19. His fist is big but my gun is bigger he'll find out when I pull the trigger

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A placa "Bem Vindo a Sweetwater" passou por mim a 80 milhas por hora. Eu tinha que ser rápida. Uma caminhonete vermelha enorme como minha Chevy ia ser notada de longe e a cidade inteira com certeza sabe de meu suposto desaparecimento. Eu não queria que ninguém me visse antes do tempo, foi por isso que não entrei na entrada principal. Eu conhecia outros caminhos como a palma da minha mão, estradas de terra. Contornei a cidade para chegar onde eu queria. Meu estômago roncava de fome, mas eu provavelmente não conseguiria manter comida alguma dentro de mim.

Tirei minha arma da bota, ela nem incomodava mais ao dirigir. Era como se o couro já estivesse com o molde certo para ela e meu tornozelo. Vasculhei meu porta luva por balas até deixá-la completamente carregada. Coloquei meus dedos entre o gatilho e vasculhei o porta-luvas pela arma de Walter, que eu havia deixado ali para alguma emergência. Seria engraçado se ele, hoje, levasse um tiro da sua própria arma. Coloquei esta na bota já carregada. no espaço que a minha havia deixado, depois de conferir se havia alguma bala no cartucho. Deixei a Chevy a mais ou menos meia milha do local marcado, escondida pelas árvores que haviam perto dali. Fui andando devagar, tentando não fazer barulho, tentando esconder meu corpo inteiro atrás de troncos. Eu não sabia a hora. Eu havia chegado atrasada ou adiantada? Será que ele já tinha ido embora?

Encostei-me em uma das árvores, tentando acalmar meus batimentos, tentando fazer meus dedos presos ao gatilho pararem de tremer. Não era hora de ser covarde, não era hora de ter medo. O barulho de motor fez meu coração saltar. Eu olhei pelo canto do olho. A caminhonete que eu conhecia bem estava agora parada do outro lado do asfalto. Observei atentamente a porta se abrir. Não era meu querido pai. O homem desceu, contornou a caminhonete tirando algo da caçamba e eu não conseguia mais ver nada porque ele havia parado na porta do passageiro, do outro lado do veículo. Minha curiosidade se aguçou com a demora e com os vidros escuros das janelas. Foi então que meu pai apareceu no meu campo de visão, mas eu não imaginaria que um dia eu o veria assim. Ele estava em uma cadeira de rodas, sendo carregado pelo homem. Eu podia ver uma arma em seu colo, o outro homem carregava uma sacola de papel, talvez fosse a tal recompensa. Quis rir ao vê-lo incapaz de andar, incapaz de se levantar com as próprias pernas. Então esse foi o resultado do meu tiro? Eu realmente tenho uma mira boa.

Eu ri um pouco comigo mesma, tentando não fazer nenhum barulho. Ouvi um cochicho, deviam estar se perguntando por que o "estranho" da ligação de ontem não tinha aparecido ainda. Gostaria de vê-lo cair da cadeira quando perceber que era eu o tempo todo. Tomei um golpe de ar para dentro do pulmão, segurei minha arma com mais firmeza e contei até três. Não sabia o que ia acontecer. Não sabia se eu estava prestes a levar um tiro e minha história acabar assim. Mas, mesmo sem a menor ideia, deixei a coragem tomar conta de mim.
- Onde estão meus cinco mil? - minha voz soou mais calma do que eu estava
Eu disse estas palavras ao sair de trás da árvore, revelando minha localização. Era só eu, ele e seu capanga. Nem os passarinhos estavam cantando. Ele não falou nada. Pude ver seus olhos arregalarem aos poucos, mas sua expressão transformou-se em diversão. Ele começou a rir. A gargalhar. A se engasgar. Eu não via nada de engraçado.
- Bom, é melhor que a recompensa não seja uma piada, porque eu com certeza não acharia nenhuma graça.
Sorri ironicamente. Ele continuava gargalhando. E se engasgando. Nem mesmo numa cadeira de rodas ele parecia estar com pleno equilíbrio. Sua cabeça tombava para o lado, suas pernas pro outro. Ele simplesmente era o bêbado mais patético da face da terra.
- E o que você vai fazer com esse dinheiro? Porque você só vai receber quando eu tiver você aqui ó - ele estendeu sua palma e colocou o indicador no meio dela - nas minhas mãos. E você não vai precisar de dinheiro nenhum quando eu estiver no controle.
- Sabe, estou curiosa. Alguém realmente acreditou que você estava me procurando porque você estava preocupado comigo? E qual história você inventou? Que alguém entrou em casa, te derrubou da escada e me capturou? Alguém sinceramente acreditou em você?
- Não só acreditaram, como vieram me consolar. Essa cadeira de rodas nunca tinha visto tanto movimento em cima dela - ele falou
Eu quis vomitar ao ouvir essas palavras. Minha fome tinha ido embora.
- Então você quer os cinco mil agora? Não sei se vai fazer diferença. Eu posso te dar agora, mas daí você teria que abaixar essa arma aí e se entregar, então o dinheiro seria inútil. E eu realmente não sou de desperdiçar grana.
- Porque gastar todo o dinheiro que sua família precisava para comprar comida com bebida e prostitutas não era desperdiçar, não é? Mas eu não quero dinheiro nenhum. Eu nunca vou querer nada que venha de você, nem se fossem 10 mil, 20 mil.
- O que você quer então? Quer um abraço do papai? - ele fez uma voz estupidamente fina - Quer um pedido de desculpa pela sua infância? Eu sempre te dei tudo, até aquele cavalo desobediente.
- Ah é, desculpa nunca ter feito nenhum desenho bonitinho para você de dia dos pais. Você quer o prêmio de pai do ano agora ou depois?
- Ok, já deu. Estou gastando meu tempo para nada. Abaixa logo essa arma e não faz o inevitável ser mais difícil do que pode ser. Anda, garota.

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