IX

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Depois de quarenta e oito horas “desaparecido”, Alex reaparece por volta das duas horas da tarde em pé na porta de meu quarto.

— Fiquei sabendo que seus pais vieram ontem, o que…

— Como é o melhor da vida? — o interrompo.

— Oi?

— Você disse que eu não havia vivido o melhor da vida. Me diz, como é o melhor?

Apesar de ainda parecer surpreso, Alex abri um sorriso.

— Estou indo dar uma caminhada agora, vem comigo e eu te explico.

Não penso duas vezes e o sigo.

                            🍎🍎🍎

A caminhada dele não era nada mais que ir para atrás da biblioteca fumar. Ele solta a fumaça pelo nariz e pela boca. Como pode existir pessoas que gostam de encher os próprios pulmões com isso?

— Se você ficasse preso em um incêndio, gostaria?

Alex para com o cigarro no meio do caminho e franze a testa.

— Que tipo de pergunta é essa?

— Você fumando é a mesma coisa que estar em um incêndio.

— Você já esteve em um incêndio?

— Não.

Ele me encara por alguns, então volta a bota o cigarro na boca. Quando solta a fumaça pelo nariz, pergunta:

— Por que?

— Bem, fica presa no fogo não é o tipo de coisa que quero colocar na minha lista de afazeres.

— Não, porque quer saber sobre a vida?

Muito bem, chegou o momento. Ergo a cabeça para olhar nos olhos de Alex, mas mudo de ideia quando encaro seus olhos curiosos e acabo olhando para uma pedra enquanto falo.

— E se, meu lugar não fosse no convento? E se, eu quisesse fazer faculdade? Como poderia saber se sou boa em algo se desde de criança me deram futuro. — paro por um segundo refletindo sobre minhas próprias palavras — Minha mãe me contou que ela era pra ter sido freira, mas não se tornou porque se apaixonou por meu pai. Então fico pensando, como eles saberiam que uma criança não fosse amar? Eu poderia ter me apaixonado, e mesmo assim eles me colocaram aqui. Minha mãe fez a escolha a dela e infelizmente eu não pude fazer a minha.

— Você gosta daqui? — ele jogar o resto do cigarro no chão e pisa em cima, o fogo demorar um pouco apagar. Sei disso porque continuo olhando para o chão.

— Gosto, mas… — eu nunca disse isso a ninguém, nem mesmo para o padre em minhas confissões.

— Mas?

— De algum modo, me sinto vazia. Como se tivesse faltando algo, talvez seja essa parte da vida que você comentou.

Alex ficar em silêncio.

— Talvez eu não seja a melhor pessoa a lhe explicar isso.

— Eu só tenho você, e foi graças a você que brotou essa semente da curiosidade em mim.

— Fico feliz com isso. — Alex vem até mim e ficar em minha frente onde estou encostada na parede, apoia uma das mãos ao lado de minha cabeça. E quando fala, se aproxima de mim — Eu já lhe mostrei uma.

— O quê?

— Sexo.

— Isso é uma coisa boa? — pergunto desconfiada. A dor que senti quando ele… enfim, a dor não foi boa, mas, ele havia feito aquilo com os dedos em mim, e se bem lembro, eu gostei daquilo.

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