XV

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Quando eu realmente precisava falar com Meredite ela não aparecia, será se ela já foi embora? Quase respiro aliviada. No entanto a vejo no outro lado do pátio, e pelo visto ela também  estava a minha procura, pois quando me vê, praticamente vem correndo até mim. Me pegar pelo braço e sai me puxando para um lado mais reservado. Olho suas roupas, ela não estava mais com roupa de freira, usava uma calça jeans azul, uma blusa branca e All Star branco, resumindo, ela estava bonita. Agora entendo o que Alex quis dizer semana passada quando me viu de vestido.

Meredite me soltar e ficar em minha frente.

— Mere...

— Não sei se fico puta ou com inveja de você — me interrompe. Espera, Oi? — Como vocês tem coragem de fazer isso em um convento? Vocês podem sair e trepar loucamente lá fora, fora do convento, existo motel pra isso. Porra, Eva! Você está desrespeitando um solo sagrado, você já pensou nisso? — abro a boca pra responder mas ela continua — E com inveja porque está trepando loucamente com Alexandre. Só Deus sabe, desculpe Deus, como eu queria trepar com aquele homem. Não faça essa cara, você sabe que ele é gostoso, a sortuda na história aqui é você — ela olha ao redor — Ver vocês ontem me fez dar glória por sair daqui. Eu preciso desesperadamente sair daqui e trepa.

— Falou alguma coisa a Madre?

— Quem escuta essa voz angelical, nem imaginar que tinha um homem entre suas pernas te chupando loucamente ontem a noite — coro. Parece que Meredite estava falando todos os palavreados que ela não podia dizer enquanto era freira — E não, eu não contei nada a Madre — respiro aliviada. — Mas deveria.

— Obrigada.

— Eu sabia que você estava aprontando algo, mas aquilo? É bem mais do que eu imaginei, como tudo isso aconteceu?

— Como vou saber que você não vai contar nada a Madre?

— Eu estou dando o fora daqui depois dessa conversa, não tenho tempo pra fofoca com a Madre. — acredito em suas palavras.

— Seis semanas.

— Ele tirou sua virgindade? — assenti.— Vocês estão namorando?

— Não.

— Não? E porque diabos, não?

— Ele não gosta de mim.

— E você?

— Como vou saber que gosto dele? — não sabia nada sobre o amor.

— Você ficar ansiosa para ver ele? Senti saudades quando tá longe? Conta os minutos pra falar com ele, fica olhando pequenos gestos, quando ele diz uma coisa te faz ter vontade suspira? — talvez eu esteja sentindo tudo isso, pensei que fosse morrer de tédio quando viajei com Madre. Mas ele não gostava de mim, eu era um passatempo, como ele mesmo disse, ele não fazia parte do meu futuro.

— Não. — minto.

— Menos mal, quando ele for embora você não vai sofrer.

— Embora? — sinto um aperto no coração.

— Sim, ele não vai ficar aqui pra sempre. — Meredite olhar as horas no relógio em seu pulso, em seguida me abraçar me pegando completamente de surpresa e quase me deixando sem ar. — Tchau Eva, venho visita você, ou você vem me visita tanto faz.

— Obrigada Meredite, vou sentir saudades. — ela sorrir e vai correndo para a saída do convento. Um embrulho se forma em minha garganta quando a vejo partir. Estava com vontade de chorar, Meredite era única que eu poderia considerá minha amiga, todas as irmãs eram mais velhas, e quando Alex for embora eu ficarei sozinha. Uma lágrima desce em meu rosto, a enxugo rápido, mas a vontade de chorar não passar. Começo ir em direção ao único local que poderia fazer isso em paz. Meu quarto.

                           🍎🍎🍎

Madre veio atrás de mim, mas não abre a porta, fiz de conta que não havia ninguém dentro do quarto. Depois de Madre, veio irmã Lucinda, ela deve ter sentido minha falta na hora de cortar os cabelos das irmãs. Quando Alex bateu em minha porta eu já havia parado de chorar, mas continuava sem vontade de falar com ninguém. Ele vai embora depois de um tempo, bem, foi o que pensei. Ele conseguir abre minha porta, tinha esquecido que ele tinha esse dom.

— Você está chorando? — viro meu rosto pro lado da parede sem precisar olhar pra ele.

— Ela falou? — nego de costas para ele. — Por que está chorando? — não respondo. — Machuquei você ontem? — nego novamente. Sinto a cama afundar com o seu peso quando ele senta ao meu lado. — Eva? — ele segura meu ombro e me faz virar.

— Eu estou sozinha. — digo já com lágrimas nos olhos. Alex me olhar sem entender. — Meredite foi embora.

— Tá chorando por isso?

— Não é só isso. — me sento — Ela era única pessoa que eu considerava amiga, o resto das freiras já são tudo da terceira idade. Elas me tratam como se eu fosse uma criança, eu não tenho ninguém aqui. — soluço.

— Você tem a mim.

— Você não conta, a gente só transar, e até você vai embora. E eu vou? Vou ficar aqui, sozinha. — coloco as duas mãos no rosto com vergonha. Alex me abraçar e eu passo os braços por sua cintura e choro. Ele passar a mão em meus cabelos tentando de algum modo me deixar calma, depois de um tempo paro de chorar e me afasto.

— Desculpa. — peço quando vejo sua camisa social molhada por minhas lágrimas.

— Não, tudo bem. — me deito de novamente  — Melhor?

— Não. — olho pra porta do banheiro.

— Meia-noite venho buscar você. — olho pra ele.

— Eu sei ir sozinha pra biblioteca.

— Vamos sair, hoje.

— Você vai só, não vou sair de dentro do convento.

— Eu não te entendo Eva, chorar porque estar se sentindo sozinha, mas quando quero deixar você pra cima, não aceita.

— Eu não tenho roupa pra sair. — fungo.

— Usar aquele vestido.

— Aonde vamos?

— É supresa. — beijar minha testa e sai do quarto. Encaro a porta por vários segundos. Desejando que ele voltasse logo.

Meredite tinha razão, talvez eu esteja gostando de Alex.

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