Dançando em cacos de vidro

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Ele estende a mão pra mim, minha palma da mão coça para toca-lo, mas ao invés disso eu me dirijo a pista e o espero, sabendo que não tenho como fugir disso.

Com um sorriso convencido ele anda pra longe de mim... Anda até o DJ e fala algo... O observo voltar até mim.

Meu estômago revira com a possibilidade do que ele tenha falado... Ele para na minha frente, coloca uma mão na minha cintura e eu arfo, por mais que não queira admitir eu quero seu toque...

Espero a música começar enquanto olho para longe, não querendo olhar em seus olhos azuis perturbadores. Uma suave melodia começa a tocar e o meu coração se contorce, At Last...

O olho e seus olhos não demonstram mais a arrogância de antes, mas sim um tom suave e calmo de azul. Ele começa a me conduzir, mas estranhamente só nos estamos dançando, as outras pessoas nos observam...

-Por que fez isso?

-Isso o que? -ele pergunta contendo um sorriso.

-A música.

-Achei que tinha dito que queria dançar -ele diz fingindo ingenuidade.

-Não, eu disse que dançaria. Não que queria.

Ele me gira, e me puxa de volta, posso ver os olhos nos observando atentamente. Até que não podendo mais me conter o olho nos olhos.

-Este vestido lhe cai bem. Ficaria melhor com o colar que eu te dei, porque não o está usando?

E justo quando eu tinha esquecido disso, ele força em me lembrar...

-Está na minha bolsa para te devolver -digo em um tom seco.

-Não o quero de volta, já disse -vejo sua mandíbula se contrair e seus passos perdem um pouco de sua leveza.

-Mas eu não o quero -minto.

Eu iria o querer se as circunstâncias fossem outras, se ele tivesse me dado eles porque seria uma espécie de presente carinhoso e não uma forma de me convencer.

-Nem eu -ele diz e sua expressão me mostra que ele só está se contendo porque temos uma audiência.

A música dá suas notas finais e ele me dá um último giro. Mas dessa vez me puxa para perto, perto demais...

Nossos narizes estão colados, e sinto sua respiração cortada. Todos aplaudem. Ian acena para todos com a cabeça e pega na minha mão, me levando por um corredor e depois um grande salão com uma sacada. Ele solta a minha mão quando estamos na sacada.

-Eu tenho um cliente, não posso deixá-lo assim -digo pensando que Samuel vai achar que eu sumi.

-Nem me fale desta merda agora -ele diz irritado e me surpreendo, eu sabia que ele estava irritado, mas não tanto.

-Você... Você e tão... Tão... -ele diz irritado mas não consegue terminar a frase de primeira.

-Irritante -ele completa.

Me encolho, nunca me chamaram disso... Bom ele também não é pessoa mais agradável, minto pra mim mesma.

-Por que veio com ele aqui? -ele me olha.

-Porque esse é o meu trabalho -digo como se fosse óbvio -O que? Você achou que eu sairia com você e não fosse mais trabalhar? Eu preciso desse dinheiro!

-Mas justo com o Samuel, ele é meu amigo! -ele parece mais irritado do que antes...

-Eu não tinha como saber -digo tão baixo que não sei se ele ouviu.

A Acompanhante -COMPLETO Onde histórias criam vida. Descubra agora