16. Love for you is like a wild west movie

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Não sei por quanto tempo deixei a água gelada cair sobre minha pele. Eu queria que a água levasse, junto com o calor, todos os seus toques ainda em destaque em mim. Era como se eu ainda sentisse seus dedos em mim e eu odiava essa sensação. Odiava porque me fazia querer seus dedos realmente de volta à minha pele. Quando saí do banho, com meus dedos enrugados, Zach estava apagado sobre a cama desarrumada. Ele tinha pelo menos colocado sua cueca, senão eu teria que respirar ainda mais fundo do que respirei quando me vesti e deitei ao seu lado. Coloquei também minha roupa debaixo, só para ter mais uma barreira caso alguma das ideias estúpidas em minha mente no momento tentassem se realizar. Tentei arrumar um pouco o lençol, mas não tinha como. Apaguei as velas antes de me deitar e assim tentei deixar o quarto na total escuridão. Talvez se eu não o visse ao meu lado, a vontade iria embora. O que os olhos não vêem o coração não sente, não é isso que dizem?

Eu olhei pela janela, tentando enxergar as estrelas, esperando meu coração, ainda acelerado, se acalmar. O pequeno colar que eu sempre carregava comigo estava passeando por meus lábios, era uma mania tola. Minha mãe sempre brigava comigo quando via eu passar a corrente pela minha boca, sem perceber. Só que agora eu ficava imaginando que a corrente era sua língua, e isso me agitava muito mais do que acostumava me acalmar. Minha pele ainda estava quente e ela não estava mais se acostumando à cama; eu me sentia desconfortável. Tudo o que eu ouvia era sua respiração lenta ao meu lado, sinal de que estava dormindo profundamente. Ter feito tudo o que fizemos não deveria também me deixar com sono? Por que é que agravou ainda mais minha insônia? Eu respirei fundo, fechando os olhos, tentando me concentrar em qualquer coisa. Mas havia uma coisa no ar, provavelmente minha consciência. Sua pele me chamava pelo simples fato de estar ali, ao meu lado, sem ser tocada. Era como se eu fosse uma abelha e ele fosse uma flor cheia de pólen, o cheiro me atraía. O problema é que eu ainda não sabia se ele era uma planta carnívora ou não. Eu respirei fundo mais uma vez, mas meu corpo não respondeu mais aos meus mandamentos e foi se aproximando cada vez mais. Minha perna se encostou na dele devagar, para não despertá-lo. Eu tateei ao meu lado devagar, encontrando suas costas. Repousei minha palma ali, em sua pele também quente. Ele resmungou um pouco durante o sono, mas não acordou. De um jeito estranho, minha pele junto à pele dele acalmou meu coração e eu consegui dormir por alguns minutos.

A claridade do céu me despertou.  Eu peguei o vestido de brechó e joguei sobre meu corpo vestido apenas por um sutiã velho e uma calcinha. Quanto menos trabalho melhor. Fui até a varanda e senti falta de um cigarro. O que fumei ontem era o último em minha mochila. Eu nem gostava tanto assim de fumar, mas me distraía. Sem contar que também afastava as pessoas de mim, me fazendo menos alvo para conversas indesejadas. Mas, Deus, como era completamente delicioso vê-lo fumar. Ele tinha uma destreza, uma leveza incomparável ao segurar o cigarro com dois dedos e levá-lo à sua boca. Ontem a luz não me deixou ver todos os detalhes, mas aquela primeira vez que ele roubou o cigarro de mim no parque nacional em Illinois vinha sempre à minha mente. Eu lembrava do contorno de seus lábios, formando um círculo perfeito para acomodar o cigarro. Suas bochechas puxando o ar, formando duas fendas em seu rosto. Seu olho baixo, olhando para a brasa. Era como se ele houvesse inventado uma arte nova. E era tão desejável que a fumaça parecia ter um outro cheiro, algo só dele, algo deveria acontecer entre sua saliva e o tabaco. E só de lembrar da cena, eu começo a sentir meu coração bater mais forte no meio de minhas pernas do que no lado esquerdo do meu peito.

- Ei - sua voz me despertou de meus pensamentos num susto

Sabe quando você chega a pular quando é pego no flagra? Meu corpo tinha pulado ao ouvir sua voz justamente quando eu estava pensando em coisas que não deveria pensar sobre ele.

- O que foi? Te assustei? - ele riu

Sua voz estava sonolenta, um pouco mais grave do que o comum, um pouco mais rouca, mais vagarosa. Acho que eu acabara de arranjar mais uma coisa para fantasiar sobre ele.

Freedom's Last BulletOnde histórias criam vida. Descubra agora