem provas?
— Só tente, ok?
— Ok... — falo sem alternativas.
Scott tira a adaga da mochila e me entrega.
— Essa adaga estava debaixo do seu colchão, antigamente, você andava com armas para cima e para baixo, parecia uma pessoa do exército, você era uma caçadora, e essa era sua adaga favorita.
— Eu andava armada, era uma caçadora e tinha uma adaga favorita?
— Sim, tente engolir cada informação que temos sobre você. Já foram três.
— Eu era seu namorado — Derek fala me deixa um tanto animada.
— Quem me dera... — falo muito baixo, mas ele parece escutar, já que soltou um sorriso no canto da boca.
Resolvi mudar de assunto para uma coisa que estava me agonizando desde que recebi a informação.
— E eu caçava o que?
— Seres sobrenaturais.
Solto uma gargalhada, mas ninguém na sala parece entender o motivo.
— Seres sobrenaturais não existem!
— Então o que acha que eu, Isaac e Derek somos? — todos mostram garras afiadas e eu paro alguns minutos para pensar. O que Scott me disse, sobre ser um lobisomem, fazia sentido, mas eu era namorada e amiga de lobisomens?
— Espera um minutinho! Vocês todos são lobisomens?
Agora é a vez dos dois, Isaac e Derek, rirem de minha cara.
— Demorou a entender hein, garota? — o arrogante do Isaac fala me irritando, aperto o cabo da adaga, que ainda está em minha mão, me dando uma vontade de lançá-la na cara dele.
Mas tudo nessa história parecia fazer sentido, algo me intrigava, mas eu sabia que eles não estavam mentindo.
— Algo me diz que posso acreditar nessas histórias absurdas, mas não tenho certeza ainda.
— Só escute! Por favor! — Scott fala essa frase pela terceira vez, o que me deixa até constrangida.
— Certo, mas vocês podem ser rápidos? Amanhã eu tenho prova de química e eu não li uma linha sequer da matéria.
— Ah! Isso também é novidade, a Jade que conhecemos não gostava de estudar, na verdade ela quase nem ia às aulas — Isaac fala me deixando mais irritada ainda, será que eu posso tacar essa adaga nele?
— Pode calar a boca? Obrigada!
— Quando conhecemos você, seu único parente era seu tio, Will, mas ele morreu — essa foi a vez de Lydia.
— Você e eu, uma noite antes de você perder a memória, estávamos estudando sobre os planos de Peter, tínhamos informações o suficiente para chegarmos no ponto A da questão. Mas deve ser exatamente esse o motivo da sua loucura repentina. — dessa vez foi Stiles que falou, me surpreendendo com essa investida.
— Se tínhamos essas "informações", onde elas estão agora?
— Eu não sei! Quem te fez isso deve ter levado nossos rabiscos, eram importantes demais e podiam revelar coisas realmente significantes.
— Scott, posso fazer uma pergunta? — ele balança a cabeça afirmativamente e eu continuo — Se eu lembrar/acreditar nesse meu "passado verdadeiro", o meu eu de agora vai desaparecer?
— Eu não sei, quem saberia te responder agora era o Deaton, mas ele surtou.
— Sabe... É porque tem muita coisa dessa Jade que eu não gostei. Caçadora? Sem família? Desleixada com os estudos? Violenta? Mal educada?
— Não é mal educada, é arrogante mesmo.
— Obrigada, Stiles! Obrigada por piorar a situação. Você é tão irritante! — na hora que eu terminei de falar, uma dor de cabeça mortal atravessou meu cérebro e em seguida, várias imagens foram passando pela minha cabeça, a um ponto de me fazer desmaiar.
POV Scott McCall
Isabella resolve desmaiar do nada, mas eu a segurei num reflexo rápido.
— Deaton! Deaton! Pelo amor de Deus, ajuda aqui! — Stiles grita desesperado, torcendo que ele não tenha ido embora.
— Isso é normal, ela está se lembrando. Ela vai demorar bastante para acordar a deixem na maca. — Deaton finalmente aparece, me deixando completamente aliviado.
— Pode explicar por que você fugiu? — perguntei indginado.
— Você contou para ele, Stiles? — Deaton perguntou para Stiles, mas me encarando.
— Não, prefiro que você conte.
— Scott, Oliver morreu.
— Oliver? Que? Está viajando? — eu tentei disfarçar a preocupação pelo meu rival, mas sem sucesso, e os burburinhos atrás de mim me deixaram ainda mais irritado.
— Venha cá, ele está bem ali. Preciso que você o veja.
Entro na sala de cirurgia e vejo o corpo jogado de qualquer jeito em uma maca de metal. Me aproximo e o toco, ele está frio como gelo.
— O coração dele está batendo! Ele não está morto, Deaton!
— Eu... — Ele é interrompido pela entrada de Kira, em prantos, no quarto. Ela se debruça sobre o corpo, falando palavras incompreensíveis.
— Ei, Kira, se acalme, ele é um lobisomem, pode ser que ele consiga voltar com facilidade — Deaton tentou a acalmar. Essa cena dela debruçada sobre o corpo do meu maior rival foi a gota d'água, ela era minha namorada! Se não fosse por esse idiota, ela ainda seria minha!
— Saia daqui Kira! Por favor! — Falo, tentando me acalmar para não destruir o lugar e para não destroçar a garganta dela — Sai! — grito ao perceber que ela ainda estava ali, e ela sai com um olhar magoado, e, em seguida, me viro para Deaton — Me deve explicações!
— Sei que vai ficar confuso e não vai entender inicialmente, mas tente manter a calma, ok?
— Anda, Deaton! Para de enrolar! Conta aí!
— Quando vi o estado de Oliver e vi que o ferimento não se curava, precisei o matar, ou quase isso. O botei em uma banheira de gelo, assim como fizemos com Isaac para fazê-lo se lembrar. Quando ele acordar, provavelmente vai se lembrar de quem fez isso com ele e com Jade, ela tem os mesmos cortes que ele, mas ele não vai se lembrar do que o meu veneno bloqueou na memória dele, já que ele se lembrou de mim, da clínica, etc, quer dizer que quem fez isso com ele não tirou muitas informações, ou seja, o caso dele não tem volta, não podemos repor suas memórias. E além disso, eu precisava de uma testemunha que ele estava morto, como percebi que no procedimento foi usado acônito, chamei meu amigo que cuida de antídotos e essas coisas, Jack.

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