Convento

XVII

— Não tem nenhum livro interessante aqui.

— Depende. — respondo sem erguer a cabeça.

— De quê?

— De que tipo de livro você acha interessante.

Depois de alguns segundos em silêncio, Alex diz com malícia:

— Aqueles que envolvem sexo, gemidos e orgia.

Rio e fecho o livro que estava tentando ler e olho para Alex se equilibrando em cima de uma cadeira nada confiável e arrumando os livros da última prateleira. Eu falei que ele está apenas de cueca enquanto fazia isso? É uma imagem bonita, ele de costas para mim com aquela bunda virada em minha direção e esticando aquele braço tomado por tatuagem. Esse momento merecia uma foto.

Depois de nossas atividades noturnas, Alex levantou do chão e disse que iria organizar as prateleiras de cima, porque por algum motivo isso o estava incomodando. Ele falou isso a meia hora atrás e ainda continuava concentrando no que estava fazendo. Tentei me deixar ocupada enquanto isso, mas foi impossível, pois o homem em cima da cadeira de aspecto duvidoso, não parava de falar. Perguntando o que significa certos título e caçoando de outros.

Levanto de onde estou sentada no chão e começo a recolher os lençóis que sempre trago para colocar sobre o tapete empoeirado da biblioteca.

— O que você está fazendo?

— Dobrando os lençóis? — digo o óbvio.

— Você só faz isso quando terminamos de transar.

— E como já transamos, estou dobrando.

— Eva ainda são duas horas da manhã! Nunca terminamos nesse horário!

Dou um sorriso achando graça de sua revolta.

— Pra tudo tem uma primeira vez. — provoco, porque mesmo não querendo admitir eu estava louca para ver ele larga esses livros e me dá atenção.

— Mas não para mim, estando aqui em cima me fez ter umas idéias. Que tal você encosta essa sua bunda linda em uma dessas parteiras e abre essas pernas macias enquanto eu …

Ele é interrompido quando a porta da biblioteca é aberta.

Ai.Meu.Deus!

Fico sem reação e a única coisa que faço é encarar a pessoa parada à porta. Fomos descobertos! Droga, droga, droga, droga! Eu não estava preparada para isso, eu achei que estávamos sendo cuidadosos depois do que houve com Meredite, achei que nunca seríamos descobertos, achei que ninguém ficava acordado a essa hora da madrugada, achei …

— Eva?

Pisco os olhos e continuo encarando o senhor Bernardo, o jardineiro do convento.

— Você está bem?

E claro que não estou bem!

— Você parece que está passando mal, quer ajuda? — ele dá um passo adiante.

— Não! — digo desesperada me dando conta, um pouco que tarde, que senhor Bernardo ainda  não viu Alex em cima da cadeira, semi nu. Quase respiro aliviada, quase. Porque se ele olhar para direita irá ver o homem de cueca preta.

Me recomponho e respondo.

— Não será necessário. — dou um sorriso forçado — Eu já estou de saída, eu estava… hm… lendo!

— E cadê o livro? — o senhor de estatura baixa perguntou confuso.

— Eu estava … recitando uns versículo bíblicos.